A Coreia do Sul passou de segundo maior epicentro da pandemia, atrás somente da China, no começo de 2020, para um dos maiores casos atuais de sucesso na contenção do vírus. O país registrou do início da pandemia até fevereiro de 2021 apenas 1,538 óbitos, justamente o número de pessoas que faleceram pela doença no Brasil no dia mais fatal da pandemia até o momento.
A resposta relativamente rápida e as políticas públicas orquestradas pouparam não apenas as vidas, mas também a economia do país em meio a tragédia.
“O país nunca entrou em lockdown completo, nem proibiu de modo amplo a entrada de estrangeiros e mesmo assim registrou retração econômica de apenas 1% em 2020, enquanto o PIB brasileiro retraiu em torno de 5%”, aponta o especialista em Políticas Públicas, Thiago Mattos.
O resultado, segundo o executivo, se dá graças ao pioneirismo do país em desenvolver uma estrutura autossuficiente de testes para Covid-19. “Isto garantiu não só o acesso irrestrito e gratuito para a população em caso de qualquer suspeita de vírus, mas também um rastreamento muito preciso dos contatos sociais dos infectados”, aponta.
Segundo o sales executive da Medbio Korea e sales business development da Plexense, Andres Ruidiaz, a Coreia do Sul empreendeu um grande esforço dos setores público e privado para formar uma resposta nacional à pandemia.
“A fase inicial da Covid-19, autorizou o uso emergencial para kits de teste do governo coreano, que prometia uma certa quantidade de compra para garantir o nível mínimo necessário de desenvolvimento para as empresas durante a fase de revisão da produção. Isso ajudou a construir uma base para testes em grande escala em um estágio inicial.”
O país realizou a introdução de estações de triagem de passagem e drive-thru permitiu a coleta de amostras juntamente com testes rápidos e agressivos, permitindo a detecção precoce do vírus nas comunidades.
“O teste drive-thru da Coreia chamou a atenção da mídia em todo o mundo e foi saudado como uma medida engenhosa para proteger os profissionais de saúde da exposição ao fornecer resultados rápidos para pacientes em potencial.”
A Plexense, uma empresa sul-coreana voltada para medicina diagnóstica, desenvolveu e produziu uma plataforma de imunoensaio Elisa rápida e econômica. “A Plexense fornece kits de diagnóstico com base em sorologia para o Covid-19. Somos o único produto coreano baseado em sorologia com todo o apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia da Coreia.”
Tecnologia e transparência
Outra medida adotada pelo país foi o controle de fronteiras feito pela Coreia do Sul, em contrapartida aos países vizinhos, que fecharam suas portas para estrangeiros em modelo de lockdown.
“Foram adotadas medidas como a apresentação de testes de Covid-19 antes do embarque, na aterrissagem e a realização de duas semanas de quarentena, para estrangeiros e locais, que é constantemente monitorada pelos agente públicos com um auxílio de um app de geolocalização, uma terceira testagem após duas semanas de quarentena,” explica Mattos.
Esse tipo de monitoramento teve como pano de fundo um sistema de rastreamento baseado no International Traveller Information System (ITS) e no sistema Drug Utilization Review, usados para informar os profissionais de saúde se um paciente visitou recentemente um país ou região afetada pelo COVID-19.
“A medida auxiliou profissionais de saúde a tomar a decisão apropriada,” afirma Ruidiaz.
“É um grande inconveniente, mas que coíbe totalmente viagens não essenciais sem promover um distanciamento forçado de famílias ou viagens imprescindíveis de qualquer natureza. Sendo fundamental para o bom resultado do país,” aponta Mattos.
Além disso, o país utilizou o sistema de gerenciamento inteligente COVID-19 (SMS), que permite a solicitação de dados de telefones celulares, cartões de crédito, imagens de CCTV, além de entrevistas com pacientes para rastrear os contatos o mais cedo possível.
“Casos confirmados são divulgados ao público para ajudar as pessoas a tomar decisões informadas e tomar as medidas adequadas para se protegerem”, explica Ruidiaz.
Outra importante medida tomada pela Coreia do Sul envolve a central de contramedidas de segurança e desastres, que realiza uma videoconferência para discutir questões importantes todas as manhãs, presidida pelo primeiro-ministro, 18 ministérios do governo e 17 governos regionais.
“A transparência por parte do governo incentivou os cidadãos a cooperar ativamente com suas medidas de resposta COVID-19 e também seguir as novas normas como usar sempre máscaras, lavar as mãos, etc,” aponta Ruidiaz.
Segundo o diretor da Plexense esses pilares foram importantes na contenção da doença. “Por meio do desenvolvimento oportuno e da aprovação de um teste de diagnóstico funcional, disseminação frequente de informações e recursos públicos, controle intensificado de fronteiras e mapeamento meticuloso de contato por meio de questionários de pacientes e aplicativos móveis baseados em GPS, os esforços da Coreia do Sul para “nivelar a curva” parecem estar funcionando.”
Curso Coronavírus, Medidas Provisórias e suas Repercussões no Direito do Trabalho:
aspectos teóricos e práticos