Debate sobre diminuição da receita contou com palestra de Fernando Ganem, do Sírio-Libanês; e também com a presença de Carlos Costa, da Rede Paulo de Tarso
O Fórum Healthcare Business – FHCB 2020 começou ontem com a palestra de Fernando Ganem, Diretor de Governança Clínica do Hospital Sírio-Libanês. Com o tema “Os pacientes fugiram! Como sobreviver à redução da receita de Instituições de Saúde devido a diminuição dos atendimentos por causa da pandemia?”, Ganem explanou sobre a experiência do HSL frente à pandemia.
“Tínhamos um movimento de fluxo de pacientes muito grande na emergência e de repente o movimento caiu abruptamente. As pessoas ficaram com medo de procurar os serviços médicos. A ala pediátrica desapareceu. As famílias se isolaram. O isolamento social foi posto precocemente na cidade de São Paulo. O atendimento no Pronto Socorro foi de 300/dia para 100/dia, uma queda de 70%. Nosso Centro de Diagnóstico caiu 90% nos atendimentos. Consultas ambulatórias foram interrompidas”, explicou Ganem.
Ainda de acordo com o diretor de governança clínica do Hospital Sírio-Libanês, o movimento, a volumetria e o resultado financeiro da Instituição caíram bastante. “Isso foi muito forte no primeiro mês e se perpetuou por 90 dias e medidas de reestruturação foram necessárias.”
Uma das medidas tomadas foi o reajuste salarial de todos os executivos, para minimizar o impacto da pandemia. Depois de 90 dias, começaram a perceber necessidades, como a Telemedicina. O fluxo de pacientes do PS diminuiu, porém, a taxa de internação aumentou de 10% para 30%, com paciente consideravelmente mais complexos.
“Não percebemos queda nos tratamentos de pacientes oncológicos que já estavam em andamento, mas houve um declínio na chegada de novos pacientes. Também tivemos uma queda significativa em pacientes com doenças crônicas que, por consequência, tiveram a saúde agravada”, afirma.
A palestra de Ganem foi seguida do debate sobre o mesmo tema, que contou com a participação de Fernando Torelly, superintendente do HCor; Carlos Costa, CEO da Rede Paulo de Tarso de Cuidados Continuados Integrados; e a moderação por Leonardo Barberes, Secretário Geral da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro e conselheiro fiscal efetivo da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).
Carlos Costa afirmou que só o retorno dos pacientes está “longe de ser a solução dos problemas de caixa dos hospitais”. “O sistema de saúde já vinha mergulhando em uma crise independente de qualquer pandemia. A saúde no Brasil precisa urgentemente ver o contexto social e macroeconômico para avançar em soluções sustentáveis para toda a cadeia. Vamos ter que superar importantes problemas a curto prazo como a recessão econômica”, afirmou.
O CEO da Rede Paulo de Tarso de Cuidados Continuados Integrados pontuou ainda a elevação de custo dos materiais e medicamento durante a pandemia.
“Ao meu ver isso foi criminal, pois muitos desses suprimentos chegaram a ter 5 mil por cento de reajuste.”
A Rede Paulo de Tarso, que atende SUS e convênios, registrou, segundo o CEO, a queda pela metade da receita entre os meses de maio e junho com a baixa ocupação na saúde suplementar.
Sobre o atual cenário, Costa considera que “a maior vantagem competitiva de qualquer entidade é a capacidade de rápida adaptação.”
Fernando Torelly, superintendente do HCor, ressaltou que “os hospitais foram reinaugurados após a pandemia”.
“Quem fizer gestão hospitalar como fazia antes da pandemia terá muita dificuldade. O ambiente hospitalar hoje passa ter protocolos de qualidade e segurança mais rígidos, com sistemas de atendimento de qualidade cada vez maior para conquistar a confiança dos pacientes.”
Segundo o superintendente do HCor, a Instituição já registra movimento igual ao anterior da pandemia. “A receita geral do Hospital já está acima do mesmo mês do ano passado, mas com uma matriz de receita totalmente diferente. Estamos com menos atendimento no Pronto Socorro, mas um aumento dos casos mais graves. Isso prova que o Hospital se tornará cada vez mais um local de atendimento a pacientes graves.”
Sobre as mudanças, Torelly afirma ainda que “vamos ter que nos preparar para esse novo momento da gestão. Antigamente, falávamos em saúde baseada em evidência, hoje é a saúde baseada em eficiência. Temos a obrigação de ser mais eficiente e eliminar o desperdício.”
O segundo dia do FHCB continua hoje e traz temas como desafios da cadeia de logística, lições pós covid e o salto quântico para uma nova saúde. Faça a sua inscrição clicando aqui.
Para assistir essa palestra e debate na íntegra, bem como os outros temas dialogados no primeiro dia do FHCB 2020 acesse o link abaixo.