A medicina humanizada é um conceito bastante falado e reverenciado. Uma relação mais próxima e humana entre médico e paciente é, com certeza, o caminho certo a seguir na medicina. Mas colocá-lo em prática tem sido um desafio para muitos. Alguns ainda desconhecem o sentido real no dia a dia.
Quando se ouve o termo, a ideia associada é de tempo e proximidade: consultas mais longas, olho no olho, ouvir o paciente com respeito. Uma conduta mais humana, em que se estabelece uma relação de cumplicidade.
A medicina humanizada, no entanto, extrapola o atendimento que o médico realiza na sua sala com o paciente. É algo muito além, que começa antes da pessoa entrar na sala e continua com sua saída.
Trata-se do atendimento global, de forma eficaz e resolutiva. É o respeito à condição do paciente e, isso – é importante frisar – não é responsabilidade apenas do médico. Já começa no agendamento e no recebimento daquele caso.
Na medicina humanizada, prioriza-se o atendimento completo e ágil, que engloba a consulta, encaminhamento para exames, diagnóstico, o tratamento e o pós-tratamento.
É tratar e acompanhar o paciente como um todo, com o suporte de uma equipe multidisciplinar, integrada e competente. Faz parte deste respeito facilitar a vida da pessoa, tornando possível, por exemplo, realizar todos seus exames no mesmo dia, o que reduz encaminhamentos e retornos desnecessários.
O pós também faz parte deste compromisso. Em caso de encaminhamento, é referenciar e acompanhar todo o pós-tratamento, até a resolução. Não basta sorrir, saber o nome do paciente, olhar nos seus olhos, mas ao se despedir no final da consulta – esquecer por completo aquela pessoa.
A medicina humanizada é aquela que prima pelo paciente e busca a solução. Também é honesta: se o paciente está saudável, não tem nada, para que medicá-lo, exigir mil exames? O médico humanista sabe que, às vezes, uma simples mudança de estilo de vida é suficiente para melhorar a condição de saúde.
Apesar de muitos pregarem que a tecnologia vai contra a humanização da medicina, o que observamos é que a mesma quando bem utilizada e direcionada é um suporte para métodos mais resolutivos. Além de tratamentos e exames de ponta, um banco de dados com o histórico do paciente, por exemplo, torna o tratamento mais efetivo e ajuda na prevenção – e não só na solução do caso. Os aplicativos, por exemplo, permitem agilizar a vida das pessoas e lembrá-las da adesão a um projeto de vida mais saudável. Quando bem usada, a tecnologia melhora a vida das pessoas.
Outro ponto fundamental. A humanização da medicina precisa também cuidar do médico e dos profissionais de saúde. Eles devem ter atenção, estrutura e suporte digno para exercerem sem obstáculos sua principal função: cuidar do paciente e salvar vidas.
Presidente da Santa Casa de Chavantes, Dr. Anis Ghattás Mitri Filho é formado em Medicina e mestre em Terapia Intensiva. Também possui MBA de Gestão em Saúde com ênfase em Clínicas e Hospitais (FGV), MBA em Gestão, Empreendedorismo e Marketing (PUCRS) e extensão em Cardiologia pela Universidade de Harvard, dos Estados Unidos.