Em entrevista à HCM, Leila Gusmão revela os resultados preliminares do estudo da Coronavac em parceria com o Instituto Butantan
O projeto de vacinação da cidade de Serrana, interior de São Paulo, terminou há cerca de um mês e, apesar dos resultados oficiais do Instituto Butantan só serem divulgados a partir de 30 de maio, já é possível perceber sua efetividade. Ao comparar os primeiros dez dias de março e de maio, pode-se perceber que o número de mortes caiu em 85,7%, por exemplo.
Segundo Leila Gusmão, vice-prefeita e secretária da Saúde de Serrana, o número não é certo, mas estima-se uma queda de 60% no número de casos e isso aumenta a cada semana. “Estamos bem otimistas”, revela.
Além disso, Leila compartilha que a busca por exames diminuiu consideravelmente. “Até março, fazíamos cerca de 150 testes diários e, hoje em dia, variamos de 30 a 40 coletas por dia.”
O programa de vacinação, chamado Projeto S, conseguiu vacinar 65,3% de toda a população da cidade, uma vez que menores de 18 anos, gestantes e lactantes não foram imunizados por falta de estudos sobre efeitos colaterais.
“Conseguimos alcançar 97,7% da população apta a receber o imunizante e me sinto extremamente aliviada e confiante para a retomada parcial da nossa rotina.”
No entanto, Leila teme as novas cepas e segue incentivando as normas de biossegurança e isolamento social. “Existe um grupo de pessoas que não foi vacinado e não podemos baixar a guarda nesse momento. A contaminação com essas variantes pode se tornar grave e prejudicar tudo que alcançamos até agora.”
Projeto S
A parceria com o Instituto Butantan surgiu por uma junção de fatores. Segundo a vice-prefeita, a cidade estava com um dos maiores índices de contaminação do estado de São Paulo e é relativamente pequena.
Outros pontos que influenciaram foram “o fato de que muitos moradores viajarem todos os dias, o que propicia a proliferação de doenças contagiosas, e a parceria com os hospitais e universidade de Ribeirão Preto, oferecendo um auxílio mais rápido para as necessidades de Serrana e do Butatan e facilitando os estudos.”
Mesmo com a quantidade de notícias falsas espalhadas sobre a Covid-19 e seus imunizantes, o Projeto S foi bem aceito pelos munícipes. “Comparando o número total de habitantes e quantos foram vacinados, acredito que tivemos sucesso na aceitação.”
Cerca de 27.150 pessoas tomaram as duas doses da vacina em uma cidade com aproximadamente 45.644 habitantes, sendo que mais de 22 mil não estavam aptas a tomar.
Leila apenas lamenta a quantidade de pessoas que optou por não tomar a segunda dose do imunizante, até então por motivos desconhecidos. “Cerca de 570 pessoas tomaram a primeira dose, mas não completaram o processo. É uma pena, pois a proteção não fica completa, mas ainda assim estamos satisfeitos com o resultado.”
O papel do Butantan não acaba na campanha de vacinação, uma vez que o estudo ainda está em andamento. Segundo a secretária da Saúde de Serrana, a equipe vai permanecer na cidade por um ano para acompanhar a população e coletar o máximo de informações sobre a Coronavac.
As ações da prefeitura no projeto envolveram a disponibilização de espaço para a vacinação e o transporte para a população.
“Oito de nossas escolas se tornaram focos para a imunização e os pacientes usufruíram de um ônibus para chegar até o local desejado.”
Graças ao Projeto S, a cidade já conseguiu retomar as aulas presenciais com 35% da capacidade dos alunos e oferecer toda a assistência básica à população através da Secretaria de Desenvolvimento Social.
“No momento, nosso maior foco é a retomada da economia, inclusive com a implementação do PROINDES, uma lei de incentivo fiscal para a instalação de empresas no distrito industrial”, revela Leila.
E completa: “Estamos nos tornando uma cidade da ciência e acredito que isso vai mudar o futuro de Serrana. Temos muito a oferecer e somos a cidade mais segura nesse momento de pandemia.”