Paciente que passou pelo primeiro procedimento minimamente invasivo após essa inserção se recupera bem
O Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), vinculado a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) conseguiu mais um marco na história do hospital. Realizou técnica cardiológica minimamente invasiva, o implante percutâneo de válvula aórtica (TAVI), após inclusão da técnica na Tabela de Procedimento, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Com isso, torna-se o primeiro hospital público do estado a realizá-lo dentro desse contexto e está entre os três hospitais da Rede Ebserh habilitados pela Portaria GM/MS Nº 3.414, DE 9 DE ABRIL DE 2024. Os demais são: Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) e do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HC-UFU).
O procedimento foi realizado em uma idosa de 83 anos, nesta segunda-feira (05), no Laboratório de Hemodinâmica conduzida pelos médicos cardiologistas intervencionistas, Nilton Santana e Mauro Fonseca. A paciente apresentava uma patologia chamada estenose aórtica que acomete predominantemente pessoas idosas e compromete de forma extrema a função do coração. Nilton Santana explica que os pacientes podem ter falta de ar, palpitações, dor precordial, desmaios e até mesmo morte súbita.
Segundo o especialista, o tratamento até alguns anos atrás era feito exclusivamente através da cirurgia cardíaca tradicional com abertura do tórax, no qual precisa parar o coração, passar a circulação para um aparelho (uma bomba) e abrir o coração para trocar a válvula defeituosa e fazer o implante da nova válvula diretamente. “A TAVI foi desenvolvida de forma que dispensa a cirurgia. É um procedimento feito através do cateterismo por acesso da região inguinal, que chamamos de acesso femoral, através apenas de uma incisão na virilha. Essa válvula é levada através da aorta e implantada no coração bem no ponto onde existe a outra válvula deficiente”, pontua.
É um procedimento que dura em média de 60 a 90 minutos, feito sob anestesia geral ou, em alguns casos, apenas sedação. Fica entre 24h e 72h no hospital e logo depois já recebe alta, com todas as funções mantidas. “Por ser minimamente invasivo, logo que termina o procedimento, o paciente já acorda. O tempo de recuperação é curtíssimo. Quando o paciente sai do hospital está praticamente 100% recuperado, podendo reassumir as suas funções dentro de oito dias após o procedimento. Ao contrário disso, a cirurgia tradicional demora cerca de dois meses para parar de doer a cicatriz”, reforça.
Entretanto, é preciso esclarecer quais os critérios para a escolha da técnica que será utilizada no tratamento da estenose aórtica. Nilton Santana reforça que a população alvo são idosos acima de 75 anos, pois apresentam maior risco cirúrgico, onde há possibilidade de complicações e sequelas com a cirurgia cardíaca tradicional. Além disso, há também o grupo onde a cirurgia já está contraindicada devido a outros problemas do paciente. “A técnica do TAVI permite que pessoas que antes não poderiam ser tratadas e eram apenas mantidas com medicamentos que não resolviam o problema, tenham a oportunidade de ter uma melhor qualidade de vida”, ressalta o médico.
O HU-UFMA já tinha realizado outros procedimentos de TAVI, mas foram casos com autorizações especiais por meio da Justiça. O diferencial agora é que a prótese utilizada no procedimento foi incluída na tabela do SUS pela Portaria mencionada no início da matéria.
Além dos benefícios para a sociedade, o ganho também é para a formação profissional. “Os estudantes e residentes do hospital terão a oportunidade de acompanhar esses pacientes, de assistirem o procedimento e participarem das discussões de indicação do tratamento. Deixa de ser apenas uma coisa que eles veem na teoria e passam a ter uma visão prática do procedimento, que é moderno, eficaz e muda a vida de muitos pacientes”, acrescenta.
A superintendente do HU-UFMA, Joyce Santos Lages, destaca o papel do hospital dentro do estado em que está inserido e parabeniza o envolvimento de todos por mais essa conquista. “Somos o maior hospital formador de recursos humanos do estado e temos um orgulho enorme de poder buscar cada vez mais novas formas de oportunizar a nossa população um tratamento digno, assim como, proporcionar aos nossos alunos a oportunidade de uma formação cada vez mais qualificada. É um grande avanço e estamos muito felizes pelo empenho de cada um que contribuiu para que esse desejo se tornasse realidade”, finaliza.