Os óculos de realidade virtual vêm sendo usados com sucesso como aliados na fisioterapia de pacientes dentro da UTI do Hospital Santa Cruz, em Curitiba-PR. O fisioterapeuta Darlan Nitz é um dos idealizadores da ideia, que é pioneira no país e explica como o uso dessa ferramenta pode tornar a fisioterapia mais atrativa. “Conseguimos personalizar as sessões, de forma a levar o paciente a simular um passeio de bicicleta na praia ou a se sentir numa ópera, tudo isso enquanto faz a atividade fisioterápica”, explica.
A prática vem sendo aplicada há cerca de três meses e tem como objetivo a diminuição de dor nos pacientes, a mobilização precoce e, consequentemente, a alta mais rápida da UTI. “Com a utilização dos óculos de realidade virtual o paciente se sente mais estimulado e mais seguro para fazer os movimentos”, explica Nitz. As sessões sempre são aplicadas pela equipe de fisioterapia, e acompanhadas pelo médico intensivista.
Benefícios
Os óculos são conectados a aplicativos que reproduzem lugares e situações do cotidiano, como teatro e partidas de futebol. “É uma atividade que, além de trazer benefícios físicos, ainda leva em consideração as preferências e gostos pessoais dos pacientes, o que faz toda a diferença para que possamos oferecer um atendimento humanizado”, explica o fisioterapeuta. A ferramenta permite uma visão de 360 graus do cenário escolhido, podendo ser utilizada pelo paciente em pé, caminhando ou sentado. “O paciente pode se movimentar de forma mais ativa, mesmo estando em uma maca, por exemplo, ou com alguma limitação de acesso”, explica.
No Hospital Santa Cruz os principais perfis de internação na UTI são de pacientes idosos, pacientes em pós-operatório de cirurgias eletivas e emergenciais, ou em recuperação por doenças neurológicas ou AVC (acidente vascular cerebral). Em pacientes da terceira idade ou em período prolongado de internamento é comum a incidência do delirium – também conhecido como estado confusional agudo – quando o indivíduo tem distúrbios de consciência. Segundo a médica intensivista do Hospital Santa Cruz, Dra. Juliana Fabri, o uso da realidade virtual nestes casos também é indicado. “Eles ficam em um ambiente bastante restrito, sem muita noção de tempo, se é de dia, se é de noite”, explica. “Os óculos de realidade virtual acabam os remetendo a coisas que eles gostam de fazer em suas vidas cotidianas, ajudando a mantê-los com o nível de consciência adequado e lembrando-os do mundo fora da UTI”, afirma.