A Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) firmaram uma colaboração científica, de pesquisa, ensino e inovação, em diversos temas na área biomédica, como engenharia de tecidos, estudo de vírus emergentes e terapia gênica.
A partir de sinergias em áreas de pesquisa, intercâmbio de pesquisadores e utilização de equipamentos e infraestrutura, a expectativa é avançar estudos em andamento e iniciar novos projetos capazes de impactar a saúde do Brasil e do mundo.
“Essa construção representa um marco na pesquisa biomédica. A união dos nossos avançados recursos tecnológicos, como o Sirius, fonte de luz síncrotron de última geração, com a expertise clínica e de pesquisa biomédica do Einstein abre caminhos promissores para novas descobertas, como no estudo de doenças genéticas, vírus emergentes e testes de novos medicamentos. Não é apenas sobre ciência de ponta, mas também transformar vidas por meio da inovação e da pesquisa”, afirma Antonio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM.
“Estamos unindo forças com o CNPEM para ir além dos limites tradicionais da pesquisa biomédica. A colaboração entre as duas organizações, que são referências nacionais e internacionais em suas áreas de atuação, permitirá aperfeiçoar o treinamento da próxima geração de cientistas e de profissionais de saúde. O conhecimento, representado em nossos valores pelo preceito hebraico do chinuch, é um dos alicerces da nossa organização, tal qual a saúde (refuá), a as boas ações (mitsvá) e a justiça social (tsedaká)”, diz Fernando Bacal, vice-presidente do Einstein.
Projetos
Entre os projetos em curso, na área de terapia gênica, o CNPEM estuda meios de tratar a mucopolissacaridose tipo 1, doença genética rara que provoca acúmulo de substâncias nos tecidos e afeta múltiplos órgãos, tirando décadas de vida. O Einstein está construindo estratégias de tratamento para doenças genéticas, como a anemia falciforme, causada por uma alteração nos glóbulos vermelhos do sangue e que afeta gravemente dezenas de milhares de pessoas no Brasil.
Por causa de surtos e epidemias de dengue e outras arboviroses, como zika e chikungunya, além da própria epidemia de covid-19, é um consenso que é imprescindível ampliar a capacidade de detecção e de estudo de novos vírus.
A primeira detecção do Sars-CoV-2, o novo coronavírus, aconteceu no Einstein, reflexo do preparo da organização para lidar com emergências de saúde. Da mesma forma foi nos laboratórios da instituição que foi identificado recentemente um novo tipo de arenavírus, responsável por casos de febre hemorrágica em humanos. O CNPEM também dispõe de uma série de competências voltadas para pesquisas na área de patógenos, como um parque de microscopia eletrônica e criomicroscopia, técnicas de bioimagens, além do Sirius, onde diferentes estações de pesquisa permitem desvendar e observar, em alta resolução, partes das estruturas desses patógenos, o que facilita a busca por novos métodos terapêuticos e avanços no conhecimento sobre o desenvolvimento de infecções.
O CNPEM ainda se planeja para criar o Orion, aquele que deve ser o primeiro complexo de laboratórios com os mais elevados níveis de biossegurança do país e o primeiro do mundo conectado a uma fonte de luz síncrotron (Sirius), no qual poderão ser estudados, de forma inédita, organismos altamente contagiosos. Por sua vez, o Einstein, além de pesquisa fundamental, lidera e realiza estudos clínicos com milhares de pacientes, por meio da Academic Research Organization (ARO), tendo uma plataforma potencialmente capaz de testar tratamentos advindos do trabalho dos cientistas, além de vasta experiência em questões regulatórias.
Em engenharia de tecidos, o CNPEM é referência no cultivo de miniórgãos e tecidos modelos para testes pré-clínicos e opera um dos Laboratórios Centrais da Rede Nacional de Métodos Alternativos (Renama). O Centro atua para suprir a demanda nacional por testes de toxicidade de fármacos e cosméticos como opção alternativa aos testes com animais e trabalha no desenvolvimento de curativos a partir de um biobanco de células humanas. Nessa seara, o Einstein estuda o desenvolvimento de nichos de medula óssea com a finalidade de entender a interação entre quimioterapia e leucemia. Também há a produção de implantes piezoelétricos (que geram eletricidade a partir da pressão) para regeneração de tecido ósseo, entre outros.
Entre os outros possíveis temas de colaboração estão protonterapia, um importante recurso no tratamento de diversos tipos de câncer, estudo de genômica e metabolômica e big data, a fim de se avançar rumo a uma medicina cada vez mais personalizada.
“Esta colaboração é uma ponte entre pesquisa fundamental e aplicação clínica, onde o conhecimento se transforma em tratamentos inovadores e cuidados de saúde mais avançados e acessíveis. É uma fusão de expertises que promete transformar positivamente a saúde. Trata-se de uma celebração do espírito humano de inquirir e superar; juntos, estamos pavimentando o caminho para que as pessoas valorizem ainda mais o conhecimento científico e entendam como ele transforma nossa forma de pensar e também o mundo”, diz Luiz Vicente Rizzo, diretor de Pesquisa do Einstein.
“Atuar na interface entre o ecossistema científico de vanguarda e a prática clínica é fundamental para alavancar o desenvolvimento tecnológico na área de saúde e beneficiar a sociedade. Trabalhar em conjunto com o Einstein permitirá que tenhamos ainda mais robustez em nossas pesquisas, por meio de aplicações clínicas eficazes e seguras, respeitando todas as normas regulatórias”, afirma Maria Augusta Arruda, diretora do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do CNPEM.
Ensino
Além da pesquisa científica, estudantes de ambas as instituições poderão fazer intercâmbios, com cursos e formações em ambas as organizações. A Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein congrega sete cursos de graduação – medicina, engenharia biomédica, odontologia, enfermagem, fisioterapia, administração, nutrição –, além de pós-graduação stricto e lato sensu.
Desde 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM expandiu suas atividades com a abertura da Ilum Escola de Ciência. O curso superior interdisciplinar em ciência, tecnologia e inovação tem o objetivo de oferecer formação em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa da instituição.
Organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é um local de referência aberto, multiusuário e multidisciplinar, com ações direcionadas para diferentes atores do Sistema Nacional de CT&I. Berço do mais complexo projeto da ciência brasileira – Sirius –, uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo, o CNPEM realiza atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação em frentes que dialogam com necessidades do século 21 e privilegiam as vantagens comparativas do País, com foco em saúde, energias e materiais renováveis, engenharia, dentre outras.
Fundada em 1955, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein é uma sociedade civil sem fins lucrativos, que atua na assistência à saúde privada e pública, na medicina diagnóstica, ensino e educação, pesquisa, inovação e responsabilidade social. Além de unidades privadas, administra mais de 30 serviços públicos, como unidades básicas de saúde, unidades de pronto-atendimento e hospitais municipais. O Hospital Israelita Albert Einstein é considerado o melhor hospital da América Latina pelo ranking The World’s Best Hospitals 2024, divulgado pela revista norte-americana Newsweek, sendo referência em áreas como oncologia e hematologia, cardiologia, neurologia e cirurgia robótica, além de uma das organizações mais inovadoras do país