O novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, tomou posse nesta segunda-feira, 10 de março, no lugar de Nísia Trindade. Padilha foi escolhido pelo presidente Lula por sua experiência à frente do cargo, uma vez que foi ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff.
Em seu primeiro discurso como Ministro da Saúde, Alexandre Padilha reiterou a “obsessão em reduzir o tempo de espera e ampliar o acesso ao atendimento especializado no Brasil. Não há solução mágica para um problema que se arrasta há décadas e se agravou com a pandemia e o descaso do governo anterior. Não se trata de uma doença aguda para a qual já exista um remédio imediato. Como dizemos na medicina, não é algo que possamos resolver apenas aliviando a febre e a dor momentaneamente”, disse. Em cerimônia de posse no Palácio do Planalto, o ministro Padilha afirmou que aprendeu com o presidente Lula que “diante da dificuldade, a gente teima. Teima, insiste, vai lá e faz”.
“Não podemos aceitar que um entregador fique sem trabalhar e sustentar sua família por falta de um exame acessível em um horário viável. Vamos lutar, porque é desumano que uma família inteira sofra noites de angústia esperando a realização de uma biópsia, quando sabemos que o diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura do câncer”, acrescentou, reiterando o compromisso de colocar esse desafio histórico no centro das ações do Ministério da Saúde. “Essa não será apenas uma prioridade – será nossa agenda diária de trabalho”.
Segundo Padilha, “como em qualquer serviço de saúde de urgência, nosso compromisso será de 24 horas por dia, de segunda a segunda, para reduzir o tempo de espera e garantir um atendimento especializado digno para todos os brasileiros”.
Enfrentamento do negacionismo
Padilha ressaltou a importância do SUS como um pilar fundamental da sociedade brasileira e se comprometeu a defendê-lo de ataques e retrocessos. “Negacionistas, vocês têm as mãos sujas com o sangue de todos aqueles que partiram na pandemia. Este governo não permitirá que a perversidade de vocês gere indiferença e desprezo à vida das nossas crianças e famílias brasileiras”, afirmou, referindo-se ao impacto das políticas negacionistas na crise sanitária da covid-19.
O novo ministro também destacou que sua gestão será pautada pelo fortalecimento das campanhas de vacinação, pelo enfrentamento de doenças tropicais como a dengue e a malária e pela busca de novas tecnologias para aprimorar o atendimento no SUS.
Novo modelo de remuneração no SUS
Entre os desafios assumidos pelo novo ministro também está a criação de um novo modelo de financiamento para os serviços de saúde. Alexandre Padilha anunciou que sua equipe trabalhará para encerrar a atual tabela SUS, propondo um sistema de remuneração mais eficiente para estados, municípios e hospitais que garantirem atendimento mais rápido e de qualidade.
“Teremos coragem e ousadia para superar esse modelo e criar uma política que valorize quem atende no tempo certo. Não há solução mágica, mas há determinação. Vamos enfrentar e vencer esse desafio”, destacou.
Valorização dos profissionais da Saúde e compromisso com a ciência
Padilha reforçou que a saúde pública precisa de trabalhadores qualificados e valorizados para garantir um atendimento eficiente. Ele garantiu que o Ministério da Saúde será parceiro de universidades e centros de formação, priorizando a qualidade da formação de médicos e demais profissionais da saúde.
Além disso, reafirmou o compromisso com a ciência e a cooperação com instituições internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). “Aqui vocês têm um ministro e um presidente da República que dizem sim à OMS, sim às campanhas de vacinação e sim ao fortalecimento do SUS”, declarou.
Conheça o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha

Médico infectologista pela Universidade de São Paulo (USP), doutor em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor de Medicina e Saúde nas universidades Nove de Julho (Uninove) e São Leopoldo Mandic, Alexandre Padilha tomou posse como ministro da Saúde nesta segunda-feira (10), em Brasília.
Com longa jornada na vida pública e atuação relevante no Sistema Único de Saúde (SUS), foi ministro no governo Lula (2009-2010) da pasta de Relações Institucionais; da Saúde durante a gestão Dilma Rousseff (2011-2014); e novamente ministro de Relações Institucionais no atual mandato do presidente Lula, de 2023 até o dia de hoje.
Foi secretário municipal de Relações Governamentais e, em seguida, secretário municipal da Saúde da cidade de São Paulo, durante a gestão de Fernando Haddad (2013-2016). Atualmente, é deputado federal reeleito pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo.
Em sua primeira experiência como ministro da Saúde, Padilha criou uma das políticas mais importantes para promoção do cuidado em áreas de vulnerabilidade social: o programa Mais Médicos, que chegou a ter durante o governo Dilma 18 mil médicos em atuação, atendendo a cerca de 60 milhões de brasileiros por meio do SUS.
Sua gestão também foi marcada pela ampliação do Farmácia Popular, com início da distribuição de medicamentos gratuitos para pessoas com diabetes, hipertensão e asma e aumento de 10,3 milhões para 19,4 milhões de beneficiados, além da expansão de diversos serviços especializados em oncologia e em cuidado obstétrico, como a antiga Rede Cegonha – relançada em 2024 como Rede Alyne.
Como deputado federal, coordenou a Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) no Congresso Nacional e foi membro da Comissão de Seguridade Social e Família, Desenvolvimento Urbano, Cultura, Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa e Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
Foi autor da lei que garante indenização para dependentes e trabalhadores da saúde e da assistência social que tiveram sequelas em decorrência da covid-19. Como relator, viabilizou a aprovação do Piso Nacional da Enfermagem.
Na gestão como secretário municipal de saúde, implementou em São Paulo a Rede de Hospitais Especializados Hora Certa, as UPAs 24h e expandiu o atendimento das UBS aos sábados.
Ministério da Saúde