Conexão internacional: Ricardo Brito, CMO da Bioscience Medical, analisa o mercado de Saúde europeu

Com um currículo marcado por grandes vivências profissionais em multinacionais, como Shell e Alcoa, Ricardo Brito, CMO da Bioscience Medical e da Biomecanica, assumiu a missão desafiadora de atuar na Saúde. Sua história na área começou especificamente em 1996, quando assumiu como gerente de marketing na Intermedica.

Nos anos seguintes, passou por outras seguradoras do setor, como SL Saúde, Amesp Saúde, Blue Life Saúde, Saúde Internacional, Montreal Saúde, Lumina Saúde e Sermed Saúde, experiências que fizeram a diferença para trajetória profissional de Brito.

“Durante esse rico período, pude seguir os passos do meu avô, que atuou como diretor da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de São Paulo (AFRESP) por muitos anos, sempre tendo em mente o objetivo de proporcionar o máximo bem-estar às pessoas. Dizem que o setor da saúde é apaixonante e preciso concordar”.

Após vivenciar os hospitais, serviços de saúde e seguradoras durante dez anos, Brito teve a oportunidade de entender o fluxo de todo esse rico ecossistema, expertise que aplica diariamente em seu trabalho como CMO da Biomecanica, fabricante de máquinas e equipamentos para Saúde.

“Meu desejo é levar meus conhecimentos e reflexões ao maior número de profissionais ligados ao segmento de saúde. Colaborar para tomadas de decisões e participar da visão do amanhã dos executivos e empreendedores me motiva a estudar e refletir cada dia mais a respeito desse envolvente segmento.”

Além do conhecimento, Brito destaca a importância de se conviver e manter relacionamento com executivos e empreendedores, sendo que isso representa até hoje a oportunidade de gerar bons negócios.

“Acredito que os relacionamentos que trazem essa essência devem prosperar, trazer oportunidades e gerar negócios. Sou um daqueles milhares de profissionais da saúde que dão tempo da sua vida para tornar a vida dos outros melhor”.

Mercado europeu

Residindo na Suíça, Brito analisa, que, apesar da Saúde europeia estar em constante evolução nos quesitos tecnológicos, ainda representa porcentagem preocupante do PIB do país.

“Além do aumento dos custos dos serviços e produtos, o envelhecimento da população e a busca pela longevidade colaboram para esse preocupante indicador.”

Para contornar esse obstáculo, Brito ressalta que países da Europa buscam a integração de dados através de plataformas específicas para compartilhamento com segurança. “Essa é a grande tentativa da Europa em gerar tomadas de decisão mais rápidas e assertivas, e consequentemente, reduzir custos.”

Outros desafios da Saúde europeia estão na oferta da saúde universal, incluindo ações preventivas e nos obstáculos impostos pelas novas regras do MDR para entrada de produtos estrangeiros no mercado europeu. “Isso dificulta ainda mais a abertura do mercado e expansão do seu acesso à população.”

Apesar do esforço constante, Brito ressalta o empenho da Europa na ampliação dos investimentos em medicina preventiva, e na estrutura do sistema hospitalar, principalmente para a viabilidade de pesquisas clínicas e na modernização dos hospitais para manterem-se referência em tecnologia diagnóstica e gestão da operação.

Aumento de produtividade

Brito aponta que, apesar de não ter problema com disponibilidade orçamentária, a União Europeia está refletindo — e agindo — para diminuir gastos inúteis e indevidos.

“A implantação de ferramentas de controle para utilização de medical devices, realização de procedimentos clínicos e cirúrgicos, prescrição de medicamentos e indicações de tratamentos de continuidade, continuará a ser ações prioritárias dos governos.”

Da mesma forma, o profissional afirma que há uma grande tendência no aumento da demanda de medicamentos genéricos. “Todas as ações direcionadas à oferta universal da saúde e a uma diminuição do impacto financeiro do acesso à saúde para a população serão tendências.”

Além disso, Brito crê na crescente alta de dois setores: a geriatria, devido ao envelhecimento da população e investimento em tecnologia a favor da longevidade; e a epidemiologia, focando a vigilância, prevenção, cura e reabilitação.

“Tanto os serviços das redes hospitalares, quanto as indústrias de medical devices e medicamentos, terão grandes oportunidades nesses segmentos. “

O profissional também acredita que os critérios regulatórios no mercado europeu são divisores de água, como pesquisas clínicas, certificações e monitoramento de pós uso no mercado.

Por fim, ele aposta fortemente que o cuidado de saúde baseado em valor mudará a economia e o modelo Fee For Service (taxa por serviço).

“Impulsionadas pelos marcos regulatórios, pressões pela redução de custo, alta da expectativa dos pacientes, novas demandas tecnológicas e recentes questões epidemiológicas; as lideranças executivas europeias e profissionais de saúde estão se alinhando e se envolvendo conjuntamente no desenvolvimento de modelos inovadores de saúde, que podem economizar bilhões e ainda melhorar a experiência impactar a vida de milhões de pessoas.”

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