Precisão nos procedimentos, maior agilidade, menos manipulação de tecidos, recuperação mais rápida do paciente e menores riscos de infecção. Estas são algumas das vantagens da cirurgia robótica, ferramenta tecnológica que tem facilitado procedimentos pelo método minimamente invasivo.
Agregando novas tecnologias revolucionárias de imagem, movimentos e até capacidade de resolução em algumas situações, a cirurgia robótica tem se tornado uma realidade cada vez mais comum em grandes instituições de Saúde. Trata-se de um procedimento que permite, a partir do manuseio do painel de controle de um robô, maior precisão de cirurgia minimamente invasiva e maior agilidade de recuperação para o paciente.
Na Rede Ímpar, três hospitais já adotaram a tecnologia no seu dia a dia. O Hospital 9 de Julho, em São Paulo (SP), o Hospital Brasília, na capital federal, e o Hospital São Lucas de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), investiram, juntos, mais de R$ 70 milhões em equipamentos para cirurgia robótica, alinhando a tecnologia aos valores de otimização do cuidado humanizado com o paciente. Os investimentos são mais um passo para a digitalização das instituições, fenômeno que tem sido observado nos últimos anos em todas as partes do mundo.
Pioneirismo
Realizando cirurgias robóticas desde 2012, o Hospital 9 de Julho foi também o primeiro da América Latina a implementar a plataforma completa de treinamento para as cirurgias. Segundo o diretor geral, Alfonso Migliore Neto, a instituição já conta com três robôs e dois simuladores.
A evolução no número de cirurgias também é expressiva: até 2016, foram mil procedimentos; atualmente, o número já está próximo de quatro mil cirurgias realizadas. “A tendência é que a robótica seja cada vez mais utilizada pela medicina nas mais diversas especialidades, pelas vantagens que apresenta. Atualmente, as cirurgias robóticas são mais frequentes na urologia, oncologia, ginecologia e cirurgias do aparelho digestivo”, afirma Neto.
Ainda de acordo com Migliore Neto, o H9J está com o projeto Hospital Digital em andamento em toda instituição com ampla adoção de ferramentas para suporte à assistência, operação, backoffice e gestão. “Implantamos a checagem beira leito que permite validar o medicamento dos pacientes de forma eletrônica, sem papel; implantação do prontuário eletrônico integrado a equipamentos médicos como, por exemplo, o monitor multiparamétrico que alimenta os dados automaticamente, de forma eletrônica ao prontuário. ”
Recentemente, a Instituição também conquistou a certificação nível 6 da Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS), confirmando os padrões internacionais de qualidade no emprego de tecnologia de última geração.
Além de contar com robôs, o Hospital São Lucas Copacabana também dispõe, em sua estrutura, de aparelhos de exames e materiais de insumo de tecnologia de ponta, como smart staplers, que fornecem um sistema versátil de gerenciamento de inventário para recargas, alças e acessórios dentro e fora da sala de operações.
Entre os procedimentos mais realizados pelo Hospital Brasília, que conta com robôs e simuladores desde o ano passado, estão a prostatectomia, a remoção de tumores de tórax e de intestinos. A unidade também foi a responsável pelo primeiro transplante de rim do país por meio do robô DaVinci.
Da Vanguarda ao Desenvolvimento Científico
Segundo José Silvério Assunção, diretor médico do Hospital Brasília, os investimentos em tecnologia têm o objetivo de posicionar a instituição na linha de frente do desenvolvimento científico.
“Adquirimos recentemente um microscópio cirúrgico para cirurgia neurológica. Será o primeiro do país. Ele possibilitará a diminuição do risco de lesão no cérebro. O hospital realiza biópsia guiada por tomografia e os equipamentos de radiologia são de última geração”, destaca.
Obstáculos e expectativas sobre a tecnologia
Apesar dos avanços tecnológicos, o Alfonso Migliore Neto acredita que as máquinas estão longe de substituir o ser humano nos procedimentos. “A tecnologia é uma arma poderosa em prol da vida, mas nada substitui a atuação e o conhecimento do médico. O robô não opera sozinho. A cirurgia robótica oferece vantagens para pacientes e médicos e é isso que preconizamos na Instituição, excelência no atendimento e o melhor desfecho clínico”, diz.
Para o Fernando de Barros, o grande desafio para a expansão da tecnologia, coordenador do programa da Instituição, está na área comercial. Uma vez que a patente dos robôs pertence a apenas uma marca, os custos dos equipamentos ainda são muito altos.
Barros ressalta ainda que, como as cirurgias ainda não são incorporadas à ANS, muitas operadoras de Saúde não dão cobertura aos procedimentos. “Acredito que, à medida que novas plataformas entrem no mercado, a democratização do método vai se difundir de maneira mais igualitária e acessível”, afirma.
Apesar do panorama atual, o especialista tem boas expectativas sobre o avanço da cirurgia robótica no país. “Num futuro não muito distante, teremos a cirurgia 4.0, com a incorporação da inteligência artificial da máquina. Com isso, teremos um grande banco de dados disponível em tempo real durante a cirurgia, em que a máquina poderá ajudar na tomada de decisão. Estamos passando por uma nova revolução industrial, a revolução robótica em todos os setores, não só o da cirurgia.”
Esta matéria faz parte da 61º edição da revista Healthcare Management.