“Investimento em ESG, Green Tech e o pacto global das Nações Unidas: resultado financeiro e valorização da marca”, por Ricardo Brito

“Investimento em ESG, Green Tech e o pacto global das Nações Unidas: resultado financeiro e valorização da marca”, por Ricardo Brito

A origem da sigla ESG surgiu pela primeira vez na ONU (Organização das Nações Unidas), em um relatório datado do ano 2005, intitulado “Who cares wins”(Quem se Importa).

Naquele momento, 9 países, incluindo o Brasil, reuniram suas instituições financeiras para desenvolver um programa que criasse as diretrizes de como incluir as questões ambientais, sociais e governança no gerenciamento de ativos, serviços de corretagem de títulos e pesquisas focadas no meio ambiente.

A ESG (Environmental Social and Corporate Governance), reúne três fatores que demonstram o quanto as empresas estão comprometidas para que suas operações sejam sustentáveis nos âmbitos: ambiental, social e governança.

Quando entendemos os significados de cada uma de suas letras, compreendemos a profundidade e o impacto dessa política. A letra E corresponde à “Environmental”, ambiental em português, e está relacionada à conservação e atuação sobre os seguintes assuntos: aquecimento global, emissão de carbono; desmatamento; poluição do ar, do solo, da água; biodiversidade; gerenciamento de resíduos e escassez de recursos de forma ampla.

No caso da letra S, “Social”, mesma escrita em português, diz respeito à relação de respeito com as pessoas, como, por exemplo: relacionamento com a comunidade; relacionamento com os clientes; atendimento as leis trabalhistas e direitos humanos.

Já a letra G, “Governance”, governança em português, cita a preocupação com as melhores práticas; composição do conselho; conduta corporativa; relação com as entidades, políticos e a existência de um canal de denúncias.

Os investimentos em empresas que implantaram o ESG cresceram muito nos últimos anos e acabou se tornando um ponto estratégico na demonstração, pelas empresas, de suas responsabilidades com as mudanças climáticas, ambientais, sociais e com aspectos da governança corporativa.

A medida que as práticas recomendadas pela ESG ganham mais aderência e tração nas empresas, os investidores estão focando no desempenho financeiro destas companhias. Os ETFs, (Exchange Trade Funds), nasceram em 1989 nos EUA, mas somente em 1990, no Canadá, se tornam populares.

Negociados em bolsa, esses fundos são preparados para encontrar estratégias de investimentos específicos conforme a SIF US Foundation “Sustentable and Impact Investiment Trends”.

Seus investidores, que antes possuíam em 2018, US$ 11.6 trilhões em ativos escolhidos segundo os critérios do ESG, contra os US$ 8 trilhões de dois anos antes.

Algumas das Instituições financeiras de primeira linha, como: Goldman Sachs, Chase, JP Morgan. Merrill Lynch e Wells Fargo; publicam relatórios financeiros anuais e os resultados das empresas com estratégias focadas em ESG.

Vários players de “Asset Management”, (Gerenciamento de Ativos), evitam empresas com receitas que venham dos mercados de armas, energia nuclear, carvão e, locais onde existam descriminações de qualquer tipo no trabalho.

Isso acontece porque os investidores atuais estão muito atentos às empresas que entendem o seu papel no novo cenário mundial, O ESG vem se posicionar nesse sentido, tendo em vista a necessária transparência, capacidade de gerenciamento de risco e a almejada sustentabilidade que surgiu como um item da ética corporativa, demonstrando a preocupação com os danos ambientais de longo prazo, por conta do lucro a curto prazo.

Um dos critérios dentro da ESG se destaca no mundo corporativo: o núcleo ambiental. Seus critérios têm aspectos relacionados entre as empresas e o uso de energia, gestão de resíduos, poluição do ar e da água, conservação de recursos naturais, o abastecimento com matéria-primas e a tratativa para manutenção da biodiversidade da fauna e da flora. Um dos países que se destacam como líder em investimentos sustentáveis, é a Suíça.

Visto como centro financeiro do mundo, administrando 27% da riqueza mundial, a Suíça lidera a indústria de fundos e trabalha na definição de uma agenda internacional que atue em várias frentes, principalmente no quesito sustentabilidade, através da transparência dos envolvidos, na competência da evolução contínua, nas melhores práticas e na estruturação das métricas demonstradas através de relatórios que permitam que os especialistas financeiros locais possam, avaliar o acesso a créditos e mitigar e identificar os riscos.

Justamente por essa razão, as Green Techs, que operam na busca constante de energia limpa, se tornam cada dia mais populares. Iniciadas no século XIX, com a revolução industrial através de fabricantes visionários que procuravam reduzir os impactos negativos ambientais produzidos nos processos industriais, a tecnologia verde começou a se expandir na década de 90, no século XX.

Em 2018 a ONU (Organização das Nações Unidas), divulgou um relatório sobre o investimento global em energia renovável e tecnologia verde, que apresenta, apenas em 2017 mais de US$200 bilhões de investimento, e desde 2004 um  total de US$2.9 trilhões, apenas em energia eólica e solar. Neste mesmo relatório a ONU afirmou que a China foi o maior investidor global na área, alcançando US$126 bilhões no ano de 2017.

Alguns investidores que começaram a apoiar empresas com iniciativas de utilização de tecnologia verde, comprando suas ações, tem se beneficiado muito com retornos acima das expectativas.

O investimento socialmente responsável (SRI), são feitos principalmente por fundos de investimentos chamados fundos verdes ou fundos ESG.

Alguns exemplos de negócios voltados ao meio ambiente merecem destaque, como os processos de incineração de resíduos usados na fabricação de plásticos, fertilizantes e combustíveis; os processos modernos de remoção do sal da água do mar; tecnologias verdes sendo empregadas para transformar água suja em potável, e a redução da emissão de carbono e gases produzidos nos processos fabris e colocados na atmosfera pelas fábricas.

A ONU ainda, na busca de soluções que sejam aderentes, elaborou o Pacto Global das Nações Unidas; uma iniciativa estratégica cuja premissa é ajudar as empresas a ter práticas de negócios responsáveis que apoiem a todos que trabalham para o meio ambiente, direitos humanos e contra corrupção, ofertando-lhes, mais oportunidades de crescimento.

As iniciativas do Pacto Global das Nações Unidas, aglutinou diversas empresas mundiais com o objetivo de assinarem, e assim se comprometerem com, práticas de negócios cujos valores sejam os fatores que norteiem o futuro para investidores e empresários.

Foram definidos os seguintes valores: apoiar e respeitar a proteção aos direitos humanos, garantir práticas que não permitam abusos trabalhistas, eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório, abolição do trabalho infantil, eliminar qualquer forma de discriminação, adoção de uma política preventiva para as questões ambientais e sejam conduzidas de forma responsável, desenvolver o compartilhamento e a multiplicação do conhecimento, tecnologias e ser combativo contra corrupção em todas as suas formas incluindo suborno e extorsão.

As empresas que se comprometem com a sustentabilidade podem ter vantagens no acesso a mercados inexplorados, atraindo e retendo parceiros  de negócios, no desenvolvimento de novos produtos e serviços serão certamente novas frentes de receita.

Aumentar a produtividade, incentivando um ambiente de satisfação e responsabilidade interna, com seus colaboradores, como externa.

Cada vez mais, as atividades sustentáveis nas empresas que apoiam a educação de qualidade, inclusiva e equitativa, promovendo inúmeras oportunidades de aprendizagem, estarão em alta.

Ofertando tecnologias de código aberto, ou seja, plataformas com códigos fontes acessíveis a mudanças e aprimoramento por parte de todos os colaboradores envolvidos, as empresas orientadas à sustentabilidade atrairão a atenção dos investidores, que começam cada vez mais buscar empresas que se identifiquem com seus próprios valores e que se importem com a política ESG, contando com apoio social revertido em crescimento de vendas, essas detém um atributo e diferencial estratégico capaz de construir um futuro diferenciado com bons resultados financeiros.

Veja mais posts relacionados

Próximo Post

Healthcare Management – Edição 92

Healthcare - Edição 92

Healthcare - Edição 92

COLUNISTAS