Objetivo é desenvolver lideranças e gestores capacitados para atuar com IA e outras tecnologias e acelerar a transformação digital na saúde
A preocupação pela busca de uma saúde de qualidade com sustentabilidade e a um custo razoável é um dos grandes desafios mundiais hoje por causa da pressão dos custos devido ao envelhecimento populacional, que se tornou o principal obstáculo que os profissionais de saúde têm que lidar atualmente. O ambiente em acelerada transformação exige também o aperfeiçoamento do profissional e gestor de saúde tanto no setor público quanto privado.
Diante desse quadro, a escola HCX do Hospital das Clínicas da FMUSP desenvolveu um programa de educação continuada para a formação de gestores que possam incorporar as novas tecnologias gerando uma transformação digital na saúde. Este é o principal objetivo do novo MBA de Gestão em Saúde, que tem início a partir do próximo mês de agosto, e visa capacitar profissionais que atuam ou desejam atuar em instituições de saúde para que possam implementar iniciativas inovadoras através de ferramentas e tecnologias aplicadas à gestão em saúde.
O professor Giovanni Guido Cerri, presidente dos conselhos dos Institutos de Radiologia (InRad) e do Inova HC e, também, um dos coordenadores do curso de MBA de Gestão em Saúde, explica que “apesar do grande número de médicos profissionais formados atualmente, há uma deficiência na formação de gestores da saúde. Daí a necessidade de se criar uma especialização para preparar os profissionais para a transformação digital que já estamos vivenciando”.
Para ele, há uma grande oportunidade na área da educação da saúde em função dos avanços da medicina com a introdução da inteligência artificial generativa e outras tecnologias que hoje são uma realidade e irão impactar positivamente a sustentabilidade e segurança do paciente.
Com foco na eficiência operacional, sustentabilidade e competitividade dos serviços de saúde e segurança do paciente o curso é estruturado em três ciclos, a partir da análise dos cenários de saúde até o entendimento de aspectos jurídicos na área. Entre os temas abordados estão liderança, gestão de pessoas, estratégias, metodologias ágeis, gestão de processos, crises e inovação.
Com mais de 500 horas de aulas ministradas por alguns dos maiores experts na área, o MBA de Gestão em Saúde é dirigido a gestores e líderes experientes que busquem inovar e transformar processos e práticas em organizações de saúde, além de gestores da área assistencial (ambulatórios, centro cirúrgico, diretor clínico, multiprofissional), de operações (financeiro, logística, facilities etc), profissionais do sistema de saúde pública ou privado, gestores de clínicas médicas e profissionais da indústria farmacêutica e de equipamentos.
Além do professor Giovanni Cerri, o superintendente do HC, o engenheiro Antonio José Pereira, também é coordenador do novo MBA de Gestão em Saúde, que faz parte do programa educacional HC Líder englobando os cursos de MBAs de gestão da inovação em saúde, gestão da engenharia clínica e gestão da saúde digital. “Todos os cursos se complementam porque envolvem a aplicação da inovação e as novas tecnologias que são fundamentais para a formação de gestores na saúde”, afirma Cerri. Ele explica que a iniciativa do HCX de promover o curso de MBA em gestão da saúde é muito oportuna por oferecer a chance das pessoas que atuam ou pretendem atuar na saúde se especializarem.
IA assegura eficiência
Cerri afirma que evidentemente a introdução de uma nova tecnologia transformadora como a inteligência artificial pode gerar resistência e ser encarada como ameaça. Quando se tentou regulamentar a teleconsulta, as entidades médicas reagiram porque acharam que a iniciativa ia acabar com o trabalho médico. Somente durante a pandemia se regulamentou a sua utilização, “que não acabou com o emprego, ao contrário, criou mais oportunidades para o médico atender à distância. Hoje, especialidades como a psiquiatria fazem grande parte do atendimento à distância sem nenhum prejuízo para o paciente ou para o médico”, acrescenta Cerri.
O mesmo ocorrerá com a IA que hoje já é uma realidade, presente em muitos processos da saúde contribuindo para o aumento da sua eficiência e melhoria dos procedimentos. Por exemplo, na radiologia, a inteligência artificial identifica áreas suspeitas que possam representar uma lesão, um câncer ou uma hemorragia intracraniana, o que faz com que com radiologista perca menos tempo fazendo a leitura do exame. A inteligência artificial também já é usada para resumir prontuários médicos ao invés do médico investir horas nesse trabalho, explica Cerri.