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ABRAIDI revela que deterioração na saúde chegou aos R$ 4,5 bi

A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI) finalizou pesquisa que apontou as distorções no setor de saúde em patamares jamais registrados.

A ABRAIDI promove anualmente o levantamento há quase uma década.

O montante de pagamentos pendentes ou não realizados pelos clientes, planos de saúde ou hospitais, chegou à insustentável marca de R$ 4,587 bilhões.

Desse total, R$ 2,2 bilhões, montante que imobilizou 17,63% do faturamento das empresas de produtos para saúde, estão relacionados à retenção de faturamento, quando a fonte pagadora não autoriza a cobrança, após a realização de uma cirurgia previamente autorizada.

As glosas injustificadas chegaram à R$ 229,7 milhões e a inadimplência à R$ 2,069 bilhões.

O valor global comprometeu 36% do faturamento das empresas.

O estudo foi apresentado, em evento, no Instituto de Radiologia – InRad, do Complexo do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e teve o patrocínio da VIMAN Sistemas, da Diferencial Tributária e do Grupo Health Mercantil.

O Fórum ABRAIDI marcou a publicação da 8ª edição da pesquisa “O ciclo de fornecimento de produtos para saúde no Brasil”.

Para o presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha, os dados são alarmantes e afetam a sustentabilidade dos sistemas privado e público, já que a situação se deteriorou muito em relação aos anos anteriores.

“A glosa dos produtos fornecidos aumentou em 20% e atingiu 80% das associadas da ABRAIDI, já a inadimplência superou R$ 2 bi e foi o valor mais alto dos últimos sete anos”, relatou.

O valor total a receber pelas empresas ou perdido deu um salto de 45% na comparação com o ano anterior.

Sérgio Rocha lembrou que a queda de braço imposta vai além da relação comercial e chega ao patamar de abuso de poder econômico.

“As operadoras e hospitais determinam que as empresas posterguem o faturamento dos produtos utilizados e, depois, ainda solicitam descontos de dois dígitos para efetuar o pagamento, em montante menor do que foi negociado inicialmente”, explicou.

“Os associados que não aceitam são retaliados com a exclusão no fornecimento”, completou.

Na pesquisa da ABRAIDI, 40% dos representantes das empresas de produtos para saúde disseram ter sofrido retaliações por parte de planos e hospitais.

Os longos prazos impostos pelos clientes para a autorização da emissão da nota fiscal de venda e o recebimento pelos produtos fornecidos continuam sendo um dos principais desafios do setor, conforme constatado na pesquisa da ABRAIDI.

As empresas tiveram de esperar, em média, 63 dias até obter sinal verde para a emissão da nota fiscal de uma cirurgia ou procedimento realizado — e mais 76 dias para o pagamento.

Isso representou um total de 139 dias (4 meses e 19 dias), período ainda maior do que o constatado no levantamento do ano anterior.

Considerando apenas a saúde suplementar, a situação foi ainda pior, chegando a seis meses.

“Imagine você entrando em uma concessionária de veículos, leva o seu carro e paga somente seis meses depois. Essa é a realidade que vivemos hoje”, desabafou o presidente da ABRAIDI, relembrando que as operadoras registraram lucro líquido de R$ 11,1 bilhões — um aumento de 271% em relação ao ano anterior, e o maior desde 2020.

O montante retido por hospitais e operadoras em razão das diferentes formas de distorções cresceu 15% em valores reais (atualizados pelo IPCA), em relação ao ano anterior da pesquisa, e foi cerca de 140% maior desde que o levantamento começou a ser feito, em 2017.

Atualmente, a ABRAIDI reúne 300 empresas que empregam mais de 15,9 mil trabalhadores.

Fórum ABRAIDI

O evento foi aberto pelo presidente do Instituto Coalizão Saúde e do InRad, Giovanni Cerri.

“A questão da saúde é um grande desafio. Hoje vivemos uma crise que sempre atingiu o SUS e agora afeta o setor privado. O problema está na sustentabilidade e, por isso, precisamos utilizar a tecnologia, que será o motor da próxima década, para melhorar o acesso da população e reduzir os custos. Temos que fazer com que os dispositivos médicos melhorem a vida das pessoas com doenças crônicas. A agenda é extensa, complexa e desafiadora”, afirmou Giovanni Cerri.

O primeiro painel do Fórum 2025 abordou a construção de um futuro mais sustentável em relação aos aspectos econômico-financeiros do setor de dispositivos médicos.

A mediação foi feita por Sérgio Rocha. A mesa contou com a participação da CFO da Arthrex do Brasil, Ana Coelho; do diretor-geral da Promedon do Brasil, Everson Soares; do COO da Braile Biomédica, Rafael Braile; e do diretor-geral para a América Latina da Bunzl, Jonathan Taylor.

O segundo painel tratou do papel da tecnologia no combate às ineficiências. A moderação ficou a cargo do gerente executivo da ABRAIDI, Davi Uemoto, e os debatedores foram o CEO da Surgical Mapp, Gustavo Veloso; o líder de Projetos e Inovação da Cortical, Luca Maggioni; o CEO da OPME Log e diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), Michel Goya; e o fundador da VIMAN Sistemas, Sérgio Mancini.

O evento da ABRAIDI foi palco ainda de discussões sobre planejamento financeiro.

Os painelistas compartilharam estratégias para otimizar a gestão, atrair investimentos estratégicos e impulsionar a inovação em um ambiente regulatório complexo e dinâmico.

Participaram do debate o CEO do Grupo Health Mercantil, Adriano Bragança; o CEO da O-Trek, Carlos Eduardo Bernini; e o diretor de Compliance Regulatório da Opera+Saúde e controller da Diferencial Tributária, José Wolnei Schwartzhaupt.

Sérgio Rocha, presidente da ABRAIDI, apresenta pesquisa

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