Residência médica: a importante tarefa de formar especialistas na saúde

Demografia Médico Brasileira aponta que o número de registros de médicos titulados no país em 2022 foi de 495.716, um aumento de 84% nos últimos dez anos

Residência médica: a importante tarefa de formar especialistas na saúde

A residência médica está em alta no Brasil. A modalidade de pós-graduação é o desejo de muitos médicos para dar continuidade aos estudos e se especializar em determinada área profissional. No país, o número de títulos de residência aumentou consideravelmente nos últimos anos. A edição da Demografia Médica Brasileira (DMB) 2023, lançada pela Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com Faculdade de Medicina da USP, divulgou que o número de registros de médicos titulados em 2022 no país foi de 495.716, 84% a mais em relação à 2012.

Para iniciar e concluir uma residência médica vários desafios são exigidos dos participantes, como passar por um difícil processo seletivo e vivenciar a rotina no hospital. Também é o momento de reafirmar a escolha profissional na prática, com a ajuda de supervisores, ou mudar a trajetória.

A Fundação São Franciso Xavier tem uma longa trajetória na oferta de programas de residência. Os programas de residência médica foram iniciados no Hospital Márcio Cunha, há mais de duas décadas. Hoje, são quase 100 residentes em 14 especialidades médicas. “O programa de residência dos hospitais da FSFX tem como objetivo fundamental o aperfeiçoamento progressivo do padrão profissional e científico do médico e a melhoria da assistência à comunidade, além de formar profissionais capacitados para atender nas mais diversas áreas da medicina”, explica Milton Henriques Guimarães Junior, coordenador de Ensino e Pesquisa da FSFX.

O médico de família da Usisaúde, operadora de planos de saúde da Fundação São Francisco Xavier (FSFX), Eike Lúcio Vieira Viana, que atua no Hospital Márcio Cunha (HMC) em Ipatinga – instituição de alta complexidade e referência para todo o leste de Minas Gerais – credita seu sucesso profissional à residência médica. “A residência agregou muito valor à minha vida, tanto para a satisfação profissional como pessoal. Ela me permitiu adquirir mais conhecimento e com certeza abriu portas”, conta.

Natural de Ipatinga, Eike se formou em 2016 na faculdade de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (MS). Nos últimos anos do curso, ele se interessou pela medicina de família e comunidade, uma especialidade que atende aos problemas mais comuns de saúde da população. “Eu me encantei com a possibilidade de ser um especialista nessa área de atuação, que tem como foco o atendimento humanizado a pacientes de todas as idades e a assistência integral”, lembra.

Em 2018, Eike voltou para sua terra natal e iniciou a residência médica no Hospital Márcio Cunha. “Eu nasci neste hospital, minha família tem grande relação com ele. É uma instituição que eu conheço bem e de grande credibilidade. Por isso, decidi fazer a residência médica no HMC. Foi um período de intenso aprendizado. Me identifiquei logo de cara com a área escolhida e tive a certeza de que era isso que queria. A experiência foi muito interessante, temos contato diário com especialistas, tanto da medicina de família como de outras áreas que são referências”, completa.

Quando terminou a residência, em março de 2020, Eike foi convidado a fazer parte da equipe de colaboradores do HMC e assumiu a função de preceptor de residência, ou seja, ele recebe outros residentes e os auxilia no dia a dia do hospital. “É uma responsabilidade muito grande. Estou formando outros médicos especialistas. É uma troca, a gente ensina e aprende o tempo todo”, ressalta.

Mudança de trajetória

A residência médica também é um importante período para confirmar o caminho a ser seguido. A pediatra Iara Gail Lopes tem uma história de autoconhecimento e dedicação com a residência médica. Formada pela Universidade do Vale do Aço (Univaço), a médica fez dois meses de ginecologia e obstetrícia no Hospital Márcio Cunha e depois resolveu mudar a trajetória. “Eu compreendi que a ginecologia não era a área que queria seguir. Sempre quis pediatria e, então, voltei a estudar novamente e consegui novamente uma vaga no Hospital Márcio Cunha”, conta.

Para ela, a mudança foi essencial para sua carreira. “Nem sempre a gente tem a certeza no início do curso. E a residência é essencial para confirmar nossas escolhas. Com a rotina do dia a dia, você consegue ter o entendimento da sua área. Mudar o caminho é prova de amadurecimento e autoconhecimento”, frisa.

A pediatra exalta o conhecimento adquirido na residência. “A residência médica capacita, auxilia, treina e refina o conhecimento. É o momento de tirar dúvidas, de aprender na prática, de abrir os horizontes. Ela é dinâmica, você aprende trabalhando, com a discussão de casos, com o apoio dos supervisores”, comenta. Assim como Eike, Iara também foi contratada depois da residência e hoje é preceptora de residentes.

Consultório espelhado

Uma ferramenta especial que vem sendo utilizada para garantir o bem-estar do paciente e contribuir para o aprendizado é o consultório espelhado. É um consultório que tem um vidro especial que dá visibilidade a quem está do lado de fora e é equipado por uma câmera e um microfone. O preceptor pode avaliar o atendimento do residente do outro lado do espelho sem interromper a consulta.

Pioneiro no Vale do Aço, o Hospital Márcio Cunha possui dois consultórios espelhados, um na área de enfermagem e outro na residência de medicina de família. Segundo o Dr. Eike Lúcio Vieira Viana, o consultório tem como objetivo auxiliar o atendimento do paciente e avaliar a conduta do residente. “O paciente sempre é informado que estamos monitorando, e o residente tem conhecimento que pode ser monitorado a qualquer hora, ele é avisado no início da residência. Do lado de fora, podemos monitorar a atuação do médico, como ele interage com o paciente e discutir esse atendimento”, explica.

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