Futuro dos avanços tecnológicos em dispositivos médicos passa pela inteligência artificial

Em um cenário mundial, onde a tecnologia evolui a cada momento com mecanismos de inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT, é questão de tempo para que softwares de IA estejam totalmente integrados ao dia a dia hospitalar e da população.

Mas antes, é preciso que o governo regularize o uso da tecnologia no país, pois são aplicações que se valem de algoritmos elaborados e geridos por empresas internacionais.

“Sem dúvidas, o que virá para o futuro passa por inteligência artificial. A Agência tem o desafio de acompanhar o desenvolvimento dos algoritmos que serão incorporados em softwares, afinal já existe a classificação de softwares como dispositivo médico”, disse Fernando Silveira Filho, presidente-executivo da ABIMED, ao participar do seminário “Avanços tecnológicos em dispositivos médicos”, em celebração aos 25 anos de atuação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 27 de fevereiro, em sua sede, em Brasília (DF).

O evento contou com a presença de gestores das principais associações e instituições de saúde do país.

Ainda que o país tenha muito potencial para a produção de novos dispositivos com tecnologias avançadas, todos os processos esbarram na necessidade de mecanismos regulatórios condizentes com a realidade de produção e disseminação dessa tecnologia.

Para a presidente da Associação Nacional de Empresas de Biotecnologia (Anbiotec), Vanessa Silva, os principais embargos na produção de dispositivos de saúde são o alto custo do processo de produção, desde o desenvolvimento até a certificação, algo bastante dispendioso para as fabricantes nacionais. “Isso é um fato, inovação é caro no país”.

Para além dos embargos legislatórios e financeiros, o desenvolvimento de dispositivos de saúde com softwares de IA ainda enfrenta e enfrentará desafios de credibilidade, pois quando se fala em uso de IA a primeira associação feita é com a produção automática de conteúdos, ou relatórios sem a supervisão direta de um profissional.

Na opinião do presidente-executivo da ABIMED, a tecnologia tem muito a agregar à medicina. No entanto, é preciso um acompanhamento criterioso por parte das agências regulatórias e de outras entidades do setor, no desenvolvimento dos algoritmos que serão incorporados aos softwares de saúde.

“Isso trará uma aceleração e abrangência muito importante. Quando estamos em uma onda inovadora, como a que estamos vendo, trazida pelo crescimento amplo dos dispositivos digitais para a transformação digital, acaba-se afogando, ou se atrapalhando um pouquinho na divisão das coisas. Os dispositivos de softwares relativos à gestão hospitalar e de dados são uma coisa, por exemplo. Outra, são aqueles elementos de inteligência que vão acabar interferindo no diagnóstico, no tratamento e na reabilitação dos paciente”, explicou.

Segundo informações da Anvisa, a agência tem, aproximadamente, 540 softwares médicos com algum tipo de IA registrados e regularizados desde a década de 1980.

No entanto, nenhum tem inteligência artificial com aprendizado contínuo, ou seja, mecanismos que aprendem durante o uso, como acontece no ChatGPT, por exemplo.

O avanço da tecnologia, principalmente no que tange à aplicação na saúde, é uma das preocupações da ABIMED.

Fernando Silveira Filho destaca que a Associação possuí um comitê específico para monitorar as inovações na área da saúde que acontecem no Brasil e no mundo, visando “trazer não apenas aquilo que as associadas fazem, mas também o que será o próximo passo; a próxima fronteira de inovação a ser incorporada em dispositivos e equipamentos”.

O investimento em pesquisas, análises e monitoramentos por associações, como a ABIMED, possibilita uma rápida inovação e modernização da indústria da saúde, que necessita se adequar às práticas mais modernas e tecnológicas de diagnóstico e tratamento ofertadas dentro e fora do país, a fim de solucionar as necessidades da população.

Entretanto, a transformação e a inovação não dependem apenas dos esforços da indústria.

É preciso regulamentar as práticas de criação e desenvolvimento de dispositivos de saúde que usam IA e assegurar o uso destes equipamentos no mercado interno, principalmente no Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por atender uma parcela gigante da população.

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