Durante boa parte da história do Brasil, a maioria da população foi formada por jovens. Até a década de 1980, a população brasileira tinha o aspecto de uma pirâmide: muito mais jovens do que idosos. Mas esse formato foi mudando e, o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicou que, para 2060, há a mudança para um funil etário, ou seja, mais idosos do que jovens.
Deparando-se com os desafios do envelhecimento da população e suas consequências, a Humana Magna, rede de desospitalização focada em reabilitação, longa permanência e finitude, inaugurou uma nova Unidade no Ibirapuera, em São Paulo. A estratégia segue tendência mundial: a melhor integração no cuidado do paciente.
“O investimento em uma nova unidade está dentro do plano de expansão da Rede Humana Magna, que prevê nos próximos quatro anos chegar até 1000 leitos em todo o Brasil, totalizando 12 unidades focadas em reabilitação, longa permanência e finitude”, explica o CEO da empresa, Arthur Hutzler.
A expansão foi realizada após 18 meses de trabalho na primeira unidade, localizada na Chácara Santo Antônio (SP). O objetivo principal da empresa é reincluir o paciente que precisa de cuidados na sociedade, adaptado à sua condição, apto para conviver em seus círculos cultural, familiar e profissional.
Seguindo os preceitos da Humana Magna, a nova unidade é composta por profissionais capacitados, com o objetivo de transformar pacientes em indivíduos adaptados à sua nova condição. Esse modelo de assistência possibilita redução no valor das diárias entre 60% e 90% do valor cobrado em hospitais gerais.
A nova estrutura conta com 60 suítes, sendo 12 duplas, totalizando 72 leitos, Centro de Reabilitação com 120 m², cobertura com Solarium e Jardim Sensorial em área total de 600 m².
A novidade da unidade é a AVD (Atividades da Vida Diária). Este espaço, construído em 25m², é uma réplica de uma residência acessível para que os pacientes, antes da alta, tenham uma adaptação ainda melhor com um ambiente que se assemelha à própria casa. “As AVD ocorrem desde a hora que levantamos da cama e as tarefas como escovar os dentes, lavar o rosto, pentear o cabelo, entre outras. Com este atendimento, desenvolvemos ainda mais a autonomia do paciente para seu melhor desempenho funcional e independência, principalmente quando deixar a unidade e retornar para casa”, explica o CEO.
Governança qualificada
Para colocar toda essa estrutura em funcionamento, Hutzler explica que a Rede investe em dois pilares na gestão: plano de negócios e modelo assistencial.
“Todas as estratégias realizadas pela Humana Magna são baseadas nesses dois fundamentos. A partir deles saem todos os indicadores, as metas, as mensurações, os desenhos estratégicos e as adequações que necessitamos para um crescimento orgânico.”
Segundo o executivo, por meio dessas ações de governança é possível se aproximar da chamada ‘Saúde baseada em valor’, que ressalta “ser diferente do modelo hospitalar”. “A busca pelo nosso valor é diferente dos hospitais, no qual atua em função do diagnóstico. Nós atuamos na busca pela linha de cuidado ao paciente. Valor para nós é conseguir atingir as metas estabelecidas em conjunto, focando no desfecho clínico e na experiência do paciente.”
Um novo olhar
Segundo Miriam Ikeda, diretora assistencial da Rede Humana Magna, o segredo do sucesso da empresa está no olhar diferenciado ao indivíduo.
“Muito se discute hoje sobre a jornada do paciente. Porém, a Humana Magna está focada na jornada da pessoa e não na jornada do paciente. É preciso enxergá-lo por completo: não só biológico, mas também psicossocial e espiritual.”
Para tanto, a empatia ao indivíduo é algo muito forte na cultura da Humana Magna, o que acarreta na qualidade durante o processo de ressocialização do paciente. “Precisamos reinventar uma assistência que garanta uma dignidade de vida e também de morte ao indivíduo. É isso que queremos e nos dedicamos diariamente.”
O braço da modernização
Outro importante pilar na governança da Rede Humana Magna é a tecnologia. Mas, conforme bem pontua Edmar Daniel Virgulino, gerente de operações, é possível usufruir de sistemas de informação sem perder a essência humana, pilar central da empresa. “Com a tecnologia é possível gerar informações para auxiliar nos processos internos da empresa, orientando nossos colaborares a conquistar o objetivo principal: um programa de cuidado eficiente, integrado e de alto nível.”
Entretanto, o executivo ressalta que, para isso, a empresa não deve buscar somente por novas tecnologias. “Precisamos de pessoas, processos e tecnologias. Para a eficiência no atendimento, não adianta ter apenas o sistema mais avançado do mercado. Precisamos de tecnologias que conversem, que saibam como utilizá-la ao máximo em benefício ao paciente.”
E justamente visando o usuário, Virgulino explica que a equipe da Humana Magna está desenvolvendo um aplicativo que permite a integração entre paciente, família, operadora, médico e hospital de origem. “Como deixar todos esses clientes cientes das informações do atendimento? Esse é o desafio que nos propomos a superar”.
Nos seus sistemas de informação e gestão, a Rede investiu cerca de R$ 1 milhão.
Remuneração diferenciada
Outro destaque da empresa é aposta para o novo modelo de remuneração, baseado nas linhas de cuidado do paciente. A head de marketing e relacionamento da Rede, Liv Soban, explica que a ideia de aplicar esse modelo surgiu na observação da jornada assistencial baseado no foco no desfecho clínico.
“Observamos que as remunerações eram baseadas nas tabelas de modelo fee for service, mesmo sendo para instituições de cuidados. Neste contexto, você está onerando o sistema, e não motivando o prestador para um trabalho eficiente.”
Já com o novo formato de remuneração, Liv ressalta que é possível beneficiar tanto o paciente, quanto todos os players da Saúde. “Esse modelo traz total previsibilidade de gastos e estratégia de cuidado do paciente e não a preocupação de utilização de extras de dispositivos e medicamentos. O foco é a gestão de cuidado e não a gestão de custo.”
Entretanto, inserir um modelo novo a um complexo setor da Saúde como é o do Brasil não é tarefa fácil. “O desafio é quebrar paradigmas com a operadora, de que o modelo atua diminuindo custos continuados; com o hospital, aproveitando o leito para casos agudos e de forma mais rentável; e com a família, por meio da desospitalização, onde o paciente estará sendo assistido de forma segura e adequada, como o cuidado certo, na hora certa. É gente cuidando de gente.”
Esta matéria e muitas outras compõem a edição 62 da revista Healthcare Management.