Com mais de 100 empresas atuando na intermediação de força de trabalho médica no Brasil, o setor de gestão em saúde se mostra cada vez mais competitivo e, ao mesmo tempo, exposto a distorções.
Segundo Rodrigo Rossini, CEO do Grupo Humanitar Saúde, essa realidade impõe um grande desafio: separar empresas que operam como simples agências de profissionais daquelas que de fato entregam valor assistencial.
“O setor pode parecer de baixa barreira de entrada, mas a complexidade da saúde suplementar exige muito mais do que relacionamento comercial. Exige metodologia, indicadores, governança clínica e ética”, afirma o executivo, que lidera um dos maiores grupos de gestão médica do país.
Criado em 2008, o Grupo Humanitar atua hoje em cinco estados, com mais de 15 mil médicos cadastrados e 56 serviços sob gestão, incluindo Pronto-Socorro, Enfermaria e UTI — adulto e pediátrico.
A empresa tem como premissa a entrega de valor mensurável, baseada em desfechos clínicos e controle de custos evitáveis, com foco em eficiência e sustentabilidade dos sistemas de saúde.
A Humanitar se diferencia ao atuar com contratos baseados em SLAs e metas de desempenho rigorosamente acompanhadas, adotando um modelo meritocrático de remuneração.
“Não terceirizamos trabalho médico: entregamos inteligência de gestão. Monitoramos produtividade, adesão a protocolos, eventos adversos e NPS, tudo com transparência e construção conjunta com o cliente”, explica Rodrigo.
Esse modelo permite ao Grupo não apenas reduzir custos assistenciais, mas também entregar ganho real de eficiência clínica e percepção de valor, tanto para contratantes privados quanto para unidades do SUS.
Da prática à teoria: aplicando medicina baseada em valor
A medicina baseada em valor é um dos pilares do Grupo. Na prática, isso significa alinhar remuneração ao desempenho assistencial.
“Não é justo que dois médicos com perfis completamente distintos recebam da mesma forma. Nosso papel é criar as condições para alcançar o melhor desfecho possível, ao menor custo possível”, diz Rodrigo.
A companhia mantém protocolos clínicos padronizados, metas claras e uma política estruturada de educação continuada, que inclui treinamentos internos, jornadas clínicas com especialistas e incentivo à qualificação formal.
“A atualização constante é indispensável em um sistema de saúde cada vez mais complexo e tecnológico. Ética e conhecimento caminham juntos. Médicos atualizados tomam decisões mais seguras, reduzem desperdícios e fortalecem a qualidade assistencial”.
A trajetória da Humanitar também é marcada por uma postura firme em relação à ética e ao compliance.
“Preferimos crescer com solidez e integridade, mesmo que em ritmo mais gradual. Atuar com vidas humanas e recursos públicos ou privados exige responsabilidade. Crescer de forma ética é uma escolha estratégica”, destaca o CEO da Humanitar.
A empresa foi pioneira na adoção de critérios técnicos rígidos para alocação de profissionais e, desde sua fundação, atua com foco exclusivo em serviços hospitalares de urgência, emergência e cuidados intensivos.
Durante a pandemia da Covid-19, a Humanitar foi a única empresa nacional a atuar gratuitamente em todas as operações da Médicos Sem Fronteiras no Brasil, um reconhecimento formal de sua capacidade técnica e institucional.
Para Rodrigo, o crescimento acelerado do setor exige que gestores e operadoras de saúde repensem o modelo tradicional de contratação médica.
“O futuro da gestão médica passa por padronização de condutas, remuneração por desempenho e foco em desfechos. Isso só é possível com dados, governança e uma cultura de valor.”