1º dia do Fórum HCB 2021
Ricardo Valentim, do LAIS/UFRN; Alceu Alves, da MV; Mayuli Lurbe Fonseca, da Unihealth Logística; Fernando Torelly, do HCor, foram alguns dos speakers durante o primeiro dia do Fórum HCB 2021
Aconteceu hoje, 15/10, o primeiro dia do Fórum Healthcare Business 2021, realizado em Natal (RN). Com o tema “Liderança em Saúde: Resiliência no mundo após a pandemia”, o evento é realizado em coparticipação e com curadoria do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN).
Edmilson Jr. Caparelli, presidente do Grupo Mídia, abriu o Fórum saudando os gestores convidados. “É uma alegria poder revê-los aqui, desta vez em um cenário diferente, na capital potiguar, no clima amistoso e acolhedor do Nordeste, para discutirmos, justamente, a resiliência no mundo após a pandemia. Agradeço a todos os palestrantes e debatedores que subirão neste palco para expor suas contribuições e também a todos vocês que se abrem hoje a qualificação e as novas ideias, com o objetivo final de trazer inovação e evolução para as instituições em que atuam.”
Logo após as palavras de Caparelli, o secretário de saúde da cidade de Natal, George Antunes de Oliveira, também deu boas-vindas aos gestores convidados.
“Estou extremamente honrado pelo Grupo Mídia ter escolhido a cidade de Natal para ser o palco desse evento importante evento. Natal tem vencido dilemas mesmo com tantos desafios que os municípios estão vivenciando atualmente, principalmente as cidades do Nordeste que, na maioria são pobres, mas que estão mostrando resiliência nesse momento.”
“Tivemos um inimigo comum a todos e isso fez uma união de esforços, um pensar único, que é vencer a pandemia. E estamos conseguindo! Natal tem tido um excelente desempenho, já temos 58% do público-alvo já com as duas doses.”
O secretário ressaltou as dificuldades que os municípios enfrentam quanto à tecnologia da informação e que muito ainda precisa ser feito. “A tecnologia tem fortalecido a área da saúde de forma extraordinária e agradavelmente assustadora, mas precisamos disso em todas as áreas do setor. Por isso precisamos que nossos governantes aproximem de vocês para resolver isso.”
Oliveira pontuou a importância do SUS e sua dedicação à saúde pública: “Eu vivo 24 horas o SUS. É para ele que eu vivo.”
“Se passarmos por essa existência e não ter modificado a vida de uma pessoa, de nada terá valido essa existência. Aqueles que trabalham com a seriedade, objetivo em comum e propósito de levar uma assistência de qualidade para a população conseguirão alcançar seus objetivos de forma mais assertiva”, disse o secretário em suas palavras finais.
“A grande forma de promover resiliência é valorizar a ciência aplicada”
A palestra de abertura do Fórum HCB 2021 foi feita por Ricardo Valentim, diretor executivo do LAIS/UFRN.
Ricardo explanou sobre o Projeto Sífilis Não, realizado em parceria entre o LAIS, o Ministério da Saúde e a OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. A iniciativa prevê ações efetivas e pesquisa aplicada (nas áreas acadêmica e médica).
O projeto envolve 100 municípios considerados prioritários e atua em quatro eixos distintos: gestão e governança, vigilância, cuidado integral e fortalecimento da educação e comunicação.
“O projeto “Sífilis Não” tem contribuído de maneira importante, como ferramenta de indução de política pública do Ministério da Saúde para a redução dos casos de sífilis em todo o país. Esse é um dado que merece ser comemorado, mas sempre alertando a população para a consciência quanto à prevenção, testagem e tratamento em relação à sífilis”, ressaltou o diretor do LAIS.
Em sua palestra, Valentim disse que o Projeto Sífilis Não está sendo exportado para países como Canadá e Estados Unidos.
Valentim encerrou a sua palestra no Fórum HCB 2021pontuando que a “soberania nacional não é com arma, mas com inteligência.”
“A grande forma de promover resiliência é olhar e valorizar a ciência aplicada. Temos que olhar os problemas reais e isso é interesse do Brasil, geram lucratividade e racionalizam os investimentos. A gente aposta muito em equipamentos de alta performance, mas precisamos nos especializar no cuidado da saúde da família”, afirmou.
“Automatizar um hospital é praticamente uma obrigação”
A programação do Fórum HCB 2021 seguiu com a palestra “Disrupção tecnológica na área de Logística”, ministrada por Mayuli Lurbe Fonseca, diretora de Novos Negócios da Unihealth Logística.
Para incitar uma reflexão ao público, a empresária iniciou a apresentação resgatando as memórias de diferentes utensílios que foram digitalizados ao longo dos anos. “Se antigamente uma viagem dependia de uma mala com mapa, guia turístico, livros, CDs e câmera fotográfica, atualmente você faz tudo isso com o celular. E essa tendência se espalha para diversas áreas da nossa vida.”
Dessa forma, ao analisar o papel da logística no setor da Saúde, Mayuli pontua que a área não atua mais de forma exclusiva com medicamentos e utensílios médicos, mas com tudo que se mexe em um hospital.
“Com a tecnologia e a geração de dados, temos a capacidade de analisar todas as informações que permeiam uma instituição de saúde e é nosso dever fazer isso. Automatizar um hospital é praticamente uma obrigação, precisamos nos adaptar ao futuro.”
Avanços da Saúde Baseada em Valor
Depois de um coffee break e visita aos expositores, o Fórum HCB 2021 continuou com o debate sobre os “Avanços da Saúde Baseada em Valor”, que teve a participação de Marcelo Carnielo, diretor de serviços da Planisa; Fernando Pinto, presidente da Unimed Natal; Daniela Medeiros, diretora comercial do Hospital Mãe de Deus; e Rafael Gomes de Castro, presidente da Unimed Petrópolis. A moderação ficou a cargo de Alceu Alves, vice-presidente da MV.
Antes de começar as perguntas, Alceu Alves fez algumas observações. Para ele, a assistência baseada em valor “não é um selo conceitual, mas sim um posicionamento corporativo e que tem que ser desenvolvida em toda instituição.”
O executivo ainda pontuou que “saúde baseada em valor é uma nova lógica de negócio”.
Fernando Pinto, da Unimed Natal, alertou as lideranças da necessidade de entender que a saúde baseada em valor é fundamental e “a única forma de manter a saúde suplementar e pública sustentável”.
“Não se trata apenas de envolver médicos, mas sim de envolver todos os stakeholders. Fomos acostumados a negociar só preço há muitos anos e esse modelo está falido!”, ressaltou.
Rafael Gomes de Castro, da Unimed Petrópolis, disse sobre a necessidade de colocar clientes, colaboradores, cooperados e parceiros comerciais dentro do mesmo cenário e “definir o papel de cada um dentro da lógica do valor comum”.
Daniela Medeiros, do Hospital Mãe de Deus, ressaltou a importância da transparência que, segundo ela, “quase é inexistente na saúde”. “Tem que ter muita transparência para fazer uma boa negociação. A negociação passa por avaliações muito frequentes, quase que mensal. O prestador precisa dialogar com a operadora e vice-versa.”
Marcelo Carnielo, da Planisa, falou sobre as consequências da medicina fragmentada, quando o paciente passa por um especialista e seus dados não são comunicados para outro médico.
“Isso é prejudicial nos custos e na informação, pois teremos dados fragmentados. Quando se fala em diminuição de custos não podemos ver apenas um determinado setor, como a UTI, por exemplo. Temos que ter uma visão sistêmica.”
Hospital Santa Cruz – Hospedagem de Imagens do PACS na Nuvem
A grade do Fórum HCB 2021 seguiu com a palestra de Marcelo Pires, diretor de clientes na dataRain Consulting, com o tema “Hospedagem de Imagens de PACS na Nuvem AWS”. Em sua abertura, o gestor observou que as instituições de saúde precisam de ferramentas robustas para lidar com o enorme volume de dados e as pesadas imagens geradas.
“Cada hospital mantém seus laudos pelo tempo que julgar necessário, mas é preciso ter consciência do espaço que isso ocupa. Já vimos hospitais em São Paulo que arquivam os exames de imagem desde 1998, então ocupam 8 petabytes de memória.”
Durante a explanação, Pires levou ao Fórum HCB 2021 o case do Hospital Santa Cruz, localizado em São Paulo. “Com a crescente demanda pela digitalização de processos e imagens médicas, o Hospital precisou migrar seu sistema PACS (Picture Archiving and Communication System) para um ambiente com armazenamento ilimitado e recursos computacionais escaláveis.”
Dessa forma, a dataRain implementou soluções AWS e os resultados, como redução de custos com armazenamento e disponibilidade das imagens a todo tempo, logo se destacaram.
A apresentação terminou com um vídeo sobre o case, com depoimento de gestores do Hospital Santa Cruz e exemplos de como as soluções AWS foram utilizadas.
Decodificando o DNA do Hospital do Futuro
O Fórum HCB 2021 encerrou como debate sobre “Decodificando o DNA do Hospital do Futuro”. Participaram da mesa Fernando Torelly, CEO do HCor; Felipe Salvador Ligório, diretor médico da Rede Mater Dei de Saúde; Kenneth Almeida, diretor executivo de Inovação, Pesquisa e Educação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; sob a moderação de Roberto Madid, CEO do Unique Medical Center.
Para Torelly, do HCor, a tecnologia vai ajudar a fazer a grande transformação e não vai desumanizar. “Não adianta me dar tecnologia se eu não tenho conhecimento. Temos que ter o cuidado de colocar tecnologia em cima de plataforma humana sem competência.”
O executivo defendeu que o hospital do futuro será mais tecnológico, integrado e competitivo.
“O hospital do futuro também se concretizará quando hospitais, operadoras, fornecedores e pacientes trabalharão de forma integrada.”
Torelly também afirmou que o gestor deve ter três agendas: gestão do dia a dia para a obter eficiência, agenda estratégica para olhar o futuro, e a agenda social para reduzir a igualdade.
Felipe Salvador Ligório, da Rede Mater Dei de Saúde, não acredita que a tecnologia irá desumanizar a medicina, pelo contrário, “ela aumenta a produtividade e diminui os desperdícios”. “O papel da liderança é saber que a tecnologia deve agregar valor, direcionar o foco para o paciente e entregar a melhor assistência.”
Para o hospital do futuro, Salvador Ligório defende um “ambiente sem fricção”.
“Hoje, todo mundo pede pelo celular a sua comida, o Uber. Isso não acontece quando o paciente precisa de uma ajuda médica. Na maioria das vezes ele precisa ir ao hospital, pelo menos em algum momento. Então vejo que no hospital do futuro o paciente exigirá um ambiente tranquilo para ser tratado da melhor forma possível. Para tanto, é importante que hospital, médicos e operadoras entrem nesse processo e a tecnologia vai ajudar muito nisso.”
Kenneth Almeida, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, lembrou de atendimento via telessaúde e que essa prática já tem acontecido mesmo antes da pandemia. “Temos estudos mostrando eficiência desse atendimento. O que precisamos é saber usar dispositivos diferenciados que trazem para o médico informações qualificadas.”
“O hospital estará mais presente na vida das pessoas, mais perto das necessidades que elas têm. O hospital do futuro diminui as distâncias usando a tecnologia como um dos elementos para integrar o conhecimento à prática”, salientou Almeida.
Assista abaixo o 1º dia do Fórum HCB 2021 na íntegra: