Indústrias defendem novo modelo de gestão dos planos de saúde pautado em resultados

Criar um novo modelo de gestão em saúde privada, de gerenciamento, atendimento e prestação de serviços, que tornem os planos de saúde, de fato, uma alternativa significante para a saúde da população é uma das propostas das indústrias, das empresas, aos candidatos à Presidência da República.

Atualmente, o sistema de saúde privado no país incentiva o volume, ou seja, é remunerado pela quantidade de procedimentos e exames – o que não necessariamente promove a qualidade da saúde como prioridade no tratamento de quem usa os planos de saúde.

Além disso, é caro para quem paga pelos serviços. Os custos com planos de saúde coletivos, aqueles oferecidos pelas empresas aos funcionários, podem corresponder até 15 por cento do valor gasto com as folhas de pagamento dos empregados.

O gerente Executivo de Saúde e Segurança da Indústria, do Serviço Social da Indústria, do SESI, Emmanuel Lacerda, explica que o plano de saúde oferecido pelas empresas é um benefício e não poderia ser um fator negativo nas contas do setor produtivo.

“Os planos de saúde entraram como políticas de recursos humanos nas empresas, de atração de talentos. E, de fato, todas as pesquisas de RH apontam que esse é o benefício mais valorizado pelos trabalhadores. Quando esses custos passam a ser relevantes, do ponto de vista de peso, nas folhas de pagamentos, começa a se notar que tem alguma coisa errada”.

AConfederação Nacional da Indústria, a CNI, conta com um grupo formado por representantes de 44 empresas que se esforça para diminuir os gastos, aumentar o número de procedimentos e exames no rol de serviços oferecidos, e na humanização do atendimento dos funcionários pelos planos de saúde.

A ideia principal proposta pelo grupo de empresas, que juntas respondem por mais de um milhão e meio de trabalhadores beneficiários de planos de saúde, é que o modelo pudesse privilegiar a qualidade e a performance dos serviços prestados pelos planos, diferentemente da forma usada hoje que é pautada por exageros de procedimentos, como lembra Emmanuel Lacerda.

“Um dos pontos que é muita preocupação das empresas é a questão do desperdício. O Brasil, hoje no mundo, apresenta taxas de utilização de exames de ressonância magnética, per capita, maiores do mundo. Existe a demanda real, mas existe também uma demanda, disso aí, que não justifica essa utilização per capita. Utilizar o plano de saúde, financiar esse sistema não, necessariamente, está representando saúde”, lembrou.

Entre os países que fazem parte da Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico, o Brasil é o campeão na realização de exames de ressonância magnética.

Em 2013, 132 ressonâncias foram pedidas para cada grupo de mil beneficiários de planos de saúde no país. Nos demais países da OCDE, a média registrada foi de 52 exames de ressonância magnética para cada grupo de mil beneficiários.

Entre 2008 e 2016, o aumento dos custos médico hospitalares no país foi de quase 238%. Os dados são do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar.

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