O setor de saúde dos EUA é frequentemente citado como referência em diversidade de gênero. De acordo com o Bureau of Labor Statistics dos EUA, 77% da força de trabalho de saúde é do sexo feminino, muito maior do que outras indústrias. No entanto, no nível executivo, a parcela de mulheres está muito abaixo do que deveria ser – e não mudou na última década. Para se aprofundar nesse cenário, o BCG analisou recentemente a participação de mulheres em todos os níveis da indústria de saúde dos EUA. Também foram entrevistadas seis executivas seniores que evoluíram suas carreiras na indústria.
A indústria tem um grupo muito maior de mulheres em toda a força de trabalho do que outras, o que significa que há mais talentos para avaliar, desenvolver e promover em cargos de alto nível. É especialmente desafiador que os homens ainda superem as mulheres no topo da maioria das organizações de saúde dos EUA, enquanto as mulheres compõem a maior parte dos tomadores de decisão e usuários finais dos produtos e serviços dessas organizações.
Entre pagadores e fornecedores, as mulheres representam cerca de 75% dos funcionários contratados, mais do que na maioria das outras indústrias. Em empresas farmacêuticas e de tecnologia médica, as mulheres compõem cerca de metade das novas contratações em todos os níveis. As mulheres também têm a maioria dos cursos de graduação e pós-graduação em áreas de saúde. No entanto, em níveis mais altos de senioridade, o número de mulheres na indústria cai drasticamente.
Os pagadores são uma exceção, onde 18% dos CEOs são mulheres, mas isso é um ponto positivo apenas em termos relativos, já que ainda há apenas um quarto da população de mulheres nessas empresas. E a situação é pior nas maiores organizações de saúde. Entre os 50 maiores pagadores, fornecedores e empresas farmacêuticas (150 empresas no total), apenas 18 têm CEOs do sexo feminino. A situação em tecnologia médica também é particularmente sombria: há apenas uma CEO entre as 50 maiores empresas desse subsetor.
Existem dois fatores que contribuem para esse cenário. Primeiro, os chefes das unidades de negócios ainda são predominantemente homens, enquanto as mulheres tendem a se concentrar em funções administrativas como RH, marketing, risco e área legal, bem como na enfermagem.
Segundo, as mulheres historicamente tendem a suportar o peso das responsabilidades de cuidar das crianças. Por pesquisas anteriores do BCG, sabe-se que os níveis de ambição entre as mulheres não mudam se elas têm filhos. No entanto, se as empresas não oferecerem opções de trabalho flexíveis e outros arranjos de apoio aos novos pais, algumas mulheres podem optar por deixar a força de trabalho por um período.
- Apesar dessa realidade desafiadora, o relatório do BCG é otimista de que as organizações que se comprometam com a diversidade possam reverter a situação. Para isso, a consultoria aponta seis ações que as organizações de saúde podem tomar para aumentar a retenção e o avanço das mulheres na carreira dentro do setor:
- Dar destaque para profissionais mulheres mais sêniores como modelos
- Desenvolver programas de sponsorship para mulheres de alto potencial
- Padronizar avaliações de desempenho e critérios de promoção com base em métricas rígidas
- Contratar e promover talentos de fontes não convencionais
- Possibilitar arranjos de trabalho mais flexíveis
- Trabalhar na mensuração de resultados para entender quais estratégias funcionam com mais eficiência para reter e promover mulheres
O setor de saúde tem muito trabalho pela frente na criação de equipes de liderança equilibradas por gênero, mas, em certo sentido, tem uma enorme vantagem: uma força de trabalho em que muito mais funcionários e gerentes de linha de frente são mulheres. Para capitalizar esse recurso, devem ser tomadas medidas específicas para melhorar a retenção e o avanço de mulheres de alto potencial. Dar a elas iguais oportunidades no topo é o justo. Além disso, uma maior diversidade de gênero em nível executivo tornará as empresas mais inovadoras, dando-lhes uma clara vantagem em um ambiente onde a transformação é a norma.
Para acessar o relatório completo: Women Dominate Health Care – Just Not in the Executive Suite.