Com a pandemia do novo coronavírus, o setor de saúde precisou se reinventar para atender à demanda de pacientes contaminados, ao mesmo tempo em que se esforçava para manter a assistência aos doentes crônicos e agudos, incluindo aqueles em isolamento social. Passado um pouco mais de um ano desde que tudo começou no Brasil e no dia em que o País registrou a marca de 400 mil mortes por coronavírus, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em parceria com a Bain & Company, lança o estudo “Lições da pandemia: perspectivas e tendências”. A versão completa pode ser conferida em http://conteudo.anahp.com.br/
“Quando nos perguntamos qual a melhor forma de homenagear essas vidas perdidas e os profissionais que estão na linha de frente, vemos que qualquer resposta que não seja aprimorar o sistema de saúde brasileiro é uma resposta hipócrita”, defende Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp.
Dividido em três eixos principais (assistencial, pessoa e sustentabilidade), o documento, que traz uma síntese do que foi discutido por especialistas do Brasil e do mundo na última edição do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), apresenta os aprendizados para a construção de modelos assistenciais mais eficazes, a preparação de profissionais mais capacitados para enfrentar os novos desafios e a complexa missão de construir um sistema de saúde mais robusto e sustentável.
O material também revela os fatores que devem permanecer estáveis, aqueles que já eram tendências antes da pandemia e que foram acelerados, os novos paradigmas e as disrupções. Entre os avanços, o estudo aponta mudanças sobre “onde” e “como” o tratamento do paciente é fornecido, com aumento dos cuidados realizados fora do hospital, adoção de telessaúde e ferramentas digitais e atendimento integrado, em que um time de especialistas trabalha em conjunto, de modo coordenado, beneficiando o paciente como um todo. O estudo destaca ainda as incertezas do setor em longo prazo. Entre elas, o grau de intervenção do governo na área da saúde, a dificuldade de precisar datas e cronogramas específicos, como para vacinação; retorno ao trabalho presencial, retomada dos procedimentos eletivos e o impacto dos modelos de saúde baseados em valor.
Para Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp, a pandemia tornou muito claras algumas tendências e dificuldades do sistema de saúde no Brasil que já eram percebidas antes, mas que nestes últimos meses tão trágicos ficaram escancaradas. “A Anahp espera que tudo que sofremos com a pandemia sirva para tornar urgente o debate sobre o que precisa mudar. Esse documento é uma contribuição nossa e da Bain para o debate inevitável sobre as mudanças que a pandemia tornou indispensáveis”, ressalta Britto.
“Para responder à Covid-19, instituições ao longo de toda a cadeia de valor de saúde foram forçadas a experimentar e colaborar entre os elos para trazer respostas rápidas no enfrentamento da crise” comenta Luiza Mattos, sócia líder da prática de saúde da Bain e líder do estudo em parceria coma Anahp. Para a especialista, há uma janela de oportunidade para avançar em vários temas como a adoção de mais ferramentas digitais e dados, e modelos mais distribuídos de cuidado uma vez que hospitais estão na linha de frente do combate a pandemia. “Para isso também será fundamental complementar a capacitação e redobrar a atenção ao bem-estar dos profissionais do setor”, complementa Luiza.
Durante a pandemia, houve uma ruptura significativa nos modelos de cuidado tradicionais no Brasil e aqueceu-se a discussão sobre a assistência do futuro, levando em consideração a complexidade e as particularidades do sistema de saúde brasileiro e buscando sistemas mais integrados, flexíveis e responsivos às necessidades da população.
Passado esse período, devem-se consolidar o consumerismo em saúde, em que cresce a voz e a responsabilidade de escolha do usuário sobre como, quando e onde receber o cuidado, uma assistência mais humana e centrada no paciente, o cuidado integrado e a telessaúde.
A saúde demandará profissionais altamente especializados e ao mesmo tempo muito flexíveis, capazes de lidar com as ambiguidades de um sistema de saúde cada vez mais complexo, integrado e tecnológico.
Com a inclusão de tecnologias, os profissionais de saúde precisarão ser capacitados para utilização de novas plataformas. Além da telessaúde, os principais prestadores estão adotando ferramentas digitais para aprimorar a experiência do médico e investindo naquelas que economizam tempo e aumentam a qualidade no preenchimento e gestão de prontuários médicos eletrônicos, cada vez mais alavancados por inteligência artificial.
A combinação de tecnologia e dados pode também ser usada para apoio à tomada de decisão, priorizando um processo preciso, rápido e que represente a melhor evidência científica incorporada ao fluxo de trabalho do médico, personalizado e contextualizado para o profissional e o paciente, e entregue de modo a minimizar a fadiga e burnout dos profissionais de saúde.
A pandemia da Covid-19 trouxe o setor de saúde para o centro do debate econômico, político e social. Um dos pontos mais preocupantes foi a desigualdade de acesso ao serviço de saúde de qualidade e a capacidade de resposta rápida à pandemia. A gravidade da situação comprovou que as instituições precisam ser mais flexíveis e ágeis nas ações e decisões, além de se prepararem para possíveis cenários com maleabilidade, a fim de identificar momentos e motivos necessários para investimento.
O esforço conjunto dos atores do sistema de saúde se mostrou fundamental para diminuir fatalidades e apoiar a retomada gradual das atividades econômicas. Apesar do alto impacto na sociedade, os aprendizados que ficarão de herança da pandemia deverão ser utilizados como orientação na gestão da saúde pública para a manutenção de uma boa assistência, realizada por profissionais saudáveis em um sistema sustentável.
Live: o lançamento do estudo contou com um debate sobre a publicação e alguns dos temas abordados. Acompanhe aqui: http://www.youtube.com/watch?
Análises detalhadas de cada ponto do documento serão realizadas em edições do Anahp AO VIVO (no canal da Anahp no Youtube), a partir de maio, com a participação de lideranças do setor de Saúde.