A era da transformação digital chegou à saúde. O avanço tecnológico no setor tem potencial para aprimorar processos, aumentar o desempenho das receitas das instituições hospitalares e reduzir a incidência de erros médicos. Mas os ganhos com inovação devem ir além. A digitalização dos dados de pacientes e a integração dessas informações com as clínicas médicas podem melhorar a experiência dos usuários e permitir que o cuidado médico se torne mais eficiente e menos oneroso. No entanto, para que essa transformação aconteça na prática, é necessário superar uma série de desafios, entre eles, como os dados serão transmitidos, se será feito de forma transparente e segura e se o médico terá acesso fácil.
Quem nunca ouviu a pergunta “Como você está dormindo?” em uma consulta médica? Se você faz parte do grupo de pessoas que utiliza uma pulseira wearable para monitorar atividade física e sono, terá a resposta no seu disposto e poderá responder para o seu médico na hora. Agora, imagine se ele estivesse recebendo as informações capturadas pelo aparelho em tempo real? Ele teria tempo para saber o que fazer e como fazer? E se as informações coletadas forem perturbadoras? São detalhes cruciais que devem ser bem utilizadas.
Em busca de maior conhecimento sobre esse cenário, a Universidade Olin School of Business, de Washington (EUA), realizou uma pesquisa com 39 médicos, de várias especialidades, para saber qual a opinião desses profissionais sobre o uso de dados rastreadores e quais fatores aumentariam a probabilidade de usá-los para atendimento ao paciente. A maioria gostaria de ver mais pacientes usando dispositivos, especialmente para coletar o índice de açúcar no sangue, integrados com o seu registro eletrônico de saúde (RES).
Outro grupo relata que a falta de conhecimento ainda é uma barreira. Cerca de 50% acreditam que a educação, na forma de uma breve apresentação ou discussão, seria útil para tornar possível o uso dos dados, enquanto 31% achavam que um guia seria suficiente. Além da educação, o estudo revelou diferentes visões sobre quais informações seriam realmente úteis:
– 56% acham que a quantidade de horas ativas;
– 46% disseram que a intensidade de movimentos;
– 10% relatam que o grau de dificuldade durante o movimento;
– 36% acreditam que as decisões tomadas.
O levantamento também revelou que dois terços dos médicos expressaram preocupação com a confiabilidade e não se sentem seguros em usar os dados para atendimento aos usuários. Isso confirma que as informações rastreadas devem ser comprovadas antes de qualquer ação ou movimento. Detalhes inconsistentes ou imprecisos podem levar a ansiedade desnecessária e possivelmente prejudicar diagnósticos.
Mas outra pesquisa comprova que os benefícios da interpretação de dados rastreados para uso clínico são completamente acessíveis. No início de 2018, a Annals of Emergency Medicine, principal revista do segmento no mundo, publicou um estudo de caso. Segundo a publicação, um homem de 42 anos apresentou-se em um centro de emergência de um hospital com sintomas de arritmia. Os dados coletados pelo dispositivo weareble do paciente identificou uma taxa de 190 batimentos cardíaca por minuto. Com a rápida detecção do problema, os profissionais de Saúde foram capazes de identificar qual seria o tratamento adequado e começaram a tratar o paciente. O diagnóstico nesse caso foi rápido, preciso e menos custoso para todos.
Embora a relação entre tecnologias para monitoramento remoto de saúde e profissionais dessa área ainda seja embrionária, o resultado apresentado pela revista comprova que há um campo enorme para ser explorado. Esperamos que os prestadores de serviços de saúde e desenvolvedores de software continuem a colaborar com novas inciativas para que possamos expandir o uso de dados pessoais na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, bem como melhorar o bem-estar da população.
*Artigo escrito por Joel Rydbeck, Diretor de Healthcare da Infor para América Latina