Rafael Mendes, CEO da Vision One, fala sobre integração das unidades e a mudança de organograma
Em julho de 2020, o setor da Saúde pôde acompanhar a criação da Vision One, uma holding de hospitais de olhos presente em cinco estados do Brasil e o Distrito Federal.
Pelo sonho de um grupo de médicos de renomados hospitais do segmento, a empresa nasceu com o objetivo de ser uma empresa com altos padrões de cuidado, valorização médica e gestão.
“A última década foi um dos períodos mais transformacionais para o mercado da Saúde brasileiro. Assistimos a investimentos recordes no setor, a formação de grandes grupos, ao nascimento de healthtechs e a uma medicina mais especializada. Também presenciamos maior destaque para gestão, para medicina sustentável e maior atenção ao paciente no centro de cuidado, entre outros. A Vision One é fruto dessas tendências”, explica Rafael Mendes, CEO da empresa.
Durante sete anos, o gestor trabalhou como CEO e conselheiro do grupo Oncoclínicas, onde aprendeu sobre a importância de se ter instituições renomadas e médicos respeitados para construir um grupo com interesse genuíno em qualidade e focado no cuidado ao paciente.
“Essa experiência criou em mim um desejo muito grande de construir um novo projeto baseado nesse conceito, mas em outra vertical da saúde. Foi quando conheci Marcos Avila, fundador do CBV Hospital dos Olhos, de Brasília, e descobri que compartilhávamos o mesmo sonho.”
A dupla então se uniu a Chu Kong, head de Private Equity da XP, para dar início à Vision One. O projeto começou formalmente em julho de 2020 com investimento da XP Private Equity no CBV Hospital dos Olhos.
“Em poucos meses, tivemos a alegria de agregar o HOPE, único hospital com acreditação internacional do norte-nordeste, e, em seguida, entramos no estado do Mato Grosso através de uma associação com o Hospital dos Olhos de Cuiabá.”
A empresa seguiu expandindo sua presença ao redor do país com a chegada do Hospital de Olhos Santa Luzia, em Recife, e investimento no Vilar Hospital de Olhos, que possui unidades no Piauí e Maranhão.
Ao final de 2021, a Vision One entrou no Sudeste com a parceria com os hospitais H.Olhos, Molinari e CERPO.
“Conseguimos solidificar uma posição de destaque em São Paulo e Grande ABC com as entradas da Laser Ocular ABC e Clinoft.”
Atualmente, a Vision One conta com 26 unidades ao redor do Brasil e conta com mais de 2,5 mil colaboradores e médicos, contribuindo para mais de 2,5 milhões de atendimentos e procedimentos anualmente.
Integração e gestão
A partir do momento que a Vision One se tornou uma rede com diversos hospitais acreditados e de excelência, Mendes avalia que “não faz sentido ter essa união se não puder operar como um grupo e trocar as melhores práticas e experiências de gestão e assistência.”
Dessa forma, a holding optou por um processo com início no diagnóstico profundo de pessoas, sistemas e processos.
“Após entender a realidade de cada hospital e região, iniciamos as mudanças necessárias e as padronizações de organograma e indicadores, pois assim conseguimos ter líderes com desafios similares e indicadores que medem e comparam os resultados.”
O próximo passo envolve aplicar processos de digitalização, que inclui prontuário eletrônico próprio e a implementação da cultura ágil.
“Nosso modelo de gestão se baseia na metodologia ágil, ou seja, acreditamos na combinação de velocidade na tomada de decisão, profundidade dos temas discutidos, abertura genuína e a flexibilidade para mudança de rumos, se necessário.”
A metodologia ágil vem na indústria de tecnologia e vem sendo adaptada por diversos setores ao longo dos anos. Um de seus maiores valores é: dar uma maior importância para as pessoas e suas interações do que para processos e ferramentas.
“O setor da Saúde precisa ter processos bem estabelecidos para suportar a complexidade da cadeia, que envolve a coordenação de diversas ações que precisam acontecer de forma segura dentro do hospital. Por isso, a Vision One acredita em um modelo híbrido.”
Dessa forma, um dos primeiros passos da empresa é empoderar os colaboradores através de uma organização do trabalho, permitindo assim, maior autonomia.
“O organograma tradicional, verticalizado e estruturado por departamentos e cargos, passou a ser secundário. Ele ainda existe, por uma questão administrativa, mas as interações deixam de ser pautadas por ele e passam a se organizar em torno de uma lógica de macroprocessos, que chamados de Jornadas.”
Essas Jornadas são: administrativo financeiro, Negócios, Médico Assistencial, Gente, Relacionamento Médico, Operacões e Tecnologia.
Além disso, a Vision One também criou os Squads, que são equipes multidisciplinares e enxutas, com no máximo dez pessoas, com a missão de produzir e estruturar projetos em torno de um objetivo claro.
“Cada Squad é formado por profissionais de várias Jornadas, que vivenciam diferentes rotinas no hospital e, com isso, conseguem ver os problemas e desafios a partir de pontos de vista diversos, permitindo que o grupo construa soluções mais rápidas, criativas e eficazes.”
Cada hospital possui suas próprias equipes de Jornadas e Squads independentes, pois a Vision One não gerencia o dia a dia do modelo.
A gestão da empresa é descentralizada, fazendo com que as unidades tenham autonomia para operar de forma ágil e independente.
“Ninguém conhece mais a operação local do que as pessoas que vivem ali. Então o papel da nossa holding é determinar as diretrizes nacionais, apoiar gestores locais em suas tomadas de decisão e promover as melhores práticas.”