A saúde digital brasileira ganha um novo aliado institucional: a ABRADIS, Associação Brasileira das Empresas de Soluções Digitais para a Saúde.
Criada por dez companhias fundadoras — Covek, Dr. Mobile, Elsevier, Inovadora, Input Center, IT4D, Memed, MV, SisHOSP e Tascom — e ampliada com a entrada de Axis Technology e Sisac Brasil.
A ABRADIS surge com a missão de unir e representar o setor produtivo de software e serviços digitais voltados à saúde, um segmento em rápida expansão que até então carecia de uma voz institucional própria.
“Apesar de a saúde digital ser um dos temas mais relevantes da atualidade, o Brasil não tinha uma entidade que congregasse e defendesse as empresas de soluções para esse ecossistema”, afirma Marcelo Silva, presidente executivo da ABRADIS.
“Essa ausência inviabilizava a união do setor em prol de objetivos comuns e o atendimento de diversas demandas regulatórias e técnicas”, finaliza.
Com mais de três décadas de experiência no campo da tecnologia para a saúde, Silva traz uma visão abrangente sobre os desafios e oportunidades do setor.
Ex-diretor executivo da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e ex-vice-presidente da International Medical Informatics Association (IMIA), o executivo destaca a necessidade de aproximar as duas esferas da saúde digital: o upstream, responsável por conceitos e regulamentações, e o downstream, onde as soluções são efetivamente produzidas e aplicadas.
“Os fóruns de regulamentação no país raramente contam com representantes da indústria. Isso resulta em regras difíceis de implementar, elevando custos e atrasando entregas. Queremos ocupar esse espaço para contribuir com normas mais aderentes à realidade do mercado”, explica.
Entre as prioridades da ABRADIS está a busca por tratamento tributário diferenciado para softwares e serviços digitais em saúde — hoje enquadrados como produtos genéricos de tecnologia.
“As soluções digitais deixaram de ser ferramentas secundárias; são parte essencial da gestão e da assistência à saúde. Sem o software, a saúde volta ao papel e à caneta”, ressalta Silva.
Outro foco é a interoperabilidade entre sistemas, tema debatido há quase duas décadas, mas ainda distante da prática.
“A tecnologia existe; o que falta é coordenação e engajamento das empresas para entender as barreiras e superá-las coletivamente”, observa o executivo.
A ABRADIS também pretende atuar na capacitação de profissionais, promoção de eventos técnicos e criação de fóruns de discussão entre os associados.
O objetivo é impulsionar a competitividade, reduzir custos e fomentar parcerias técnicas, comerciais e estratégicas.
Embora reconheça que o amadurecimento institucional leve tempo, Silva antecipa resultados já no curto prazo.
“Em 2026 teremos participação em eventos do setor, grupos de trabalho, capacitações e parcerias com condições vantajosas aos associados. Nosso Estatuto prevê 23 tipos de atividades, e várias delas já estão em andamento”.
Aberta a empresas de todos os portes e regiões, a associação aposta no associativismo empresarial como motor de fortalecimento coletivo e influência política.
“Quando o setor se une, ganha representatividade, competitividade e poder de negociação. É dessa união que nascerão as próximas conquistas da saúde digital no Brasil”, conclui Marcelo Silva.















