Durante o 1º Simpósio de Inovação em Terapia Intensiva Pediátrica, o Hospital Moinhos de Vento anunciou a ampliação da Telemedicina para Pacientes Pediátricos internados na UTI (TeleUTIP). Na primeira quinzena de julho, a tecnologia auxiliará mais quatro instituições federais do Rio de Janeiro: os hospitais de Bonsucesso, Cardoso Fontes, da Lagoa e dos Servidores do Estado. A ação é uma parceria com o Ministério da Saúde, pelo Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).
Pioneiro no país, esse modelo de atendimento iniciou em novembro de 2018 e já apresenta impactos. “A mortalidade reduziu de 23% para 10%, o que representa mais de 50%”, celebra o médico Felipe Cabral, responsável técnico pelos projetos de Telemedicina do Hospital Moinhos de Vento. O dado se refere aos complexos hospitalares de Palmas (TO) e Sobral (CE), ambos do SUS. Nesse período, foram 244 videoconferências profissionais, 2.059 atendimentos e 82% das recomendações médicas foram aceitas. “A parceria entre as equipes gera mais confiança no diagnóstico e potencializa resultados”, defende Cabral.
Para Martha Pompeu, médica do Hospital Regional Norte de Sobral (CE), o compartilhamento apara carências regionais, como a limitação de especialistas, e oferece mais segurança. “Esse suporte compartilha responsabilidades. Deixa os profissionais mais tranquilos e torna o tratamento mais eficaz”, afirma. Ela reitera que outro avanço é a assistência ao grupo multidisciplinar. “Não é só o médico, mas o enfermeiro, o técnico, o profissional de fonoaudiologia (…). Cresce toda equipe junto”, complementa.
Na mesma linha, sinaliza as melhorias na rotina, a médica Maria Regina Pinto Komka. Ela atua na UTI Pediátrica do Hospital Geral de Palmas (TO). “De segunda a sexta-feira conversamos sobre todos os pacientes. No início, tínhamos receio que poderia atrapalhar ou ser demorado, mas ao contrário: percebemos que essa conexão facilita e aprimora o trabalho”, salienta. A enfermeira nortista, Karina Ramos, igualmente se sente mais segura com a parceria com os profissionais gaúchos.
A troca de conhecimento e melhora da prática médica foram enfatizadas também pelo superintende de Educação, Pesquisa e Responsabilidade Social, Luciano Hammes. “O Proadi-SUS tem a mobilização de quase 300 profissionais e opera em mais de 20 projetos”, citou. Hammes também enfatizou o protagonismo da instituição. “Na contramão de muitas pediatrias que reduziam a estrutura, ampliamos e com tecnologia e padrão de excelência”, afirma.
Mindset digital na medicina
O Simpósio foi uma imersão sobre óticas diversas na aplicação de tecnologias para pediatria. “Vivemos hoje um mindset globalizado. Mudou o jeito de ver TV, de usar o celular e também de fazer medicina. Essa realidade é irreversível”, frisou o coordenador do evento, Felipe Cabral, que explanou sobre Telemedicina e seus resultados. O evento contou com uma palestra internacional do médico John j. Mccloskey, da Johns Hopkins, sobre a administração de medicamentos no pós-operatório.
Medicina personalizada em UTI Pediátrica foi o tema explanado pelo médico Jefferson Piva; e o assunto Cardiologia Pediátrica debatido pelos profissionais médicos Alessandro Olszewski, Renato A. K. Kalil, Raul Ivo Rossi Filho e Keli Chemello. As novas tecnologias que estão transformando a saúde foi a palestra de Guilherme Rabello (Inovaincor USP) que mapeou desafios do setor.
Cristiano Feijó falou de inovação em cirurgia robótica e uma mesa redonda abordou a sistematização do atendimento ao paciente pediátrico crítico. Participaram da discussão os profissionais Elisa Baldasso, Aline Botta, Rosa Rolim e Leonardo Miguel Correa Garcia.
Robô Laura
Em maio de 2010, a bebê Laura nasceu prematura em um hospital de Curitiba/PR. Sobreviveu por 18 dias na UTI neonatal e não resistiu à sepse, doença que mata mais de 230 mil brasileiros por ano. O pai dela e arquiteto de sistemas, Jacson Fressatto, participou por videoconferência do Simpósio para falar sobre a criação do primeiro robô cognitivo gerenciador de riscos do mundo.
O Robô Laura já ajuda a salvar dez vidas por dia e atualmente opera em seis hospitais. O software lê as informações dos pacientes e emite alertas que são enviados a cada 3,8 segundos à equipe médica com o objetivo de sinalizar o quadro de pacientes com riscos de infecção generalizada.
A realização teve o apoio do Serviço de Pediatria do Hospital e da Faculdade Moinhos de Vento.
Fotos: Leonardo Lenskij