“Gestores Hospitalares e de Clínicas – e um 2022 Muito Diferente dos Anos Anteriores”, por Enio Salu

 

(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes dos Cursos Escepti e do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

 

iniciamos um programa de atualização para gestores do Grupo Americas Health:

  • Serão 8 sessões, todas este ano, com a participação de mais de 80 gestores das diversas unidades;
  • No primeiro módulo – Mercado e Gestão da Saúde – estamos discutindo a Cadeia de Valores, os Sistemas de Financiamento, os Tipos de Operadoras e de Serviços de Saúde Privados e Públicos, e BI (Business Intelligence) aplicado na área da saúde … e vou aqui ilustrar um pouco desta discussão na preocupação que os gestores, especialmente os hospitalares, devem ter com 2022.

Os gráficos demonstram que gestão de hospitais, clinicas, centros de diagnósticos, consultórios … gestão de serviços de saúde … é na maioria absoluta dos casos uma “atividade solitária” dos gestores … entendendo:

  • ~76% das instituições mantenedoras operam 1 único estabelecimento na área da saúde … neste universo não existe a possibilidade do gestor trocar experiências reais, comparar indicadores … ele pensa, desenvolve, testa, afere e aprimora, ou abandona, suas ideias sozinho … no máximo com seus pares dentro do próprio estabelecimento;
  • Das mantenedoras que operam mais de um estabelecimento, é claro, a área da saúde protagoniza o cenário. Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde … são instituições “multi-estabelecimentos” onde geralmente a atividade no gestor “lá na ponta” … nas UBSs, UPAs, Hospitais … é muito limitada quando tratamos de inovação, técnicas de gestão … “lá na ponta” é mais comum, infelizmente, presenciarmos a mantenedora dizer ao gestor “não inventa … o orçamento é este, o que temos para fazer é isso, e não temos tempo e dinheiro pra mudar nada”. Neste ambiente, na maioria absoluta dos casos, o “órgão mantenedor” define como a gestão é, e o gestor “cumpre tabela”;
  • Na área privada existe “uma enormidade” de empresas individuais, que configuram um único estabelecimento, e uma pequena quantidade relativa de mantenedoras com mais de um estabelecimento.

Por isso iniciamos este programa de capacitação fortalecendo para os gestores a visão de que grupos privados que atuam na área da saúde operando mais de um estabelecimento como ela são a minoria da minoria … e isso insere no contexto da gestão um diferencial competitivo “gigante” … para a empresa … e para eles, os gestores !

(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes dos Cursos Escepti e do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

Entendendo o cenário na alta complexidade, onde a empresa atua:

  • A maioria absoluta das unidades de internação, tanto no SUS como na saúde suplementar, tem até 50 leitos;
  • São estruturas organizacionais pequenas;
  • Junte isso com o fato que são estabelecimentos isolados … que não fazem parte de grupos … para entender que os gestores destas unidades têm muito menos referências para gestão;
  • O que ocorre nelas é resultado do que o gestor acredita que seja melhor, porque aprendeu assim em alguma experiência anterior, mas eles não têm oportunidade de aferir com indicadores, grupos de discussão sem vieses … se a experiência anterior “cabe” no cenário que ele se encontra agora;
  • É diferente no que ocorre nos grupos, como exemplo este da capacitação, onde o “CEO” promove a integração entre as unidades de negócios e a unidade institucional, e fortalece esta dinâmica institucional através de um programa de capacitação para o máximo de gestores “falarem a mesma língua” … é uma ação estratégica do “CEO” mais do que elogiável, porque fortalece “o disseminar” de práticas de intercâmbio e discussão de informações e indicadores !

Mesmo que durante o programa “eu diga um monte de bobagens” (espero que não) … o fato de colocar os temas em pauta para discussão entre os gestores já terá dado o resultado que o CEO deseja para o projeto: fortalecer o ambiente de desenvolvimento da gestão, de forma participativa entre os próprios gestores !!

(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes dos Cursos Escepti e do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

Em um universo de pequenas empresas isoladas, fazer parte de um grupo que têm o mesmo objetivo social … os mesmos valores … a mesma missão …

  • É um diferencial competitivo que a maioria absoluta das outras empresas que atuam no segmento não tem … na verdade: não podem ter …
  • Por mais que mantenedoras de um único estabelecimento promovam integração com outras … que busquem esta integração através da participação de entidades de classe de serviços de saúde (sindicatos, associações …) … nestes grupos, por mais segmentados que sejam, misturam empresas que estão no mercado com objetivos diferentes, com naturezas jurídicas diferentes;
  • Sindicatos e associações “patronais” são entidades políticas, cujo melhor papel é articular politicamente … não logram muito resultado quando “se aventuram” em temas técnicos, de gestão … empresas associadas sempre “baterão de frente” com vieses que dificultam a troca de informações, e a definição dos parâmetros de gestão mais aderentes a sua realidade nestes ambientes.

Os gráficos demonstram que:

  • Na saúde suplementar o % de unidades de internação menores é maior que no SUS;
  • E as grandes unidades de internação do SUS “embarcam” proporcionalmente mais leitos que na saúde suplementar;
  • Ou seja … um grupo que atua na saúde suplementar, “no negócio internação”, com vários estabelecimentos … tem um diferencial competitivo inquestionável … indiscutível … portanto, se aproveitado para desenvolver a própria gestão, o resultado é “líquido e certo” !

É muito oportuna a inciativa do CEO em desenvolver este programa de capacitação este final de ano:

  • Temos pela frente um ano completamente diferente de tudo que tivemos na saúde suplementar;
  • “Um caminhão” de tratamentos eletivos foi adiado durante a pandemia começam a “bater na porta” dos serviços de saúde credenciados e próprios das operadoras de planos de saúde;
  • E as operadoras estão nos dois anos seguidos de menor potencial de reajuste de preços em função da sinistralidade … uma vez que a sinistralidade geral “caiu” durante a pandemia, e elas só conseguirão reequilibrar custo assistencial x receita no segundo semestre de 2022;
  • Ou seja … operadoras vão demandar mais tratamentos … nas redes próprias e credenciadas … mas com “menos dinheiro na poupança” para pagar as contas.

Como o gráfico demonstra:

  • A maioria absoluta das operadoras é pequena;
  • Com exceção do “Sistema Unimed” onde a troca de informações entre as operadoras … os modelos de gestão … as melhores práticas … é a regra;
  • Em todas as outras operadoras este “intercâmbio” de práticas de gestão … é exceção !
(*) todos os gráficos e tabelas são partes integrantes dos Cursos Escepti e do Estudo Geografia Econômica da Saúde no Brasil

O cenário de 2022 então:

  • Sinaliza grande produção para os serviços de saúde, em especial os hospitais;
  • Operadoras, a maioria pequenas, com “menos dinheiro” que o normal para pagar as contas;
  • O gestor “não atento”, tanto da operadora como do serviço de saúde, pode levar sua empresa para situação de dificuldade de sustentabilidade;
  • Ao mesmo tempo que vamos ter serviços de saúde que não estão atentos para a oportunidade que 2022 apresenta … vamos ver algumas operadoras sucumbirem ao cenário … e a sucumbência de alguma pode significar a sucumbência do serviço de saúde que depende dela !
  • Veja que o gráfico ilustra uma “muito preocupante” relação quantidade de operadoras e número de beneficiários … as pequenas são muito pequenas, e as grande são muito grandes !!
  • No curso discutimos um cenário real, avaliando o quanto a sustentabilidade de um hospital depende de uma operadora e vice-versa !!!

O “mapa da mina” é mesclar os dados que produzimos na área financeira do hospital … de qualquer serviço de saúde … com os dados que temos nas bases de dados públicas (IBGE, CNES, DATASUS, ANS …):

  • E isso é o verdadeiro BI na área da saúde … não é um “módulo” do sistema de gestão da empresa … não é um aplicativo que “a gente compra” de um fornecedor de TI … é o conhecimento que temos do mercado, e onde estão as informações que necessitamos para tomar decisões;
  • Por isso iniciamos o programa discutindo as informações, onde elas estão, como capturar e tabular … por isso disponibilizamos no curso algumas dezenas de planilhas que tabulam estabelecimentos, leitos, médicos, equipamentos … repasses do SUS … ressarcimento das operadoras ao SUS … receitas e despesas de operadoras …
  • O gestor não precisa ser um “expert” no tema … mas precisa muito saber onde estão as informações, quais o vieses, que uso se pode fazer dele … pelo menos para saber que o gestor do concorrente pode estar fazendo uso disso !!
  • Porque, reforçando, o papel do gestor não é “acho que” … é conhecer os indicadores, apurar os do seu cenário específico, projetar, decidir, planejar e definir … nada de “acho” … com números “ele não acha” … ele sabe !!!

Bem … claro que sou suspeito para enaltecer a iniciativa do CEO da AH em promover este programa:

  • Porque fui convidado a participar;
  • Mas não dá para deixar de enaltecer: é o momento certo … um momento “histórico” completamente diferente;
  • Exige habilidade na gestão, porque projetamos o que está por vir em 2022, mas não sabemos exatamente o que vai acontecer;
  • Não será a mesma coisa que 2019 (antes da pandemia) … quanto mais adequados os indicadores que tabulam o que está acontecendo no mundo real agora em 2021, onde a pandemia, graças a Deus, começa a fazer parte do passado … melhor será a gestão da saúde em 2022 !

E é claro também … agradecer a oportunidade de estar fazendo parte deste projeto … a confiança que me foi “depositada” para poder discutir os temas que “estão no DNA” da minha atividade profissional é sempre muito gratificante !!

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