Uma nova era está se abrindo para o setor da Saúde. Será uma transformação que vai abranger não apenas o mercado em geral, mas as relações sociais e a forma com que os clientes se posicionam e comunicam com as empresas, em especial, as organizações de Saúde. A internet 5G é a continuidade da disrupção que o setor vem passando nos últimos anos. E para que as instituições se adaptem às mudanças, que serão abruptas, é preciso uma alteração de mindset da cultura organizacional.
O 5G vai possibilitar a convergência de todas as tecnologias que já são aplicadas por algumas organizações para a melhoria de operação e garantia de entregar qualidade aos serviços – sempre mantendo o cliente no centro do negócio. IOT/weables devices, computação cognitiva, computação em nuvem, inteligência artificial, impressão 3D, Big Data, blockchain e muitas outras serão integradas pela ultravelocidade do 5G, fenômeno chamado de convergência. Os dados dos clientes estarão disponíveis e conectados permitindo aos gestores um melhor acesso a informação e a possibilidade de processamentos hoje inimagináveis. Para a assistência, a coleta de dados em tempo real e o monitoramento frequente das pessoas vão ganhar maiores proporções, diminuindo o deslocamento para consultas físicas e ampliando a gama de exames e apuração de informações em tempo real. A telemedicina, que já acontece mesmo com os atrasos da legislação brasileira, será apenas uma das possibilidades para o cuidado remoto.
Estados Unidos e Coréia do Sul lançaram recentemente a cobertura 5G e, pela velocidade que os avanços ganham a cada dia, no Brasil a ultravelocidade não tarda a chegar. As organizações de Saúde estão preparadas para essa transformação? A gestão em Saúde ainda está lidando com a aplicabilidade das tecnologias digitais, está passando por mudanças nas cadeiras executivas – a geração Y já está nos altos cargos e agora a geração Z, ainda mais conectada em impaciente, está começando a chegar. Esses poucos aspectos fazem parte da tempestade perfeita, que tende para um tsunami que vai afogar organizações que não se adaptarem à nova era. É preciso que os hospitais e operadoras repensem o atual modelo de Saúde, voltado para cura e tratamento e de fato ofereçam prevenção e saúde.
O 5G vai aproximar ainda mais pacientes de médicos, clientes de organizações de Saúde e acirrar a concorrência. A cobertura 4G empoderou as pessoas por meio do acesso de informações. Agora, a escolha por instituições que realmente oferecem saúde de qualidade, atendimento remoto com coleta de dados e retorno imediato de exames é o novo arsenal que os clientes terão contra empresas que não se adaptarem à nova era digital. O início dessa adaptação deve estar amparado por boas práticas de gestão e governança corporativa, profissionalização da gestão, mudança da cultura organizacional, requalificação do capital humano – pré-requisitos demandados na era do 4G e que neste momento devem estar apurados para trafegar na realidade 5G.
Em minhas palestras, costumava questionar aos participantes se estão preparados para mudar a Saúde. Reformulo o questionamento para as organizações: estão preparadas para serem transformadas pela tecnologia digital?
Este artigo, redigido por Roberto Gordilho, fundador e CEO da GesSaúde, foi publicado originalmente na edição 59 da revista Healthcare Management.