De acordo com o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES), em julho de 2012 o país contava com 18 empresas de serviços de atenção domiciliar. Em 2018, este número saltou para 676. O dado encontra-se no Censo de Atenção Domiciliar 2017/2018, encomendado pelo Sinesad (Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Atenção Domiciliar à Saúde) e NEAD (Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar) à Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Outro indicador importante do estudo aponta que, nos 12 meses que antecederam o questionário, 51 empresas chegaram a atender 12.681 pacientes, o que significa que é muito grande a ajuda na rotatividade e liberação de leitos hospitalares.
Tamanha importância da atenção domiciliar é reforçada, anos após anos, por meio do crescente número de idosos, surgimento de doenças crônicas, pela escassez de leitos hospitalares e pela busca de assistência com qualidade e humanização.
De acordo com o presidente do Sinesad e diretor do NEAD, Ari Bolonhezi, atualmente hospitais e operadoras de saúde veem no atendimento homecare uma importante e potente parceria para a desospitalização.
“Em estudo recente, realizado pela FIPE, constatamos que a interrupção abrupta da atenção domiciliar acarretaria a necessidade de criação de mais de 16.000 novos leitos hospitalares ao ano, o equivalente a todos os leitos (públicos e privados) do estado de Santa Catarina.”
O mercado da Saúde ganha muito com o atendimento domiciliar. Com ele, é possível obter uma maior racionalização dos recursos, otimização de leitos hospitalares e a reintegração do indivíduo à sociedade.
A prova do sucesso e da necessidade dessa modalidade de assistência, de acordo com o Bolonhezi, é a adoção e crescimento do atendimento domiciliar no setor público, através do Programa Melhor em Casa. “O serviço funciona de forma semelhante ao setor privado, com cuidado domiciliar, e está disponível no Sistema Único de Saúde. Isso evidencia uma grande vitória à categoria.”
Crescimento humanizado
Para o diretor, apesar da regulamentação da atenção domiciliar realizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) através da sua RDC nº 11, o principal desafio é a normatização dos serviços no setor privado, junto à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). “Ainda há muito desconhecimento e entendimentos equivocados sobre a modalidade, seja entre leigos ou no meio jurídico, e mesmo entre os profissionais da saúde. É preciso entender que, como qualquer outra forma de prestação de serviços de saúde, continuarão havendo limites dentre as possibilidades do homecare.”
Entre os desafios que o setor encontra, o diretor pontua a necessidade de construir indicadores mais precisos e específicos; intensificar a capacitação profissional; agilizar processos; discutir e difundir conceitos; aprimorar boas práticas de governança, incorporar novas tecnologias e incrementar as possibilidades de abrangência da atenção domiciliar.
Ainda assim, as expectativas de Bolonhezi são positivas. “Com diversos sistemas de qualificação e acreditação para as empresas de atenção domiciliar disponíveis como ONA, Joint Comission e QMentum, a tendência é ganharmos força”.