Evento 100% online contou com a palestra de Camila Guello, Firestop Specialist na Hilti Group do Brasil
Com a temática “Hospitais em Alerta – Segurança contra incêndio em tempos de Pandemia”, aconteceu nessa semana a quarta edição do Healthcare TALKS. Realizado pelo Grupo Mídia, o evento, 100% digital, levantou debates sobre as medidas de prevenção a incêndios hospitalares.
Camila Guello, Firestop Specialist na Hilti Group do Brasil, abriu as discussões acerca do tema com palestra. A executiva falou sobre as especificidades dos incêndios em ambientes hospitalares em comparação às demais edificações.
“Nós temos uma carga extremamente grande de incêndios em hospitais, devido ao alto número de equipamentos eletromédicos, ar-condicionado, serviços de hotelaria 24 horas e de materiais combustíveis, como roupas de cama, produtos químicos, etc.”
A executiva da Hilti ressaltou que o tempo de evacuação em um hospital é muito maior do que em qualquer outro tipo de edificação, pois os ocupantes estão debilitados, acamados e/ou sedados.
Tais fatores tornam-se ainda mais perigosos frente à pandemia do novo coronavírus, aponta Camila. “Imagina se uma tragédia como um incêndio acontece neste momento em que os hospitais estão passando por uma situação de superlotação.”
Aumento no número de casos
Após a explanação de Camila Guello, realizou-se um debate sobre o debate que contou com a participação de Gleiner Ambrosio Ferreira, Gerente Executivo de Manutenção e Engenharia Corporativo da Rede São Camilo; Camila Guello, Firestop Specialist Hilti Group do Brasil; Cléo Paes Barros, Vice-Presidente Nacional da ABDEH Brasil; e Thiago Otoni, Gerente de Engenharia de Manutenção do Hospital Sírio-Libanês. A mesa foi moderada por Vanessa Sartor, jornalista do Grupo Mídia.
Abrindo a rodada de perguntas, Otoni, do Sírio-Libanês, avaliou o número crescente de casos de incêndios em edifícios hospitalares no Brasil.
“Há instituições de Saúde no país muito antigas, que não têm estrutura ideal para evitar esse tipo problema.”
Ferreira, da Rede São Camilo, complementou que esses edifícios antigos possuem, muitas vezes, grande aparato tecnológico médico, porém sem estrutura adequada. “Torna-se um desafio incorporar esses duas estruturas (tecnológica e predial) para evitar que ocorra algum tipo de catástrofe.”
Já Barros, falou sobre a dinâmica das unidades hospitalares e as dificuldades para estabelecer medidas protetivas contra incêndios. “Muitas vezes, um hospital está pronto em um dia, e no outro já está expandindo sua estrutura. Com essa rotatividade, os aparelhos tornam-se obsoletos. A maioria dos problemas em ambiente hospitalar de incêndio é precariedade e a má conservação das instalações elétricas, principalmente dos ares-condicionados.”
Camila, da Hilti, afirmou que, apesar das edificações antigas, existem medidas possíveis para evitar incêndios em qualquer estrutura. “A selagem corta-fogo é um dos itens que garante a compartimentação da estrutura. Ela é bastante simples, não mexe na estrutura da edificação e é extremamente eficiente.”
A compartimentação auxilia na evacuação da fumaça durante um incêndio. “Esse tipo de estratégia é extremamente interessante, pois para a sua instalação, não é necessário a desocupação do hospital.”
Treinamento e comunicação
Ferreira, do São Camilo, apontou que mesmo com diversas medidas de segurança disponíveis no mercado, é preciso que todos os colaboradores saibam seguir os processos necessários. “Uma ação fundamental a ser realizada é atrelar a área de engenharia com a de obras, porque assim teremos uma visão ampla na segurança operacional”.
O mesmo foi abordado por Barros que acredita na interação entre os setores internos do hospital.
“Além de seguir a normatização de segurança ao paciente, é preciso que o colaborador saiba o que fazer em caso de incêndio e que participe do plano de contingência do hospital.”
Além da interação entre os setores internos, os debatedores levantaram a importância de comunicação entre o corpo de bombeiro e as instituições de saúde. “Hoje em dia, você aprova um projeto, mas sem a fiscalização do corpo de bombeiro. Isso é bem problemático”, salientou Barros.
Otoni também acredita que há falta de comunicação entre os meios que regulam ações de prevenção contra incêndio e também entre os hospitais. “Debates como esses são fundamentais para que a gente possa compartilhar boas práticas.”
Investimento em pauta
O Healthcare TALKS também abordou sobre o custo-benefício de investimento em medidas preventivas contra incêndio em edifícios hospitalares.
Camila, da Hilti, afirmou ser um mito que esse investimento seja de alto custo. “Já realizei um projeto de dez andares com instalação de corta-fogo por R$ 40 mil. O que que é esse valor perto de um dia de funcionamento do hospital? É extremamente baixo.”
Otoni, do HSL, defende colocar os sistemas contra incêndio dentro dos custos de funcionamento. “Apesar da realidade de cada instituição, é preciso fazer o que precisa ser feito.”
Para Ferreira, do São Camilo, diante da complexidade de uma unidade hospitalar, é preciso estar sempre preparado para uma catástrofe.
“Todo setor de engenharia precisa investir em segurança do paciente, incluindo medidas contra incêndio. Não tem discussão quanto a isso.”
Já Barros, da ABDEH, apontou que os gestores hospitalares, infelizmente, ainda veem o investimento em medidas de segurança contra incêndio como um custo. “Se preparar para possíveis problemas é atuar na proteção de vida. Um ser humano vale mais que uma quantia de dinheiro.”
Impactos da Covid-19
Os impactos do novo coronavírus também foram debatidos durante o Healthcare TALKS, como as diversas modificações na infraestrutura. “É fundamental que cada mudança realizada dentro do hospital seja validada pela área de engenharia do local, para que qualquer adaptação seja feita com total segurança”, defendeu Ferreira.
Barros apontou a dificuldade enfrentada para instaurar medidas de segurança contra incêndio em hospitais de campanha. “Estamos fazendo o máximo possível para implementar essas ações e atender a legislação em um espaço totalmente inadequado, mas que precisa funcionar rapidamente.”
Otoni, do Sírio, ressaltou as diversas mudanças internas realizadas para evitar incêndios dentro do espaço hospitalar em um momento de incerteza. “Tivemos que alterar fluxo, logística e instalações para poder adaptar todo o atendimento e não propiciar algum tipo de perigo aos usuários.”
Mesmo com tantos desafios, Ferreira acredita que as medidas de prevenção contra incêndios em espaços hospitalares ganharão maior atenção, principalmente pós-covid.
“Observamos uma maior relevância quanto à segurança da infraestrutura como um todo, desde o momento do projeto até a manutenção diária dentro do hospital.”
Camila, da Hilti, também acredita que a pandemia do novo coronavírus deixará aprendizados. “As instituições precisam entender a necessidade de realizar uma análise técnica-diagnóstica para adoção das medidas corretas para prevenir possíveis incêndios.”
Barros aponta para uma visão otimista, com nova geração de gestores mais conscientes da importância de se adotar medidas de segurança contra incêndios. “Os novos líderes já estão mais alinhados em entender as novas tecnologias e que elas estejam adaptadas à infraestrutura do hospital de forma segura a todos.”