A manutenção é o conjunto de processos e operações que se realiza nos componentes de um dado sistema e que visa obter um nível satisfatório de desempenho. São todas as ações que venham contribuir para evitar que a edificação apresente defeitos que acumulem e venham influenciar negativamente em seu funcionamento ou que prejudiquem as pessoas que dela fazem uso e diminuam o tempo de sua vida útil. A manutenção pode ser preventiva, corretiva e preditiva.
Preventiva, executada regularmente, de acordo com programação prévia, diminui as possibilidades de avarias ou defeitos nas edificações. O pronto atendimento das solicitações evitará que pequenos reparos, corrigidos no tempo devido, transformem-se em reformas de grande e médio portes, os quais tantos transtornos provocam na utilização do edifício hospitalar.
Corretiva, realizada quando houver avarias ou defeitos. Podem ser obras de recuperação, feitas sem necessidade de interrupção prolongada no funcionamento da edificação (dessa forma, ainda presta alguns serviços) ou obras de reforma, executadas com a suspensão do funcionamento, quando ficam interrompidos temporariamente os serviços prestados pela edificação hospitalar.
Preditiva, por ser antecipada, promove o estudo de sistemas e equipamentos, com análise de seus comportamentos em uso, a fim de identificar eventuais anomalias e estabelecer os procedimentos de manutenção preventiva necessários.
Para a manutenção preventiva, antes de tudo, é preciso lembrar que as edificações devem ser projetadas e construídas visando a facilidade de sua conservação, o que evita a deterioração do patrimônio e o consequente alto custo de recuperação. Isto representa uma enorme economia nos custos.
Considerando-se o custo dessas edificações e de seus equipamentos, aliado às dificuldades econômicas e financeiras do país em que vivemos, o descuido é um “luxo” ao qual não temos o direito de nos permitir, pois tudo isso pode ser parcialmente destruído pela falta de atenção aos princípios elementares e básicos da manutenção.
Para manter as edificações em condições normais de funcionamento, é indispensável que tenhamos programas eficientes e perfeitamente estruturados para cuidar de sua manutenção. A necessidade de revisão sempre existirá, por melhores que tenham sido os projetos e as técnicas construtivas. Isso não implicará no desgaste resultante do uso de suas dependências, equipamentos e instalações.
A manutenção deverá ter a função normativa conforme determinação da ABNT – Associação brasileira de Normas Técnicas e resoluções da Anvisa – Agencia Nacional de Vigilância Sanitárias, as quais abordam procedimentos de operação, uso, manutenção e gerenciamento nos edifícios hospitalares.
A durabilidade de uma edificação está diretamente ligada à rotina de manutenção que lhe é imposta e os seus custos. Apesar disso, não se tem dado muita ênfase à manutenção e é bastante grave a escassez de recursos de pessoal especializado nesse campo. Em decorrência da falta de mão de obra, as instituições públicas de saúde utilizam, em parte do universo de seus equipamentos, os serviços de manutenção oferecidos por terceiros, a custos, muitas vezes, exorbitantes. Sem acompanhamento direto dos serviços e com a falta de controle de qualidade, a consequência será uma rede de saúde desigual, com desperdícios de recursos financeiros e, em muitos casos, negligenciando o gerenciamento de riscos a pacientes e operadores.
Todos os procedimentos e rotinas utilizados na manutenção preventiva devem ser continuamente avaliados, ajustados e complementados, de modo a permanecerem atualizados ao longo da evolução tecnológica. Devem ser consistentes com as necessidades e experiências adquiridas na gestão do Sistema de Manutenção que, de preferência, será apoiada por um Sistema de Informação (SI) – software para montagem e gerenciamento de todos os dados e informações pertinentes às atividades de manutenção.
Apesar de todos esses pré-requisitos citados, a gerencia e a manutenção da infraestrutura física dos edifícios hospitalares, privados ou públicos, têm sido deficitárias, pois, entre outras razões, nem sempre as etapas básicas de um processo gerencial são articuladas entre o planejamento, o projeto, a execução e a manutenção.
Estamos convencidos da necessidade imperiosa de que haja em nosso País, uma consciência das vantagens e dos benefícios de uma voa manutenção do edifício hospitalar.
* Artigo escrito por José Mauro Carrilho Guimarães, Arquiteto Urbanista de formação, Mestre em Educação Profissional pela EPSV/FIOCRUZ, MBA Gestão em Saúde. cursos de Especialização na área da saúde, Perito Judicial, Professor convidado a ministrar disciplinas em curso de Pós Graduação de Engenharia e Arquitetura pelas capitais do país, autor de artigos técnicos e capítulo de livro versando sobre Manutenção Hospitalar. Trabalhos técnicos apresentados em Congressos e Seminários. Funcionário Público Municipal há 35 anos.