O Hospital Universitário da Universidade (HU-UFMA), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizou cirurgia inédita no Maranhão de um caso de fenda esternal que evoluiu para um pectus excavatum, deformidade do osso esterno.
A fenda é uma malformação congênita rara. Resulta da falta de fusão das bandas esternais (relacionadas a um osso chamado de esterno localizado no meio do tórax) fazendo com que o coração se desloque para a frente, devido à falta de proteção óssea.
A paciente, de 23 anos, universitária, nasceu sem a parede inferior, portanto sem o osso, apenas com a pele bem fina. Ela não operou quando criança, cresceu e seguiu com uma vida normal, entretanto, como a parede torácica anterior não é rígida, corre riscos. Em caso de choque frontal muito forte pode esmagar o coração ou em uma massagem cardíaca ter o órgão lesionado.
O pectus excavatum da paciente foi causado pela evolução dessa fenda. É uma deformidade caracterizada por uma depressão do osso esterno e das cartilagens costais. Essas últimas crescem um pouco mais e com isso fazem força sob o osso chamado esterno criando, então, uma cavidade na região do tórax.
O cirurgião torácico José Ribas Milanez de Campos, da Universidade Federal de São Paulo, participou do procedimento e explicou o porquê desse caso ser considerado raro. “A associação de dois defeitos ao mesmo tempo corresponde a menos de 1% destas deformidades, tornando-o bem raro, ainda mais por ela já estar na fase adulta”. Em quase 30 anos de experiência na área temos conhecimento de apenas de três casos que foram operados, é como se fosse um caso a cada dez anos”.
O procedimento
Foram realizadas duas técnicas durante a cirurgia. Uma para tentar reaproximar as barras do esterno, unindo o lado direito com o lado esquerdo. A outra, a colocação de uma barra de aço que eleva essa deformidade referente ao pectus excavatum, buscando a sua correção.
O cirurgião torácico que integra a equipe do HU-UFMA, Armando da Veiga, esclareceu sobre esse último método. “Fizemos por meio da técnica de Nuss, um procedimento minimamente invasivo. É colocado uma barra metálica curva, por meio da videotoracoscopia. Após sua introdução, é feita uma rotação de 180º para que a curvatura da barra e a da parede torácica anterior sejam coincidentes. Após três anos essa barra será retirada”. A paciente se recupera bem e deve ter alta na próxima sexta-feira, 18.
Milanez destaca a importância dessa troca de conhecimentos para todos os envolvidos. “A principal razão que me trouxe a São Luís é poder juntamente com a equipe local, tentarmos montar um polo de desenvolvimento para esse tipo de cirurgia nessa região do país. Espero que seja a primeira de uma série de muitas que eles irão fazer. Momentos como esse proporcionam uma troca de experiências de uma forma enriquecedora”, finaliza.
Fonte: Ebserh