A perda auditiva afeta desde crianças até idosos por inúmeros fatores. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que uma a cada quatro pessoas em todo o mundo terá este problema de saúde até o ano de 2050. Graças aos avanços na medicina, novas tecnologias têm ajudado cada vez mais a devolver a qualidade de vida para pessoas com perda de audição. Uma dessas tecnologias é o Implante Coclear, um tipo de dispositivo eletrônico para recuperação auditiva. Recentemente, dois pacientes realizaram o procedimento no Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo.
Conduzidas pelo médico otorrinolaringologista e integrante do Corpo Clínico, Fábio Pires Santos, as cirurgias foram feitas em uma mulher de 22 anos, com perda progressiva de audição, e em um homem de 71 anos, com perda total.
Conforme explica o especialista, a tecnologia é indicada para pacientes com perdas auditivas severas e profundas que não tiveram benefícios com aparelhos auditivos convencionais.
“Diferente dos aparelhos auditivos, que amplificam os sons, o implante coclear trabalha de uma maneira diferente, estimulando diretamente o nervo auditivo. Ele possui uma unidade externa, que fica fixada à cabeça através de um ímã, logo acima e atrás da orelha. Já a unidade interna é implantada cirurgicamente por uma pequena incisão atrás da orelha e contém um feixe de eletrodos que irão ‘abraçar’ o nervo auditivo”, detalha o Fábio.
O implante coclear amplia o volume dos sons e melhora a taxa de compreensão do paciente. “A parte externa possui um microfone que capta os sons e transforma em sinais elétricos, os quais serão encaminhados para a parte interna.
A unidade interna recebe o sinal e transmite para os eletrodos que estão dentro da cóclea, que é a parte responsável pela função auditiva. Estes sinais elétricos irão estimular o nervo e a via auditiva até o cérebro, onde serão interpretadas como sons”, complementa o médico.
O procedimento ocorre sob anestesia geral, com uma incisão de aproximadamente 4 cm atrás da orelha e duração de, em média, duas horas.
O paciente normalmente evolui sem dor ou desconforto e tem alta em 24 horas após o procedimento. Depois de um mês o aparelho é ativado e começam as sessões de treinamento com terapia fonoaudiológica.
Além do envelhecimento da população, a perda da audição pode estar relacionada a outras causas, como doenças genéticas e infecciosas, toxicidade de medicamentos e exposição ao ruído.
“O Implante Coclear revolucionou a história da reabilitação das perdas auditivas severas e profundas, anteriormente sem solução. É uma satisfação muito grande poder ajudar a devolver a qualidade de vida para pacientes que têm este problema”, conclui o especialista.
Os procedimentos realizados no HSVP contaram com o auxílio da médica otorrinolaringologista, Mariele Bressan, e com a presença do médico otorrinolaringologista de Florianópolis, André Maranhão, que veio para dividir experiências com a equipe do HSVP.
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