Queda de receita, saúde mental e lições de lideranças pós-covid foram temas dialogados durante o Fórum HCB

Fórum HCB 2020 traz os mais variados e completos temas sobre gestão na saúde

 

Com o tema “O Despertar para uma nova Saúde”, o Grupo Mídia realizou a oitava edição do Fórum Healthcare Business (FHCB). Excepcionalmente neste ano, devido à pandemia da Covid-19, o evento aconteceu de forma 100% digital, transmitido pelo canal do Youtube e também pela página da Healthcare Management no Facebook.

A primeira palestra foi ministrada pelo Diretor de Governança Clínica do Hospital Sírio-Libanês, Fernando Ganem, que trouxe o tema “Os pacientes fugiram! Como sobreviver à redução da receita de Instituições de Saúde devido a diminuição dos atendimentos por causa da pandemia?”. Segundo ele, o movimento, a volumetria e o resultado financeiro do Hospital caíram muito, principalmente nos primeiros quatro meses de quarentena.

Uma das medidas tomadas para minimizar o impacto da pandemia foi o reajuste salarial de todos os executivos. Depois de 90 dias, as lideranças começaram a perceber outras necessidades, como a Telemedicina.

“Não percebemos queda nos tratamentos de pacientes oncológicos que já estavam em andamento, mas houve um declínio na chegada de novos pacientes. Também tivemos uma queda significativa em pacientes com doenças crônicas que, por consequência, tiveram a saúde agravada”, afirmou.

A palestra foi seguida de um debate sobre o mesmo tema, que contou com a participação de Fernando Torelly, superintendente do HCor; Carlos Costa, CEO da Rede Paulo de Tarso de Cuidados Continuados Integrados; e a moderação de Leonardo Barberes, Secretário Geral da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro e conselheiro fiscal efetivo da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

Telemedicina

O Chefe da Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, professor Chao Wen, realizou a palestra “A COVID-19 acelera a Telemedicina”, em que mostrou a popularização dessa tecnologia, assim como alguns erros comuns do setor.

O professor pontuou o quanto esse conceito não era compreendido completamente pela população. “Ouço muitas pessoas falando sobre a telemedicina ser uma ferramenta, mas é um método médico de investigação e cuidados não presenciais. É um braço da medicina que permite criar outro conceito e chegar à saúde conectada 5.0”, comentou.

O professor então se juntou à Marco Bego, Diretor do Instituto de Radiologia do HCFMUSP; e Fábio de Carvalho, CIO do Adventista Paraguai; em um debate sobre o mesmo tema mediado por Luiz Gustavo Kiatake, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e do Masterclass de Tecnologia na SAHE’21. Os participantes falaram sobre suas experiências com a telemedicina e dificuldades de adaptação no início da pandemia.

Saúde mental

Com o tema “Saúde mental: O desafio da Gestão de Pessoas frente ao esgotamento de colaboradores”, Ines Hungerbühler, CPO a Vitalk Brasil, ilustrou não apenas a importância desta questão para colaboradores, mas também para gestores.

“Se a sua saúde mental não está boa, então você não conseguirá cuidar da saúde mental de seus colaboradores. É importante ter o autocuidado, além de uma comunicação não-violenta, cultura de feedbacks e valorizações, entre outros”, frisou Ines.

Em seguida, o debate também sobre Saúde Mental contou com a participação de Erika Vrandecic, diretora do Biocor Instituto; Lídia Abdalla, CEO do Laboratório Sabin; e Petrúcio A. Sarmento, Diretor de Provimentos na UNIMED de João Pessoa. A mediação ficou a cargo de Lauro Miquelin, CEO da L+M.

Confira as palestras e debates do primeiro dia do Fórum HCB:

Impactos da Covid-19

A palestra “Os impactos da Covid-19 na cadeia de suprimentos de logística” com o Coordenador de Suprimentos da Pró-Saúde, Paulo Pedroso, elucidou sobre as dificuldades enfrentadas durante a pandemia e como as empresas enfrentaram a falta de suprimentos disponíveis.

Pedroso compartilhou as inúmeras questões que surgiram na cadeia de suprimentos, desde a logística de entrega até a dificuldade na aquisição dos insumos. “Primeiro as máscaras e luvas começaram a se esgotar e depois os Face Shields. Outros itens, como respiradores, foram difíceis de encontrar e sempre com um valor altíssimo”, relembrou.

“As instituições públicas não têm condições de fazer reposições em larga escala, então a dificuldade é ainda maior. Foi realmente desafiador saber como enfrentar uma crise com dificuldade financeira.”

A palestra foi seguida de um debate com a participação de Alessandra Pereira, Diretora Núcleo Infraestrutura e Logística no HCFMUSP; Leonisa Obrusnik, Diretora da Cadeira de Suprimentos no Hospital Alemão Oswaldo Cruz; e Carlos Oyama, Senior Healthcare Advisor. O debate foi moderado Ricardo Guidi, Diretor Sênior de Operações de Life Scientes & Healthcare na DHL Supply Chain.

Lições Pós-pandemia

O Fórum HCB 2020 também proporcionou a discussão sobre “Lições pós Covid-19: Competência, Criatividade e Consistência”. A explanação foi comandada pelo Superintendente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), José Cechin, que falou sobre erros cometidos durante a pandemia e como trabalhar o pós.

“Um fato pouco pensado é que uma pandemia é tanto uma crise médica quanto de comunicação. Precisávamos de uma comunicação clara vinda de um comunicador confiável e seguindo informações baseadas em recomendações científicas”, defendeu Cechin.

O superintendente do IESS ainda refletiu sobre a possibilidade de novos surtos virem à tona e a aceitação da crise demorar para ser revertida, além da melhor preparação para outras ocasiões do mesmo tipo. “Resta saber se as autoridades públicas e politicas tem o desejo de arriscar gastos hoje para deixar a sociedade preparada para um possível que nunca venha a ocorrer.”

O debate continuou com a presença de Henrique Salvador, Presidente da Rede Mater Dei; Maurício Sérgio Souza Silva, Superintendente da Santa Casa de Montes Claros; e Maria Lucia Capelo Vides, Superintendente do Hospital Edmundo Vasconcelos. A moderação ficou a cargo da CEO do ICOS – Instituto Coalizão Saúde, Denise Eloi.

 

Salto Quântico

O encerramento do FHCB 2020 ficou por conta da palestra “Salto Quântico para uma nova realidade: a saúde global pós-pandemia”. A explanação foi comandada pelo coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e presidente do Masterclass de Inovação na SAHE, Ricardo Valentim.

Valentim pontuou que “vivemos uma globalização do comércio, do sistema bancário, das pessoas, mas ainda não temos isso na saúde”. “A saúde global não está conectada e isso é necessário para o futuro. Precisamos conhecer como está a saúde de nossa população global e a dinâmica da sociedade sob este olhar.”

O Embaixador da SAHE 2021 alertou ainda sobre a centralização do complexo industrial da saúde global. “Com a pandemia, a China se tornou uma grande canalizadora, produtora e responsável pela distribuição de grande parte da cadeia de suprimentos global da saúde, o que causou grandes problemas, como a falta de ventiladores mecânicos. Foi um problema muito presente em diversos países do mundo.”

Valentim propõe a importância de ter sistemas de saúde resilientes que, segundo ele, é calcado em pilares como a integralidade, adaptatividade, diversidade e sistema auto regulado. “Além disso, não temos como ter um sistema de saúde resiliente sem falar de educação. É imprescindível a educação continuada para o profissional de saúde. O salto quântico vai exigir da comunidade científica e da indústria da saúde uma mudança na área da educação.”

A palestra foi seguida de um debate com participação de Sérgio Rocha, presidente da Abraidi – Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde; Wilson Shcolnik, presidente da Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica; Franco Pallamolla, presidente da Abimo – Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos. Lauro Miquelin, CEO da L+M, ficou responsável pela moderação.

Confira as palestras e debates do segundo dia do Fórum HCB:

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