Os custos de cuidados com a saúde dos trabalhadores, na utilização de planos de saúde, se tornaram a segunda maior despesa das empresas, superado apenas pelos custos da folha de pagamento. É o que revela um balanço feito pela consultoria de benefícios e capital humano AON. De acordo com o levantamento, para 36 por cento das empresas analisadas, a assistência médica pode representar de 5 a 10 por cento da folha de pagamento.
A companhia considera que, um dos fatores que levam a esse quadro é o constante aumento dos preços de serviços de saúde. Para a diretora técnica de Saúde e Benefícios da Aon Brasil, Rafaella Matioli, a inflação médica também pesa nos custos com saúde. “Nos últimos cinco anos, essa inflação registrou um acumulado de 108 por cento, contra 42 por cento da inflação geral”, completa.
O balanço da consultoria considera que essa taxa na inflação médica é empurrada, principalmente, pelas novas tecnologias, que acabam ficando caras; Outros fatores apontados pela AON são o “alto” índice de judicialização na saúde e os desperdícios na utilização dos planos.
Ainda segundo Matioli, em 2016, o gasto médio por usuário chegou a cerca de R$ 3.600, ante R$ 2.890, em 2014. “Desta diferença, R$ 324,00 correspondem apenas ao aumento de frequência, o que representa quase 10 por cento de impacto neste custo crescente”, ressalta a diretora.
Apesar desse cenário, 99,8 por cento das empresas pesquisadas oferecem planos de saúde aos colaboradores, ainda segundo a AON. A mesma quantidade também aceita os cônjuges e estendem o benefício aos filhos.
Setor das indústrias
Em relação a esse tipo de plano de saúde, há um destaque para o setor industrial. Estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), indica que o setor responde, parcial ou integralmente, pelo financiamento de quase 22 por cento dos planos de saúde privados em todo o país (10,2 milhões de beneficiários).
Informações do balanço apontam também que os preços dos planos de saúde têm aumentado desordenadamente nos últimos anos e isso tem comprometido a qualidade dos serviços oferecidos aos funcionários.
Para o gerente Executivo de Saúde e Segurança na Indústria da CNI, Emmanuel Lacerda, é preciso melhorar a gestão para garantir a continuidade e a qualidade desse benefício aos trabalhadores do setor. “Isso tem a ver com a mudança do sistema de remuneração de financiamento do sistema da saúde suplementar”, avalia.
“Assim, existe um sistema que incentiva o volume, a utilização e, não necessariamente, acompanhado de eficiência, de resultado”, completa Lacerda.
Ainda segundo a CNI, o formato atual resulta em incentivos inadequados no âmbito da cadeia de saúde e concorre para a existência de fraudes e desperdícios no âmbito do sistema.