A palestra “Desafios Climáticos da Agenda ESG no setor da Saúde” integrou a programação exclusiva da ABIMED na Hospitalar 2025, a maior feira de saúde da América Latina.
Vanessa Andrino, gerente de Governança e Sustentabilidade na Cadeia de Suprimentos do Hospital Israelita Albert Einstein, compartilhou experiências práticas da atuação do Einstein, destacando aprendizados e desafios para consolidar práticas sustentáveis na cadeia de suprimentos hospitalar.
Confira os principais pontos abordados:
O desafio de transformar cultura organizacional
Vanessa Andrino ressaltou que o maior obstáculo para implementar políticas ESG não é apenas técnico ou financeiro, mas sobretudo cultural.
Muitas organizações ainda não internalizaram a sustentabilidade como parte essencial de sua estratégia de negócios.
“A cultura é uma barreira maior que o orçamento. Não adianta ter matriz de impacto se a organização não tiver o mindset adequado para incorporar essas mudanças”, afirmou.
A especialista destacou que a resistência está presente tanto em grandes quanto em pequenas empresas, sendo necessário um trabalho contínuo de conscientização.
A palestrante enfatizou que o engajamento dos fornecedores é um pilar crítico na cadeia de valor da sustentabilidade hospitalar.
Muitos fornecedores, especialmente pequenos, ainda não possuem processos ou cultura alinhados com as práticas ESG.
Segundo Vanessa, o Einstein desenvolve projetos para apoiar e capacitar fornecedores, demonstrando que, mesmo com limitações financeiras ou estruturais, é possível adotar práticas mais sustentáveis.
“Precisamos envolver os fornecedores, mostrar a eles que esse movimento é irreversível e ajudá-los a encontrar caminhos para se adaptar.”
Modelos escaláveis: pequenas ações com grande impacto
Vanessa apresentou exemplos de como pequenas ações podem ser escaladas para gerar impactos significativos.
A adoção de modelos simples, como contratos de longo prazo com metas claras de sustentabilidade, permite envolver pequenos fornecedores e impulsionar sua evolução.
Ela explicou que, ao dividir investimentos e metas ao longo de três anos, por exemplo, é possível viabilizar a adesão de pequenos negócios, tornando o processo mais acessível e realista.
O Hospital Israelita Albert Einstein criou programas de reconhecimento e premiação para fornecedores que mais se destacam na adoção de práticas ESG, reforçando uma cultura de excelência e melhoria contínua.
“Temos uma metodologia robusta e premiamos, por exemplo, quem entrega o maior volume de materiais médicos com eficiência ou quem consegue reduzir emissões”, explicou Vanessa.
Essa abordagem, segundo ela, motiva os fornecedores e reforça o propósito do hospital de ser referência em sustentabilidade.
Sustentabilidade como estratégia de negócios
Para Vanessa, a agenda ESG já não é mais opcional, mas uma necessidade estratégica para o setor da saúde.
Ela reforçou que as instituições precisam ser proativas na construção de cadeias de suprimentos mais sustentáveis, resilientes e responsáveis.
“Se já sabemos que essa será a exigência do futuro, por que não começar agora? Sustentabilidade não é só compliance, é visão de longo prazo e compromisso com a sociedade.”
O Einstein já estruturou mais de 300 projetos com foco em sustentabilidade, envolvendo desde ações ambientais até iniciativas sociais e de governança.
Esse volume expressivo demonstra a viabilidade e a importância de integrar a sustentabilidade à rotina da operação hospitalar.
Vanessa concluiu reforçando que o compromisso com a sustentabilidade fortalece a confiança nas relações comerciais e impulsiona a inovação no setor da saúde.