Hora de responsabilidade

Dois mil e dezenove, não há dúvidas, é um ano desafiador. Ao mesmo tempo em que o novo governo e a renovação no Congresso Nacional nos trazem boas expectativas, sabemos que há grandes passos a serem dados, intrinsecamente ligados à nossa maneira de levar adiante as contas públicas e o desenvolvimento.

A despeito de mudanças realizadas nos últimos dois anos a fim de que o país retomasse o crescimento, as melhores projeções do mercado ainda são tímidas, e chegam a 2,5% de elevação do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano. Enquanto isso, o último índice de desemprego medido e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em janeiro deste ano, chega a 12,3% da população. A taxa média de desocupação caiu de 12,7% em 2017 para o atual patamar, o que representa 12,8 milhões de pessoas desocupadas, em média, no ano passado, 3% a menos do que em 2017. Neste cálculo, não estão as pessoas que desistiram de buscar uma vaga, os chamados desalentados, calculados em 4,7 milhões pelo IBGE. Se ampliarmos o período de análise, veremos que o número de desempregados no Brasil aumentou em 90,3% nos últimos quatro anos, passando de 6,7 milhões em 2014 para 12,8 milhões no ano passado.

O setor de saúde, pela sua característica de serviços e por ser dependente de mão de obra especializada, mostra dados positivos sobre emprego. A saúde registrou a abertura de 82.707 novas vagas nas atividades de hospitais, clínicas e laboratórios no Brasil no período de janeiro a dezembro de 2018. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, e constam do último Boletim Econômico da FEHOESP. Esse é um dado que mostra a pujança do nosso segmento e a importância dele na economia nacional.

Em âmbito geral, especialistas afirmam que o PIB precisa crescer mais que 3% para que um impacto, de fato, seja sentido na geração de emprego. Porém, estudo divulgado em janeiro deste ano pelo BTG Pactual estimou que o Brasil deverá diminuir sua taxa de desempregados para um dígito somente em 2021, isso se mantiver o ritmo de crescimento esperado.

Se por um lado o crescimento da economia é urgente para a retomada, por outro temos nas mãos uma bomba-relógio chamada Previdência Social, cujo rombo não para de crescer. Se colocarmos uma lupa sobre as contas públicas, veremos que o déficit do governo central, em 2018, somou R$ 120,3 bilhões, o equivalente a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Tesouro Nacional. A meta fiscal prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) permitia um rombo de até R$ 159 bilhões. O resultado, apesar de ser melhor do que a meta, não é motivo de comemoração, pois é o quinto ano consecutivo de déficit das contas governamentais.

A Previdência, por sua vez, registrou no ano passado saldo negativo de impressionantes R$ 195 bilhões, um crescimento de 3,2% em relação a 2017. Os números são evidentes e nos apontam para o caminho de mão única: precisamos aprovar a reforma da Previdência.

Rearranjar a economia e realizar mudanças na Previdência são duas tarefas complexas e suficientemente desafiadoras, que devem tomar o tempo precioso tanto do governo quanto do Congresso Nacional. A responsabilidade dos parlamentares é gigantesca em relação a isso, especialmente no que diz respeito à reforma. Sob esta perspectiva, que é real e mais dramática, todo o resto fica menor. A responsabilidade é de todos nós.

 

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