O uso do serviço público municipal de saúde na cidade de São Paulo atingiu o maior índice desde 2008, segundo pesquisa da Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência publicada nesta quarta-feira (24). É o maior nível da série histórica, ou seja, desde que a pesquisa começou a ser feita.
Em 2008, 64% dos entrevistados ou alguém de sua família haviam utilizado algum serviço público de saúde nos últimos 12 meses. Em 2017, esse índice subiu para 84%. Destes, a maior parte tem entre 25 e 34 anos, estudou até o Ensino Médio, é da Zona Norte e tem renda familiar de até cinco salários mínimos.
A pesquisa foi realizada entre os dias 8 e 27 de dezembro com 800 moradores da cidade de São Paulo com 16 anos ou mais. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Depois da Zona Norte (89%), as regiões que tiveram maior utilização do serviço público de saúde são a Leste (87%), Centro (81%), Sul (80%) e Oeste (76%).
Em dois anos, de 2015 a 2017, os serviços que mais cresceram são a distribuição gratuita de medicamentos, serviços odontológicos e consultas com especialistas.
Quando perguntados sobre quem tinha plano de saúde em dezembro de 2017, 33% responderam que sim, contra 26% em 2015. Dos 33%, a maior parte tem entre 35 e 44 anos, possui Ensino Superior, e é das regiões Centro e Oeste.
Para Américo Sampaio, gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo, os dados entre saúde pública e privada não são conflitantes. Segundo ele, 60% dos planos de saúde são empresariais, então há “uma relação direta entre emprego e plano de saúde privado”.
“A ampliação do desemprego, no geral, levou a uma maior demanda do serviço público ao longo do ano de 2017. No entanto, em dezembro de 2017, você tem algum nível de recuperação de postos com carteira assinada, o que vai impactar em uma pequena ampliação de quem tem plano de saúde”, analisa Américo.
O que também aumentou foi a espera entre a marcação e a realização dos serviços de saúde, tanto públicos quanto privados. Em 2017, a espera para consultas na rede pública chegava a 160 dias, e, na rede privada, 70 dias. Em procedimentos mais complexos, como cirurgias, o tempo de espera chegou a 359 dias na rede pública.
Perfil do entrevistado
Entre os entrevistados, 46% são homens e 54% mulheres. Em relação à escolaridade, 33% fizeram até o Ensino Fundamental, 38% concluiu o Ensino Médio e 29% tem Ensino Superior.
A renda vai até dois salários mínimos para 32% dos entrevistados, de dois a cinco salários para 25%, mais de cinco para 24%, e 19% não responderam. Do total, 52% se declara branco, 45% pardo ou preto, e 3% outras.
Satisfação com a cidade
O número de paulistanos que gostariam de deixar a capital paulista diminuiu de 2015 para 2017, segundo o estudo. Em 2015, 68% declararam que sairiam de São Paulo se pudessem. Ano passado, esse índice caiu para 61%.
Entre os que sairiam da cidade, a maior parte são homens de 25 a 34 anos, brancos, das regiões Oeste e Centro, com renda familiar acima de dois salários mínimos.
O grau de satisfação em relação à qualidade de vida também melhorou. Em uma escala de 1 a 10, na qual “1” significa totalmente insatisfeito e “10” totalmente satisfeito, 42% deram notas de 1 a 5 em 2017, contra 54% em 2016. Já 45% deram notas de 6 a 8, contra 36% em 2016.