A gestão eficiente da cadeia de suprimentos na área da saúde é um fator determinante para a qualidade do atendimento hospitalar. O armazenamento de insumos gerais, materiais médicos e medicamentos diretamente nos hospitais, embora tradicional, tem se mostrado limitado e oneroso frente às demandas atuais de redução de custos, otimização de espaço e agilidade no abastecimento. Uma solução inovadora que está ganhando força e espaço no meio, é a criação de estruturas consolidadas de armazenagem e distribuição fora das áreas hospitalares, com grade de abastecimento diário programado.
Essa abordagem pode reduzir significativamente o valor estocado, melhorar a cobertura de estoques e liberar áreas internas dos hospitais para atividades produtivas e de cuidado, sem gerar qualquer risco ao cuidado e segurança do paciente.
A centralização de grandes volumes em um centro de distribuição externo oferece vantagens competitivas significativas. Primeiramente, permite a adoção de processos logísticos mais modernos, como sistemas automatizados de controle de estoque e transporte. Isso reduz o risco de obsolescência e desperdício, otimizando a gestão de insumos por meio de análises preditivas e alinhamento mais preciso entre demanda e oferta. Além disso, a utilização de sistemas robustos de rastreamento garante o abastecimento diário ao hospital com segurança e previsibilidade, minimizando o risco de desabastecimento e rupturas de estoque. É entregar uma operação que não é “core business” dentro do complexo segmento hospitalar, para um especialista no assunto.
Outro benefício importante é a redução de custos operacionais. A manutenção de estoques elevados em áreas hospitalares representa não apenas um custo financeiro direto, mas também um custo indireto relacionado à ocupação de espaços nobres que poderiam ser dedicados a atividades assistenciais. Com a transferência dos estoques para um centro de distribuição externo, os hospitais podem redirecionar esses espaços para expansão de leitos, criação de áreas de atendimento ou instalação de equipamentos médicos de alta tecnologia, aumentando a capacidade produtiva, a receita e a margem da instituição.
Além disso, a estratégia favorece a flexibilidade operacional. Em cenários de crises, como pandemias ou eventos climáticos localizados, a estrutura centralizada permite ajustes rápidos nos fluxos de abastecimento para atender a picos de demanda. Com um estoque externo gerido por especialistas e reabastecimento diário, o hospital se torna menos vulnerável a falhas e rupturas na cadeia de suprimentos, ao mesmo tempo em que reduz o impacto de estoques excessivos sobre seu capital de giro.
Outra possibilidade estratégica altamente viável é a colaboração entre diferentes hospitais para compartilhar estruturas de armazenagem e frota de distribuição. Essa abordagem permite ganhos de escala significativos, reduzindo custos operacionais para todos os envolvidos e promovendo maior eficiência na cadeia de suprimentos. Ao unirem esforços em logística, os hospitais podem negociar melhores condições com provedores, otimizar rotas de transporte e minimizar desperdícios. Essa sinergia operacional não compromete a qualidade ou a competitividade nas práticas médico-assistenciais, que permanecem o verdadeiro foco da excelência hospitalar. Afinal, somos concorrentes na busca por melhores desfechos clínicos e inovações no cuidado ao paciente, mas aliados na otimização logística, que deve ser vista como uma ferramenta de suporte estratégico para maximizar recursos e ampliar o impacto positivo do sistema de saúde como um todo.
Concluindo, a criação de estruturas próprias de armazenagem e distribuição de grandes volumes fora das áreas hospitalares representa uma solução estratégica para otimizar a gestão de supply chain em saúde. Essa abordagem não só mitiga os riscos de desabastecimento e reduz custos, mas também promove um uso mais eficiente dos espaços hospitalares, favorecendo a expansão de áreas produtivas e o aprimoramento do atendimento ao paciente. A implementação desse modelo requer planejamento e investimento, mas os ganhos em eficiência, segurança e sustentabilidade justificam plenamente o esforço.
Sejamos os agentes colaborativos desta mudança, pensando nessa lógica com uma lupa sem miopia ou pré conceitos antigos e estabelecidos. A consolidação de escalas e volumes, é uma necessidade e grande fronteira a ser trabalhada como ajuste de custos operacionais.
Profissional com 36 anos de carreira, tendo foco na alta gestão estratégica de grandes corporações. Conhecimento agregado nos últimos 10 anos do segmento hospitalar e de saúde, sendo responsável direto por áreas de apoio e geradoras de resultados ao negócio do Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre: Suprimentos (Compras e Logística de Materiais), Infraestrutura (Engenharias Clínica, Predial, Eletromecânica e Obras), Tecnologia da Informação (hardware, software, dados e inovação), Saúde Digital (Telemedicina), Gestão Ambiental, Segurança Patrimonial e Estacionamentos. Administrador de formação, possui educação executiva pela Harvard Business School em “Valor no Cuidado à Saúde”, Pós-MBA pela Fundação Getúlio Vargas em “Inteligência em Negócios”, MBA executivo internacional pela University of California em “Gerenciamento de Negócios” e MBA pela Fundação Getúlio Vargas em “Supply Chain Management”. É professor convidado do programa de MBA em Gestão na Saúde da PUC/RS na disciplina de “Sustentabilidade em Saúde”, professor convidado da pós graduação em saúde da Faculdade Unimed, professor convidado do MBA em Saúde da Faculdade Moinhos de Vento e um dos 100+ influentes da saúde no Brasil em 2022 e 2023 pelo Grupo Mídia.