As mais de duas décadas de experiência da Pró-Saúde no acolhimento hospitalar a indígenas possibilitaram a criação de um Protocolo de Atendimento a Povos Tradicionais para que o Hospital Oncológico Infantil Octavio Lobo, em Belém/PA, seja a quinta unidade administrada pela entidade no País a oferecer um atendimento especializado a este público.
O objetivo da elaboração deste protocolo na unidade é o de manter os costumes tradicionais destes grupos, fortalecendo o atendimento humanizado e propiciando uma rápida recuperação dos pacientes, como no caso do pequeno Jonas, que reside na Aldeia Kumarumã, no Amapá.
Foi nesta aldeia, onde mora com a família, que o pai de Jonas percebeu que o filho não estava bem de saúde. Depois de alguns exames para descobrir o que estava acontecendo, Manoel Cassiano desembarcou para Belém com o filho e há cinco meses acompanha o tratamento que ele realiza no Oncológico Infantil Octávio Lobo.
Apesar de não trazer o nome da tribo Galiby Marworno em seus registros, Manoel explica que muitos costumes ainda são preservados. “Mesmo sendo uma aldeia em transição, preservamos nossa cultura e hoje temos até um livro que é uma espécie de dicionário escrito pelo nosso povo, para que nossas origens não se percam com o tempo”, explica ele.
Além dos indígenas, o protocolo atenderá outras populações tradicionais como os quilombolas e ribeirinhos. “Quando perguntamos o endereço e os pacientes nos informam o nome de um rio ou ilha, sabemos que temos nos atentar para que o período fora desses ambientes, não influencie negativamente no tratamento”, explica a assistente social Tirza Ferreira.
Novas reuniões serão realizadas até a conclusão do documento. “A finalização desse documento vai normatizar o atendimento a esses povos, preservando costumes e fortalecendo o atendimento humanizado que é um dos pilares do Oncológico Infantil”, explica o coordenador psicossocial na unidade, Igor Leonard.
Referência no cuidado indígena
A Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar é uma das poucas unidades de saúde do País a atuar no atendimento de comunidades indígenas há mais de 20 anos. Os hospitais Bom Pastor, localizado em Guajará-Mirim (RO), pertencente à rede própria, o Regional do Baixo Amazonas, em Santarém (PA), o Yutaka Takeda, em Parauapebas (PA), e o Hospital Municipal Nossa Senhora da Luz de Pinhais, localizado em Pinhais (PR), recebem pacientes de origem indígena e já realizam um trabalho focado nesta população.
O Hospital Bom Pastor, administrado pela Pró-Saúde desde 2011, promove um trabalho específico voltado para a comunidade indígena, nas aldeias Tanajura, Laje Velho, Laje Novo, Sagarana, Soterio, e as etnias Oro nao, Oro waram, Xijeim, Jabuti e Macurap com foco em clínica médica e pediatria. Em 2016, a unidade começou a oferecer o parto humanizado às futuras mães, respeitando a cultura indígena. O hospital disponibiliza solário, redes para acompanhantes manteres sus hábito e até uma Oca Hospedagem para proporcionar maior acolhimento aos familiares das crianças indígenas internadas no hospital.
Em Pinhais (PR), o Hospital Municipal Nossa Senhora da Luz de Pinhais, gerenciada há oito anos pela Pró-Saúde, é referência para gestantes indígenas, que não conseguem realizar seus partos na aldeia, devido ao risco à saúde da mãe e do bebê, e são levadas ao Hospital Municipal de Pinhais.
O Hospital Yutaka Takeda (HYT), localizado na Serra dos Carajás, realiza atendimento à população indígena das aldeias Kateté e Kayapó. Durante o ano de 2017, foram realizados 1.972 atendimentos. O HYT oferece suporte de transporte e casa de apoio para hospedar o indígena da alta médica até o retorno para a aldeia de origem.