Guilherme Batimarchi, do Marketing na APOIO Ecolimp e ABCIS, fala sobre os impactos da Covid-19 no segmento
Desde sua fundação em 2008, a Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS) promove o intercâmbio de conhecimento e práticas em tecnologias da informação no segmento de saúde, sendo um agente ativo de transformação para a melhoria.
No entanto, com a crise do novo coronavírus, a Associação teve que teve adaptar seus planos na comunicação. A ABCIS viu a atual crise como uma oportunidade para expandir sua atuação nos canais digitais.
“Além disso, criamos o “ABCIS na Prática”, uma Série de webinars que abordam temas cotidianos da TI dentro dos hospitais”, explica diretor de marketing e comunicação da ABCIS, Guilherme Batimarchi, que também exerce o cargo de coordenador de marketing na APOIO Ecolimp.
Na APOIO, empresa com mais de 30 anos de atuação em serviço especializado em higienização no mercado de saúde, Batimarchi afirma que por lá diferentes departamentos da empresa se envolveram para produzir novos materiais de treinamento para os colaboradores que estão na linha de frente nas unidades de saúde.
Confira a entrevista exclusiva com o executivo sobre as mudanças estratégias do departamento de Marketing das empresas.
GM: Se for possível traçar um paralelo antes e depois da pandemia, quais são as principais transformações que a COVID-19 trouxe para o setor de comunicação e marketing da empresa?
Essa crise forçou uma mudança brusca de comportamento nas empresas, não apenas nas equipes de comunicação e marketing, mas em geral.
Um exemplo que gosto de usar são as exaustivas reuniões que ocorriam nas empresas que duravam horas e, no fim, poderiam se resumir há dois ou três e-mails.
Com profissionais em regime de teletrabalho, o uso de ferramentas como Hangouts, Zoon, MS Teams forçou as equipes a serem mais eficientes no processo de comunicação e, me arrisco a dizer, até mais produtivas.
Na saúde, uma das grandes ferramentas das áreas de comunicação e marketing para fomentar negócios e trabalhar as marcas eram a participação em congressos, feiras, workshops e outros tipos de eventos e, de repente, tudo isso parou.
Fomos forçados a buscar soluções diferentes para manter o engajamento e relacionamento com clientes e prospects.
Felizmente, já existiam ferramentas baseadas em tecnologias que poderiam nos ajudar. Um exemplo disso são os Webinars e Lives que, em maio explodiram e provaram ser eficientes.
Além disso, as estratégias se voltaram muito ao digital. Constatamos também um crescimento na produção de marketing de conteúdo e disparos de e-mail mkt, por exemplo.
GM: De que forma a COVID-19 impactou este setor?
O segmento de saúde enfrenta a maior crise sanitária em um século. Apesar de toda tecnologia que dá suporte ao setor, não estávamos preparados para esse tipo de crise.
Foram muitos os impactos ocorridos, desde a redução na receita dos hospitais, mortes e afastamento de profissionais de saúde, negacionismo científico, problemas relacionados a gestão, corrupção no setor público até a falta de equipamentos de proteção e a falta de capacidade da indústria nacional de equipamentos e insumos de saúde em atender a demanda.
Na minha opinião, essa crise nos mostra importantes lições a serem aprendidas, começando pela valorização dos profissionais de saúde, desde a auxiliar de limpeza que atua no hospital, passando pelos técnicos de enfermagem e enfermeiros até o médico.
Estes profissionais provaram para a sociedade que estão prontos para deixar suas famílias e se arriscarem para garantir acesso e tratamento para toda a população.
A crise também nos mostrou a falta de capacidade da indústria brasileira de saúde em produzir um simples respirador ou até uma máscara N95, forçando entes públicos e privados a pagarem uma fortuna em equipamentos e insumos importados e abrindo brechas para desvios de verbas públicas.
Mais grave que isso, foi assistirmos a troca de dois ministros da saúde em menos de um mês e o esvaziamento de todo o Ministério da Saúde, a ocultação de dados e falta de transparência.
No segmento de saúde, a gestão baseada em indicadores pode ser extremamente importante para nortear estratégias e estabelecer planos de ação baseados em evidências científicas.
GM: Ainda sobre o atual contexto que estamos vivendo, quais foram as principais oportunidades identificadas pelo setor de mkt e co.?
Acredito que a comunicação como um todo amadureceu muito durante essa crise. Empresas compreenderam o papel dos departamentos de comunicação e marketing, não apenas para a geração de novos negócios, mas também para a melhoria dos processos internos de comunicação, integração entre departamentos e gestores.
Muitas empresas contavam com um orçamento confortável para ações de marketing que foram drasticamente reduzidos forçando a adaptação de um planejamento mais assertivo, com ações alternativas e um custo moderado por campanha.
Um exemplo que pode ser dado foi a validação, por parte do Ministério da Saúde, da Telemedicina. Este foi um avanço importante para o setor que foi alavancado pela crise. Este movimento acelerou startups, profissionais e instituições de saúde que trouxeram de volta à pauta o tema.
GM: Como estão voltadas as ações de mkt da empresa em tempos de pandemia?
Após o cancelamento em massa dos eventos dentro do segmento de saúde revisamos todo nosso plano de comunicação.
Para isso, reunimos o board da empresa para alinhar as novas estratégias.
Reforçamos nossa estratégia em mkt digital, ampliando nossa produção de conteúdo, participação em webinars e executando novas ações de relacionamento com os clientes.
Além disso, envolvemos diferentes departamentos da APOIO para produzir novos materiais de treinamento para os colaboradores que estão na linha de frente nas unidades de saúde. Desenvolvemos também campanhas de prevenção e comunicação para colaboradores e clientes durante a pandemia.
Já a ABCIS viu essa crise como uma oportunidade para expandir sua atuação nos canais digitais. Reforçamos nossa produção de conteúdo e ações junto aos nossos associados, tanto os profissionais de TI em Saúde, quanto os corporativos, formado por empresas que apoiam a ABCIS.
Além disso, criamos o ABCIS na Prática. Uma Série de webinars que ocorrem todas as terças-feiras e que abordam temas cotidianos da TI dentro dos hospitais.
Entre os temas abordados até agora estão, Telemedicina, Governança de dados, estratégias de suprimentos durante a crise, transformação da educação em saúde e as tecnologias que estão fazendo a diferença durante a pandemia.
GM: Na sua opinião, qual o papel que o mkt tem desempenhado neste contexto de pandemia?
Acreditamos que a comunicação é uma importante ferramenta para no combate ao coronavirus. Com suporte de áreas como qualidade, RH e a operação, desenvolvemos diversas campanhas de educação e prevenção.
Os materiais vão desde o procedimento adequado de higienização das mãos e paramentação adequada de EPIs até newsletters informativas e fact checks para combater notícias falsas sobre a covid-19.
GM: Como a empresa tem se diferenciado a fim de valorizar e potencializar sua marca no mercado?
Desenvolvemos um novo produto voltado não apenas para o segmento de saúde, mas para mercados como, educação, frotas, bem-estar, entretenimento, corporativo e varejo.
Nossa nova divisão de biossegurança tem como objetivo trazer as mais de três décadas de experiência no setor de saúde para outros mercados. Além disso, prestamos uma consultoria de prevenção e mitigação de riscos epidemiológicos para as empresas durante a retoma das atividades comercial.
Também reforçamos os trabalhos de branding e a importância da execução de protocolos de higienização e desinfecção realizadas por equipes especializadas.
GM: De que forma o mkt e co. da empresa vem atuando a fim de reforçar a responsabilidade social da empresa, uma vez que esse fator torna-se de grande valor para a imagem da marca?
A APOIO vem trabalhando em diferentes frentes relacionadas a responsabilidade social. Nossas ações vão desde a doação de máscaras de pano para nossos 6.5 mil colaboradores até a doação de serviços para hospitais filantrópicos.
Também apoiamos projetos de humanização na assistência à saúde. Em 2019 fizemos uma parceria com a ONG ImageMagica que leva para dentro dos hospitais diversas ações de humanização por meio de oficinas de fotografia.
Durante a pandemia, a ImageMagica vem realizando um projeto junto a pacientes com Covid-19 em diversos hospitais como, Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP) e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Neste projeto os profissionais da ONG conectam pacientes em isolamento por meio de vídeo chamadas com seus parentes, por exemplo.
Acreditamos que, como empresa, também é nossa responsabilidade apoiar e estimular iniciativas solidárias, independente da crise.
Já a missão da ABCIS sempre foi trabalhar em prol do desenvolvimento dos profissionais de TI em Saúde e do próprio setor. Quando a missão da organização já está alinhada aos propósitos de sustentabilidade é muito mais fácil desenvolver projetos dentro dessa esfera.
A série ABCIS na Prática, compartilhamento de artigos e cases que possam auxiliar os associados, a participação em webinars e Lives de outras associações ou empresas. Tudo isso vem de encontro com nosso propósito de gerar valor ao segmento, além de ampliar nossa visibilidade de marca.
GM: Assim como a pandemia está transformando nossas relações interpessoais, como a COVID-19 tem impactado o mkt? Como esse setor sairá depois com o novo normal?
É curioso falarmos em “novo normal”, o mundo passa por grandes transformações com ou sem crises como a do coronavirus. Se olharmos para nossa história, veremos diversos momentos que poderiam ser classificados como “novo normal”.
As políticas de isolamento estão nos mostrando o quanto as relações humanas são importantes e como nossa capacidade de comunicação e adaptação são grandes.
A prática de homeoffice também vem ganhando cada vez mais força e muitas empresas já pensam em manter parte de seus times trabalhando remotamente, o que trará maior qualidade de vida aos colaboradores e a redução de custos operacionais às organizações.
Como marketing e comunicação, estamos aprendendo a explorar novas ferramentas e métricas de trabalho, como outras profissões, também fomos forçados a buscar soluções para superar esse momento difícil.
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Esta matéria e muito mais você confere na edição 69 da Revista Healthcare Management!