Sobre saúde, eleição e verdade

Pouco menos de um mês nos separam de uma nova oportunidade de mudar a história do Brasil. Em 7 de outubro, quando formos às urnas, talvez não encerremos o dia com governadores e presidente sufragados. Entretanto, já teremos decidido quase 100% do que queremos (ou do que teremos) para (facilitar ou dificultar) nossas vidas nos próximos anos.

Será nesta data, exatamente um mês após as comemorações da Independência do País, que elegeremos deputados federais e estaduais, além dos senadores. Enfim, o momento de passar a limpo o Legislativo em todos os níveis.

No caso do Senado, desta feita, a eleição é para a renovação de somente um terço dos parlamentares. Já para as assembleias legislativas e a Câmara, podemos mudar tudo, se assim o quisermos.

Para ser bem sincero, sinto que os brasileiros desejam mesmo mudar tudo. Entretanto, entre o almejar e o executar, há minúcias que poucos percebem, mas que só beneficiam a uma minoria.

A desigualdade entre a exposição de partidos na mídia favorece os mais organizados, capitalizados e, não por coincidência, políticos profissionais. Da mesma forma ocorre com o repasse de dinheiro público às campanhas. A consequência é que já a instituto de pesquisa afirmando, com quase 100% de certeza, que os eleitos serão basicamente os mesmos que estão lá. Ou seja, em sua maioria, poderemos ter o repeteco de gente que só joga contra o Brasil.

Veja o que ocorreu dias atrás: já nos estertores do governo atual, que, aliás, não deixará lembranças, foram aprovadas uma série de renúncias fiscais, como desonerações e incentivos, que terão um salto de R$ 23 bilhões em 2019, atingindo R$ 306, 4 bilhões.

Talvez alguém venha dizer que isso não tem nada a ver com ele. Ledo engano. Toda a vez que se favorece um grupo, como agora acontece com o agronegócio (só para dar um exemplo), beneficiado com isenções e desonerações na ordem de R$ 30 bilhões, somos nós que pagamos as contas com nossos impostos. Com agravantes: a União fica sem dinheiro para investir em saúde, educação, moradia, saneamento etc.

Ganham os grandes e pagam os pequenos. É isso que não pode mais prosseguir no País. Para mudar, só há uma fórmula: é seu voto – um voto consciente, embasado em história, em dados, em ações, não em promessas.

Antes de ir às urnas, pesquise, veja se o candidato no qual está propenso a votar é coerente e honra os compromissos de campanha; se apresentou propostas de leis de fato úteis socialmente; se é alinhado com os interesses populares ou com os lobbies nas discussões legislativas.

No universo da saúde, confira se tem princípios e trabalha por eles ao longo de sua vida. Por exemplo: pleitear mais recursos para o Sistema Único e gestão adequado; condenar o uso eleitoral, partidário e pessoal das instituições, defender assistência integral e de qualidade a todos os brasileiros, trabalhar pelo fim da abertura de escolas de medicina sem condições técnico-científicas de formar bem, lutar contra a maternidade materna e infantil e assim por diante.

Não sai votando por votar, escolhendo por impulso nem cai na conversa de figuras bem carimbadas e conhecidas. Você decide: a hora de ser mais feliz, é agora. Só se quiser!

Artigo escrito por Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

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