A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) inaugura, nesta terça-feira (26/6), suas novas instalações no Ceará. Construída em um terreno de 32 hectares, cedido pelo governo do Estado, está situada no Polo Tecnológico e Industrial da Saúde, no município de Eusébio, limítrofe com Fortaleza. A criação da nova sede se deu por meio de esforços em conjunto da Fundação com os governos do Estado e do Município de Eusébio, além de universidades cearenses, com o apoio do Ministério da Saúde.
Para a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, a Fiocruz Ceará representa uma importante conquista para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para a área de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil. “Integrando o Sistema Fiocruz – estruturado a partir da sinergia entre geração de conhecimento, novas tecnologias e ações de formação – a Fiocruz no Ceará representa o compromisso com o desenvolvimento local e é parte de uma visão de projeto de país para a superação de desigualdades regionais”, destaca.
O projeto
O projeto da sede no Ceará tem como objetivo produzir novas abordagens, alternativas e inovações que favoreçam a consolidação do SUS, e promover a inclusão social e o fortalecimento da democracia. O polo do Ceará utilizará matérias-primas do bioma nordestino para desenvolver produtos inovadores. Será o primeiro parque do Brasil a integrar projetos de inovação tecnológica na produção de medicamentos, insumos e diagnósticos, para atender da saúde básica à medicina de alta complexidade.
A nova sede conta com um prédio para as áreas de gestão e ensino de pós-graduação, com capacidade para 560 alunos, e outro para pesquisas, com 15 laboratórios – dois deles com nível de biossegurança elevado – além de um auditório, com capacidade para mais de 400 pessoas, e um anfiteatro.
De acordo com a presidente da Fiocruz, “desenvolveremos na região uma importante linha de ação que relaciona saúde e ambiente, buscando contribuir – a partir de referências do Estado e do Município de Eusébio – para uma visão de desenvolvimento sustentável com a perspectiva de um território saudável”, ressaltou Nísia.
O diretor da Fiocruz Ceará, Antônio Carlile Lavor, também destaca o caráter socioambiental do projeto, que prevê “o desenvolvimento de pesquisas e produção compartilhada de conhecimentos, com foco nas populações do campo, da floresta, das águas e de regiões urbanas vulneráveis, além das relações da Fiocruz com o município de Eusébio, onde está instalada, com a sua população e seu ambiente”.
Na segunda fase do projeto, o Centro Tecnológico de Plataformas Vegetais na Região Nordeste – a primeira unidade de produção da Fiocruz fora do Rio de Janeiro, gerenciada por Bio-Manguinhos e que já está em construção – assentará as bases para o desenvolvimento do Complexo Econômico Industrial da Saúde. A planta será dedicada à fabricação de vacinas e de outros biofármacos, a partir de plataformas vegetais, sendo a primeira deste gênero na Fiocruz. Um dos destaques é a produção de um biofármaco a partir de células de cenoura para tratamento da doença de Gaucher (doença genética rara que causa aumento do baço e do fígado).
O investimento no projeto foi da ordem de R$ 180 milhões, provenientes de emendas parlamentares, do governo do Estado do Ceará e do Ministério da Saúde. A expectativa é atrair novos empreendimentos e parcerias nas áreas acadêmica e empresarial, incluindo startups.
Histórico
O Ceará se mostrou um local estratégico para consolidação da Fiocruz na região, e também para a distribuição de tecnologias – cerca de 75% de sua população é dependente exclusivamente do SUS. O Estado é pioneiro no desenvolvimento dos programas Agentes Comunitários de Saúde e Saúde da Família. A implantação das novas instalações da Fiocruz Ceará se iniciou, de fato, com a criação do Polo Industrial e Tecnológico da Saúde em Eusébio e a Fiocruz é a instituição âncora do Polo.
A chegada da Fundação ao Ceará alavancou o potencial para crescimento da economia por meio do setor industrial da saúde, levando a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) a instituir a Diretoria de Saúde. Para Carlile, a população brasileira apresenta forte dependência de importação de produtos inovadores para a saúde, tanto na linha de fármacos e medicamentos, insumos para laboratórios, como de equipamentos. “Há um campo aberto para o crescimento do setor industrial para a saúde”, diz.
Espera-se que a nova base científica e tecnológica da região atraia indústrias para o município de Eusébio e também estimule o crescimento e a criação de indústrias locais, levando ao desenvolvimento do mercado de saúde regional e ao fortalecimento do Polo Industrial e Tecnológico da Saúde.
Para chegar a estes objetivos, definiu-se como áreas prioritárias para a atuação da Fiocruz Ceará o fortalecimento da Estratégia de Saúde da Família, por meio da qualificação dos professores e pesquisadores, e o desenvolvimento industrial na área de saúde, dirigido à produção de medicamentos, equipamentos e outros insumos para a saúde.
“Hoje, integramos a Rede Nordeste da Saúde da Família e realizamos importantes formações, como o mestrado nesse campo e como o evento realizado recentemente com os agentes comunitários de saúde”, conclui a presidente da Fiocruz.