Hospital Icaraí inaugura serviço de Cardio-oncologia da unidade

Evento comemorativo teve como temas: cardiotoxicidade e a importância de se monitorar pacientes em tratamentos oncológicos, evitando complicações cardiovasculares

Hoje, 11 de julho, o Centro de Estudos do Hospital Icaraí realizou Sessão Clínica comemorativa à implantação do Serviço de Cardio-oncologia da unidade, uma parceria entre o serviço de Hematologia e de Transplante de Medula Óssea de Niterói (GHTN) e o setor de Cardio-oncologia do Hospital Icaraí.

O evento contou com a apresentação de Bruna Miliosse, coordenadora do serviço de Cardio-oncologia do Hospital Icaraí. Com os temas apresentados: “Como avaliar o paciente em relação ao risco de cardiotoxicidade pré-tratamento oncológico?” e “Como o cardiologista pode ajudar o oncologista na sua tomada de decisão terapêutica inicial ou no seguimento do paciente com complicações cardíacas?”.

Segundo o Roberto Magalhães, um dos responsáveis pelo setor de Hematologia do GHTN e do Hospital Icaraí, atualmente, à medida que as pessoas vivem mais, a incidência de câncer e doenças cardiovasculares aumenta.

“Há 20 anos, o tratamento das doenças cardiovasculares passou por uma grande transformação com o cateterismo, menos cirurgias cardíacas, e as pessoas passaram a se cuidar mais preventivamente. No entanto, a doença cardiovascular ainda é muito prevalente na população. Hoje, à medida que as pessoas vivem mais, a incidência de câncer também cresceu. Não é raro atendermos pacientes com algum tipo de câncer e também com doença cardiovascular”, constata o médico.

O Magalhães chama a atenção para a coexistência dessas duas doenças em um número significativo de pessoas na população. Outro ponto importante é que muitos tratamentos oncológicos utilizam medicamentos cardiotóxicos, que podem acarretar problemas cardíacos até mesmo em quem não tem a condição.

“A antraciclina, por exemplo, é um quimioterápico que pode afetar o funcionamento do coração e causar insuficiência cardíaca. Mesmo os medicamentos mais modernos podem ocasionar problemas cardiovasculares, como fibrilação atrial. Muitas quimioterapias, como o transplante de medula óssea e as novas terapias com CAR-T cell, também podem causar problemas cardiovasculares nos pacientes, principalmente aqueles que já tiverem doença cardiovascular pré-existente, assintomática ou subclínica”, explica o hematologista.

O médico complementa que a Cardio-oncologia nasce da interação com a Oncologia e a Hematologia.

“Na Hematologia, a Cardio-oncologia envolve desde os tratamentos quimioterápicos antigos até os medicamentos modernos e os pacientes que fazem terapia intensiva onco-hematológica, como o transplante de medula óssea. A avaliação desses pacientes precisa ser feita durante todo o tratamento. O nosso serviço de Cardio-oncologia irá monitorar os pacientes hemato-oncológicos desde o período de pré-transplante de medula óssea, durante o procedimento e depois, de maneira preventiva. Mesmo sendo o único procedimento para salvar a vida do paciente, há riscos que podem ser minimizados e avaliados pelo cardiologista, evitando desfechos ruins, como arritmia, embolia pulmonar, infarto ou crise hipertensiva”, avalia.

Roberto finaliza ressaltando que, uma vez descoberto um problema cardíaco após o transplante ou em pacientes em clínicas de quimioterapia que serão submetidos a tratamentos quimioterápicos oncológicos, é necessário acompanhamento contínuo do cardiologista junto ao oncologista.

“No nosso caso, em especial, monitoramos os pacientes internados com leucemia, linfoma e mieloma, que são doenças hematológicas tratadas intensivamente no hospital”, explica o Roberto Magalhães.

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