Dossiê Sustentabilidade – Sustentabilidade que corre nas veias

Em 2014, o Instituto de Oncologia Santa Paula (Iosp), localizado em São Paulo, recebeu a certificação Alta Qualidade Ambiental (AQUA) no eixo “Operação do Edifício Sustentável”. Esse selo trouxe à Instituição o título de primeiro hospital do Brasil a obter tal certificação.

A trajetória do Santa Paula em busca da sustentabilidade não parou por aí. Em 2015, a Instituição iniciou o processo de certificação para o edifício do Hospital, que foi certificado na fase “Operação” no ano seguinte.

Em 2017, depois de um ano de ajustes em processos e investimentos em tecnologias sustentáveis, o Complexo Hospitalar Santa Paula recebeu o selo por sua operação e usos sustentáveis. Com essa conquista, o Santa Paula se tornou pioneiro ao ter todos os seus edifícios certificados.

“A marca AQUA para o Hospital Santa Paula é muito importante, pois além de mostrar para o mercado a nossa preocupação com as boas práticas sustentáveis, valida o cuidado que sempre tivemos com o meio ambiente”, revela Walmor Brambilla, gerente de Engenharia do Hospital Santa Paula.

A certificação é uma ferramenta para a identificação e o monitoramento dos processos que estão diretamente ligados à operação. Segundo Brambilla, entre as melhorias trazidas pelo selo destaca-se a gestão estruturada dos processos. “Esse foi o maior benefício, além dos ganhos econômicos e sociais”.

Em questões de sustentabilidade, o engenheiro revela que, para os anos de 2018 e 2019, o Santa Paula está focando a sua atuação em resíduos. Esse trabalho vem sido desenvolvido através da aplicação de programas de redução e também da incorporação de tecnologias que minimizam o risco na operação e na descaracterização da fonte de geração. “Estamos com alguns projetos interessantes como o do Hospitais Saudáveis, com o desafio 2020, e vamos ingressar no projeto de redução de resíduos”, revela.

Ainda, durante os próximos anos, Brambilla conta que o Santa Paula irá expandir as suas unidades de internação, praticamente dobrando a sua capacidade. Além disso, a Instituição irá incorporar tecnologias médicas para o tratamento de pacientes oncológicos com mais um equipamento de radioterapia, abrindo a possibilidade do Hospital realizar procedimentos de radiocirurgia.

Transformações

Por mais que a trajetória para a conquista de selos sobre edifícios sustentáveis possa parecer um tanto quanto complexa, no Santa Paula esse cenário foi diferente. Antes de entrar na jornada para a certificação, o Hospital já tinha alguns processos voltados para as boas práticas de sustentabilidade, o que facilitou todo o percurso.

“Posso afirmar que as mudanças para a conquista da certificação não foram tão grandes. O edifício de Oncologia, por exemplo, já nasceu com o conceito de sustentabilidade, com água de reuso, iluminação em LED, equipamentos de alta eficiência, entre outros recursos, e isso foi metade do caminho andado”, explica Brambilla. Segundo o engenheiro, o processo mais difícil foi o de conscientização, tanto dos pacientes quanto colaboradores, a respeito da utilização adequada dos recursos.

O maior desafio aconteceu durante o processo de certificação do Hospital, pois se tratava de um edifício com 50 anos. Para tanto, foram realizados investimentos para a substituição de equipamentos por dispositivos economizadores de recursos naturais e outros projetos de infraestrutura. “Mas, como nosso presidente, George Schahin, sempre fala: a sustentabilidade corre nas veias de cada colaborador do Hospital, garantindo assim o sucesso do projeto”.

Atualmente, para manter os selos, a Instituição está focada no controle de todos os benefícios adquiridos e propostos pela certificação AQUA-HQE. “Temos o processo alinhado, tudo flui como tem que ser. Como falamos, nos preocupamos com sustentabilidade não apenas para a auditoria, mas no nosso dia a dia”, finaliza.

Adequação

Para alcançar estes selos, o Hospital Santa Paula precisou se enquadrar em 14 categorias exigidas pela AQUA-HQE, que contemplam questões como eco construção e eco gestão. Walmor Brambilla, gerente de Engenharia do Hospital, explica como a Instituição tem trabalhado cada uma das exigências.

  1. Relação do edifício com seu entorno: “Um grande desafio sempre foi conviver com a comunidade e nossos vizinhos. Para isso, projetos de proteção acústica foram elaborados e aplicados para minimizar o impacto da operação do Hospital na vizinhança. Todos os anos o Hospital promove eventos sociais para beneficiar a comunidade, trazendo a expertise dos profissionais do Hospital Santa Paula em prol da saúde da comunidade.”
  2. Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos: “Minimizar o impacto ambiental por meio da escolha dos produtos que o Hospital adquire já é uma prática saudável que tende a se manter durante toda a sua operação.”
  3. Canteiro de obras com baixo impacto ambiental: “Da mesma forma como o item anterior, o descarte e a segregação dos resíduos de obras e intervenções são catalogados e acompanhados até a sua destinação final.”
  4. Gestão da energia: “Os projetos de eficiência energética implantados surtiram resultados excelentes, e isso nos motiva a investir cada vez mais em instalações mais eficientes.”
  5. Gestão da água: “A manutenção contínua dos sistemas de distribuição e a conscientização dos usuários dos edifícios para a sua utilização.”
  6. Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício: “Os indicadores do PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde) são acompanhados como indicadores estratégicos da instituição, validando o grau de importância frente aos processos de sustentabilidade.”
  7. Manutenção – permanência do desempenho ambiental: “Com uma equipe alinhada aos processos de sustentabilidade, a manutenção do desempenho dos sistemas se faz necessária para garantir um resultado satisfatório.”
  8. Conforto higrotérmico: “Partido arquitetônico para melhorar o conforto higrotérmico nos ambientes, os espaços de ocupação permanente possuem conforto térmico assegurado pelos sistemas instalados, não havendo a necessidade de tratamento específico para as condições de inverno.”
  9. Conforto acústico: “Os espaços mais sensíveis aos ruídos estão afastados das fontes emissoras de ruídos e há sistemas de tratamento acústico instalados para garantir eficiência nesse processo.”
  10. Conforto visual: “Áreas administrativas e assistenciais com acesso à iluminação natural e dispositivos que evitam o ofuscamento.”
  11. Conforto olfativo: “O edifício é equipado com equipamentos de exaustão e ventilação, que garantem as trocas de ar em frequências adequadas.”
  12. Qualidade sanitária dos ambientes: “As zonas com condições específicas de higiene são os sanitários e área de resíduos. Todos possuem revestimento cerâmico e ponto de água de forma a garantir a eficiência das rotinas de limpeza.”
  13. Qualidade sanitária do ar: “Ventilação dos espaços assegurada pelos sistemas de exaustão, ventilação e condicionamento de ar instalados, as rotinas de manutenção contidas no PMOC (Plano de Manutenção, Operação e Controle) para o sistema de climatização e as análises do ar favorecem a qualidade do ar interior.”
  14. Qualidade sanitária da água: “As redes do sistema hidráulico são protegidas e possuem cores diferenciadas para organização, garantia da qualidade das águas de abastecimento, análises periódicas dos pontos de consumo.”

 

Confira o dossiê completo na 27ª edição digital da revista HealthARQ.

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https://grupomidia.com/healthcaremanagement/healtharq/dossie-sustentabilidade-sustentabilidade-levada-a-serio/

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