A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) é a mais nova instituição de saúde acreditada pelo Sistema de Acreditação de Escolas Médicas, o Saeme. O selo de certificação, reconhecido internacionalmente pela World Federation for Medical Education, comprova a excelência da faculdade em âmbitos acadêmicos, de qualidade de gestão e infraestrutura.
Para o diretor do curso de Medicina da FCMSCSP, Carlos Alberto Malheiros, a submissão a um processo de avaliação externa com o porte do Saeme levou os gestores do tradicional curso de Medicina a uma profunda reflexão – envolvendo toda a comunidade acadêmica – e à percepção do quanto ainda podem se aprimorar.
A Faculdade se destacou nos parâmetros relacionados ao corpo docente e ao corpo discente. Malheiros compreende que, dentre os desafios, o maior deles talvez esteja na primeira etapa, a autoavaliação. “É necessário conscientizar a comunidade acadêmica acerca das vantagens dessa fase, da reflexão e da autocrítica, e da disposição em se submeter a uma avaliação externa.”
A primeira etapa do processo do Saeme compreende o preenchimento online de um questionário que abrange cinco dimensões: gestão educacional, programa educacional, corpo docente, corpo discente e infraestrutura. Em seguida, há a análise de dados por uma comissão de avaliação e a visita in loco ao curso de Medicina por pelo menos três avaliadores.
Após a devolutiva do relatório do Saeme à Instituição, a mantenedora da FCMSCSP, a Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, passou a investir em várias frentes de trabalho. Entres elas estão a estruturação e credenciamento junto ao Ministério da Educação do Núcleo de Ensino a Distância (EaD), a ampliação e modernização do Centro de Simulação Realística, o apoio à criação do Núcleo de Desenvolvimento Docente, o apoio à especialização de docentes em Educação em Saúde e a ampliação dos programas de mobilidade estudantil, entre outros.
“As perspectivas de crescimento são ótimas, acreditamos que as sugestões da comissão do Saeme são procedentes e têm como objetivo justamente esse crescimento. Os resultados, vamos aguardar”, pontua Malheiros.
Campos de prática
Malheiros ainda considera que o Saeme orienta por quais caminhos as faculdades e universidades devem se pautar no que tange à Medicina. “Temos muitas escolas com excelência na formação médica. O problema recente foi a permissão aberrante para abertura de escolas médicas, sem a disponibilização proporcional de campos de prática. Hoje, são escolas demais, com grande tendência a piorar. O Saeme não se presta a abrir ou fechar escolas, mas a fornecer elementos que possam orientar as escolas para o melhor caminho da formação”, diz Malheiros.
Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) – que criou o Saeme em parceria com a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) –, o Brasil conta hoje com 338 escolas médicas, sendo que 152 delas foram autorizadas somente nos últimos oito anos.
Como comparativo, as primeiras escolas de Medicina do Brasil foram fundadas no início do século XIX, mais precisamente em 1808, na Bahia e Rio de Janeiro. A terceira faculdade, no Rio Grande do Norte, surgiu apenas no final daquele século. O avanço se deu, de fato, mais precisamente na segunda metade do século XX, com a criação de 113 escolas médicas. Foram criadas, portanto, mais escolas médicas nos últimos oito anos do que em todo o século passado.
E das mais de 330 escolas médicas hoje do país, apenas 32 contam com a acreditação do Saeme. O processo é gratuito e válido por três anos. A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo é uma das escolas com certificação válida por mais tempo, até fevereiro de 2022.
Esta matéria e muitas outras você confere na edição 61 da revista Healthcare Management.