A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou nesta terça-feira, 2/9, os dados econômico-financeiros referentes ao primeiro semestre de 2025.
As informações estão disponíveis por trimestre no Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar.
As informações contábeis enviadas pelas operadoras de planos de saúde e pelas administradoras de benefícios à ANS demonstram que o setor, nos números agregados, registrou lucro líquido de R$ 12,9 bilhões nos primeiros seis meses de 2025 (aumento de 131,94% em relação ao mesmo período do ano anterior).
Esse resultado equivale a aproximadamente 6,8% da receita total do período, que foi aproximadamente R$ 190 bilhões.
Ou seja, para cada R$ 100,00 de receitas, o setor auferiu cerca de R$ 6,80 de lucro ou sobra.
No gráfico acima, é possível observar que o resultado líquido do setor no 1° semestre de 2025 é o maior, em termos nominais, da série histórica apresentada desde 2018, inclusive superior ao recorde anterior ocorrido no auge do isolamento social durante a pandemia de Covid-19.
Com base nas informações enviadas à ANS, o desempenho se reflete na maioria dos entes regulados no setor, 77,5% (607 entidades) terminaram o 1º semestre com resultado líquido positivo informado (8,3 pontos percentuais acima do percentual observado no mesmo período do ano anterior).
Resultado das operadoras médico-hospitalares
As operadoras médico-hospitalares são o principal segmento do setor e juntas atingiram um lucro líquido de R$ 12,4 bilhões no agregado, fortemente impulsionado pelo aumento do resultado operacional e a contribuição do resultado financeiro.
Aumento do resultado operacional
Nos números agregados, o resultado operacional das operadoras médico-hospitalares – representado pela diferença entre a receita (majoritariamente advinda das mensalidades dos planos) e as despesas diretamente relacionadas às operações de assistência à saúde (assistenciais, comerciais e administrativas) – resultou em saldo positivo de R$ 6,3 bilhões, aumento de 157% em relação ao mesmo período do ano passado e o maior desde 2021.
O aumento do resultado operacional se deu de forma mais expressiva nas operadoras de grande porte.
No recorte por modalidade, as autogestões foram a única modalidade que registrou prejuízo operacional de 1,2 bilhão no 1° semestre de 2025 (10,3% a mais que no mesmo período do ano anterior).
Contribuição do resultado financeiro
Em um cenário de taxas de juros elevadas, a remuneração das aplicações financeiras das operadoras médico-hospitalares – que totalizaram R$ 130 bilhões ao final de junho de 2025 – continuou a ser uma fonte significativa de receita adicional.
O resultado financeiro do setor foi de R$ 6,8 bilhões, um crescimento de 55,4% em relação ao 1º semestre do ano passado e o maior da série histórica.
“Os números do primeiro semestre de 2025 mostram um resultado histórico para a saúde suplementar: aumento do resultado operacional, redução da sinistralidade e manutenção de receitas financeiras robustas. Esse conjunto de fatores contribui para a sustentabilidade econômico-financeira do setor, o que é fundamental para garantir a continuidade da assistência a mais de 50 milhões de beneficiários”, analisa o diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, Jorge Aquino.
Resultado por porte de operadora médico-hospitalar
O painel Econômico-Financeiro também possibilita a análise dos resultados por porte de operadora.
É possível verificar, conforme o gráfico a seguir, que as operadoras médico-hospitalares de todos os portes tiveram aumento no resultado líquido.
As de grande porte registraram, em números agregados, R$ 9,7 bilhões de lucro líquido no 1° semestre de 2025, (114% a mais que o mesmo período do ano anterior).
Já as de médio porte foram responsáveis pelo maior crescimento percentual em relação ao mesmo período do ano anterior: 622%, totalizando R$ 2 bilhões.
Sinistralidade
A sinistralidade, principal indicador que explica o desempenho operacional das operadoras médico-hospitalares, registrou no 1º semestre de 2025 o índice de 81,1% (2,7 pontos percentuais abaixo do apurado no mesmo período do ano anterior), conforme gráfico a seguir.
Isso significa que aproximadamente 81,1% das receitas provenientes das mensalidades foram destinadas às despesas assistenciais.
Este é o menor índice registrado para um 1º semestre desde 2018 — à exceção de 2020, quando a sinistralidade foi ainda mais baixa em razão dos efeitos da pandemia.
A redução da sinistralidade nos números agregados é explicada principalmente pela recomposição das mensalidades em proporção superior à variação das despesas assistenciais, movimento percebido no setor desde 2023 e mantido no período observado.
No Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar também é possível consultar o desempenho individual por operadora de plano de saúde.
Entenda os conceitos
Resultado operacional: é a diferença entre as receitas e despesas da operação de saúde (receita das contraprestações/mensalidades e outras receitas operacionais deduzidas as despesas assistenciais, administrativas, de comercialização e outras despesas operacionais).
Resultado financeiro: é a diferença entre as receitas e despesas financeiras.
Resultado líquido: é a soma dos resultados operacional, financeiro e patrimonial, acrescidos do efeito de impostos e participações.
Sinistralidade: de forma geral, representa o percentual das receitas assistenciais (advindas das contraprestações/mensalidades) que são utilizadas com o pagamento de despesas assistenciais.