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Do interior do Tocantins ao futuro da Saúde: como a inteligência artificial está transformando o atendimento

Com apenas 29 leitos, um hospital no pequeno município de Arapoema desafia expectativas ao usar IA para revolucionar o atendimento e colocar tecnologia de ponta a serviço da saúde pública

Ao contrário do que muitos imaginam, a revolução digital na saúde não é nada que deva ser exclusividade de grandes hospitais em grandes capitais no mundo.  Em uma cidade com pouco mais de 6 mil habitantes no interior do Tocantins, o Hospital e Maternidade Irmã Rita de Arapoema está quebrando paradigmas. Com 29 leitos e atendendo 12 municípios, a instituição prova que a inteligência artificial (IA) pode ser aplicada de forma acessível e prática, transformando a rotina de trabalho e o atendimento ao paciente.

O hospital integrou o SX Sigma, sistema de gestão hospitalar com funcionalidades de IA desenvolvido pela Salux Technology, como parte de um projeto de digitalização da saúde pública no estado. A ferramenta trouxe avanços que vão muito além da modernização administrativa. Entre os destaques, está o reconhecimento de voz para evolução de prontuários, que permite aos médicos registrar informações enquanto interagem com os pacientes.

A diretora da instituição, Mariana Altoe Coppo, descreve como a transformação impactou a equipe e o atendimento. “Antes, os registros eram manuais, o que consumia muito tempo e tornava tudo mais propenso a erros. Agora, temos agilidade, segurança e mais tempo para o que realmente importa: cuidar das pessoas”, afirma.

Ela também ressalta os ganhos operacionais. A eliminação do papel e a automação de processos liberaram recursos que antes eram direcionados a tarefas burocráticas, permitindo investimentos em áreas prioritárias. Para a gestora, a grande lição dessa mudança está no alinhamento entre tecnologia e as necessidades reais do hospital. “Não se trata de tamanho ou localização. Inovar é resolver os problemas que realmente afetam nossa capacidade de atender bem.”

Para o médico da instituição, Flávio Carlos Rosário Santos, a mudança trouxe um impacto direto na relação com os pacientes. Ele considera o reconhecimento de voz uma das inovações mais marcantes. “Enquanto converso com o paciente, o sistema registra tudo automaticamente. Isso não só economiza tempo, mas me permite focar no cuidado humano, na escuta ativa e no olhar atento”, explica.

Além disso, a prescrição inteligente, que ajusta medicamentos com base no histórico clínico do paciente, trouxe mais precisão e segurança no atendimento. “Essa tecnologia não substitui a relação com o paciente. Pelo contrário, ela nos dá ferramentas para sermos mais presentes, mais humanos”, reflete.

A transformação não ficou restrita à rotina administrativa. A integração de dados permitiu uma troca mais eficiente de informações entre os plantões, reduzindo erros e acelerando a tomada de decisões. Com isso, o impacto foi direto na experiência dos pacientes, que agora têm um atendimento mais ágil e qualificado.

O caso do Hospital de Arapoema também ensina lições importantes para a saúde pública no Brasil. Ele demonstra que a IA não é um privilégio restrito a grandes centros, mas uma ferramenta viável e acessível que pode transformar a realidade de instituições de pequeno e médio porte. Com um sistema que une tecnologia e cuidado humano, a instituição torna-se um exemplo do potencial transformador da tecnologia, especialmente da IA, na saúde pública. Esta aplicação não apenas inspira, mas representa um modelo possível para tantos outros hospitais do país.

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