“Avanço do 5G deve facilitar acesso à saúde”, por Giovanni Guido Cerri

“Avanço do 5G deve facilitar acesso à saúde”, por Giovanni Guido Cerri

Teleconsultas, cirurgias remotas e treinamentos de profissionais a distância são alguns serviços que devem ser aprimorados com a nova tecnologia. Já se vão quase 50 anos desde o desenvolvimento dos primeiros protótipos de telefone celular até chegarmos à velocidade 5G, que começa a entrar em uso no mundo todo – no Brasil está dando seus primeiros passos.

A comunicação, que nos padrões atuais consideramos instantânea, se tornará ainda mais rápida, e o transporte de dados em grandes volumes tornará possíveis atividades que hoje ninguém imaginaria; com impacto em diversas áreas, especialmente a saúde.

Um exemplo é a transmissão de imagens em tempo real de pacientes em ambulâncias para centros cirúrgicos à espera deles para realizar procedimentos médicos.

Mesmo muitos tipos de cirurgias poderão ser feitas de maneira remota, com uso de realidade virtual ou aumentada.

A precisão que o 5G trará para comandar veículos autônomos, por sua vez, pode agilizar o transporte de órgãos do local da coleta para onde o paciente esteja.

Mas não há como listar totalmente o número de aplicações para o 5G do ponto em que estamos hoje, até porque muitos sequer surgiram.

Nos encontramos, de certa forma, onde estávamos na questão da telefonia móvel na década de 1970, ou seja, tentando imaginar o que veríamos nas décadas à frente.

Mas esse avanço tecnológico se dá num cenário social diferente daquela época. O mundo não só está muito mais populoso – em 1970, eram 3,6 bilhões os seres humanos na Terra, contra os mais de 7 bilhões de hoje, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) –, como as desigualdades sociais se ampliaram em certas partes do planeta.

No Brasil, também vimos um aumento populacional expressivo (de cerca de 93 milhões para pouco mais de 213 milhões hoje, diz o IBGE), acompanhado também de um aumento das desigualdades sociais.

A pandemia mostrou que a saúde pública brasileira em muito se beneficiará da chegada da velocidade 5G, uma vez que isso dará um forte impulso para que o Brasil se insira no universo do teleatendimento de saúde – a chamada telemedicina.

O atendimento remoto, ainda que por força das medidas de contenção de transmissão da doença, ganhou a preferência nacional.

Para os casos em que a visita presencial ao médico não é indispensável, as pessoas são poupadas de deslocamentos demorados.

Falar com o médico se tornou algo bastante prático – e isso com a velocidade 4G atual. Quando o 5G for implementado de vez, esse contato se tornará ainda mais prático.

No contexto das populações desassistidas, o espaço para melhorias é ainda mais amplo. Com a ajuda do 5G, teleconsultas cada vez mais eficientes podem amenizar, por exemplo, a falta de médicos em muitas localidades brasileiras distantes dos grandes centros urbanos, e assim fazer a diferença na vida de milhões de brasileiros.

As equipes de profissionais de saúde de todas as regiões do país também se beneficiarão da tecnologia 5G na reciclagem de conhecimentos e no treinamento em novas técnicas e especialidades.

Com a troca mais rápida de dados e informações, possivelmente teremos ainda redução de filas, maior eficiência de custos, processos mais ágeis e uma jornada mais suave para os pacientes.

Para isso, serão necessários investimentos em infraestrutura de telecomunicação – o que começou a ser viabilizado com o leilão do 5G no país, realizado em novembro último.

Além, claro, de investimentos em educação, saneamento e acesso à saúde. E é nesse contexto que uma internet mais veloz pode ser a chave – ou pelo menos o início – de uma revolução na saúde pública brasileira.

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