HCFMUSP continua inovando e construindo melhores soluções para a medicina

Não fosse por um acontecimento específico, 1944 não teria sido, por si só, um ano de muita ênfase histórica. Preso nos desdobramentos da Segunda Guerra Mundial, com Vargas no governo aquele foi um ano bissexto, como tantos outros. Mas, em abril de um ano tão inexpressivo, nascia em São Paulo um centro médico que faria parte não apenas da história, mas de trajetórias individuais e plurais até os dias de hoje.

Ao longo de seus 75 anos, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo cresceu. O Instituto Central, inaugurado naquele mês de abril, acabou por simbolizar o início do que seria um enorme complexo hospitalar. Hoje, o Complexo é composto por oito institutos, dois hospitais auxiliares, ambulatórios, laboratórios e unidades especializadas que, juntos, compõem o maior da América Latina.

Muito se passou nos 380 mil metros quadrados que somam hoje a área construída do HC. Do primeiro transplante de coração do Brasil, o segundo do mundo, em 1968, passando pelo nascimento do primeiro bebê de proveta em hospital público do país, em 1991, até a realização dos primeiros transplantes de útero da América Latina, em 2016, e de fígado em casos de hepatite fulminante provocada por febre amarela, em 2017.

Mas, por mais que o passado esteja cheio de glórias e conquistas, e que o Complexo do HC já tenha se consolidado como referência no tratamento de doenças de alta complexidade, bem como no campo do ensino e da pesquisa, o futuro é agora. O engenheiro Antônio José Rodrigues Pereira, superintendente do HCFMUSP, ressalta inclusive que tudo isso só foi possível até hoje devido ao contínuo investimento em pesquisa e na formação de profissionais.

“Cada avanço como esse se multiplica em benefícios para pacientes de todo o país e do mundo. Temos muito orgulho de fazer parte dessa trajetória e seguimos cuidando para que acontecimentos dessa relevância sigam sendo parte da história do HCFMUSP.”

O modelo estratégico da “Gestão Brilho nos Olhos” foi idealizada durante a Conferência em Busca do Futuro 2020. Base de todas as ações a serem realizadas na gestão, Integração, Humanização, Sustentabilidade, Internacionalização, Excelência no Ensino e Incorporação de Novas Tecnologias foram as diretrizes estabelecidas durante o encontro.

“Desde o seu início, nossa gestão se fundamenta na construção coletiva e busca valorizar o trabalho dos colaboradores, além de reforçar o papel histórico e social do HCFMUSP, que sempre acompanhou as mudanças na área da saúde com o principal objetivo de manter o padrão de excelência no atendimento aos pacientes” conta Pereira.

Parte da nova estratégia de gestão, a Plataforma de Inteligência Hospitalar (PIH) implementada pela instituição consiste em consolidar e disponibilizar informações em variados níveis de análise, possibilitando a construção de sistemas de apoio às decisões assistenciais e de gestão. “A automatização da captura, bem como a integração entre diversas fontes de dados e o acesso online por meio de diversos dispositivos, estão entre as suas principais características” explica o superintendente.

Além disso, a plataforma corporativa incorpora ainda o conceito de Self-BI, ou seja, a área de negócios participa diretamente da construção dos painéis, empoderando o usuário no uso e na análise das informações.

Também faz parte do novo modelo de gestão, desde 2018, uma nova diretoria de Compliance. Pereira afirma que a cartilha elaborada para o HC é uma ferramenta essencial para orientar os profissionais do HCFMUSP sobre as formas legais e éticas de relacionamento com entidades privadas. “O documento demonstra, com exemplos práticos, as ações permitidas e não permitidas, além da necessidade de ações adicionais, como declaração de conflitos de interesse para cada situação.”

Também em 2018, durante a epidemia de febre amarela, foi composto o Comitê de Crise. O novo comitê foi coordenado pela Diretoria Clínica e pela Superintendência do HCFMUSP, mas com o envolvimento de diversas equipes médicas e de áreas de apoio e administrativas. 

Resultado da cultura de engajamento entre os mais diversos setores, cada um dos oito Institutos que compõem o HC possui ao menos um selo de acreditação. Dentre eles ONA, Joint Commission International e Comission on Accreditation of Rehabilitation Facilities.

Para Pereira, os selos são reconhecimentos que uma unidade do SUS pode ter o mesmo nível de excelência dos principais centros privados nacionais e internacionais. “Enfrentamos importantes desafios dentro do sistema público. Garantimos que todos os processos fossem revistos, melhorados, adequados e aprovados. Garantimos, para isso, o engajamento de todos os colaboradores. E garantimos que os pacientes sintam os benefícios.”

Ensino e Pesquisa

Grande parte do DNA do HC, os setores de ensino e pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo também se aperfeiçoaram através dos anos. Para além do ensino, o setor de pesquisa, responsável por diversas e importantes descobertas, desempenha hoje com maestria o papel de agente de desenvolvimento de seus próprios colaboradores. Os Programas de Residência Médica da instituição estão entre os maiores destaques e reúnem 51 das 53 especialidades médicas reconhecidas no Brasil.

Em 1972, foi criado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas o Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde (PROAHSA). E em 2009, a Escola de Educação Permanente (EEP) passou a reunir, em um mesmo local, a excelência de ensino de cada instituto do Complexo HC. Para isso, anualmente são ofertados 34 cursos de especialização na área médica, multiprofissional e técnica.

“A EEP também possui um Centro de Formação e Aperfeiçoamento em Ciências da Saúde (CeFACS), que disponibiliza cursos profissionalizantes e de especialização em nível técnico” conta. Além disso, os LIMs, Laboratórios de Investigação Médica, incorporados ao HC em 1977, padronizam novas técnicas e métodos de diagnóstico, promovem a formação em pesquisa básica e aplicada e realizam cursos no campo da Medicina e da Saúde.

Novos horizontes

Para 2019, importantes obras devem ser finalizadas, como a do Hospital Auxiliar de Suzano, Anatomia Patológica, a nova UTI do Instituto Central e o Hospital de Cotoxó, que funciona como Hospital de Retaguarda e como Hospital de Álcool e Drogas. Mas os investimentos não param por aí. “Estamos determinados a transformar o HCFMUSP em um centro de inovação moderno, digital, que incentiva e ajuda a construir as melhores soluções para a medicina. Vamos unir experiência e juventude para atingir esse objetivo.”

Nestes 75 anos, o Hospital das Clínicas foi capaz de superar períodos de crise profunda e avançar nas mais diversas frentes. “Com o apoio da Faculdade de Medicina da USP, da Secretaria de Estado da Saúde, da Fundação Faculdade de Medicina e da Fundação Zerbini, foi possível atingir nossos objetivos, superar os desafios” explica Antônio. No total, as reformas estruturais e obras realizadas somam 150 mil metros quadrados.

“Passamos pela maior crise econômica da história do país, com queda de arrecadação em todas as áreas, e ainda assim obtivemos os recursos necessários para seguir atendendo a população com a qualidade que ela demanda e merece. E tudo isto acontece devido à enorme sinergia dos Conselheiros do Conselho Deliberativo, Diretoria Clínica e Superintendência. ”

 

Esta matéria e muito mais você encontra na edição 60 da revista Healthcare Management

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