“Inovação e Tecnologia”, por Ricardo Brito, CMO da Biomecanica e Grupo Bioscience

Nos próximos anos, as empresas e profissionais do trade de saúde terão como desafio, além de aproximar a relação entre médicos e pacientes, entregar produtos e serviços melhores, com menor custo, desperdício, e consciência ambiental. Mas, qual o caminho para alcançar patamares ainda maiores em eficiência na área da saúde?

Sem dúvidas, a tecnologia – e a inovação de produtos e serviços possíveis através dela – será a grande aliada do futuro. Consequentemente, grandes investimentos serão necessários para garantir a integração de processos e otimização de recursos. Automação, inteligência artificial, big data e analytics, IOT (internet das coisas), impressão em 3D, exames de imagens em 8k, realidade aumentada, SAAS (software as a service), miniaturização dos chips, módulos recarregáveis menores e sem fios e medicamentos personalizados, são alguns dos temas em alta para os próximos anos.

Essa nova realidade garantirá maior segurança aos procedimentos, dado que os robôs estarão ainda mais presentes nas rotinas hospitalares. Sua evolução deve ir além da exatidão dos seus movimentos, avançando às situações limitadoras ao ser humano. Fazendo o uso da realidade aumentada, terá acesso às estruturas do corpo humano com uma enorme precisão, mesmo em campos muito pequenos, permitindo procedimentos atualmente impossíveis. A tecnologia diminuirá o tempo cirúrgico e de internação, agregando ainda mais bem-estar ao paciente e a todos os envolvidos, pois melhorará o desempenho e otimizará o uso da estrutura hospitalar.

A Inteligência artificial associada à robótica, deverá auxiliar no atendimento ao paciente, simulando as decisões humanas e direcionando as demandas dos pacientes para os canais corretos. Irá trabalhar também no gerenciamento do risco, no pós-atendimento e na realização de cirurgias. O atendimento através do uso da I.A., construído com a base de dados do sistema, ajudará no atendimento das complexidades clínicas de cada paciente, otimizando o sistema assistencial.

A conectividade entre médicos, hospitais e pacientes, poderá ser responsável por salvar diversas vidas, pois agiliza procedimentos e aplicação de medicamentos, em qualquer lugar do mundo. Recorrendo à IOT (internet das coisas), de wearables (dispositivos vestíveis), RFID (Radio Frequence identification), conectando ‘softwares’, chips e sensores; os diagnósticos em tempo real serão possíveis.

Sabedores de que estamos vivendo a Era onde a informação é o bem mais valioso para geração de resultados otimizados, todos os dados hospitalares e dos demais serviços envolvidos, serão coletados e integrados.

A começar pelo prontuário eletrônico que, além de armazenar todo o histórico do paciente ao longo de sua vida, permitirá compartilhar dados importantes com empresas, governos e outras entidades envolvidas. Além disso, os exames acompanharão o mesmo ritmo, usando softwares desenvolvidos para fornecer respostas mais rápidas e assertivas. Chamados de “point of care testing”, esses softwares ofertarão a capacidade de identificar pontos importantes para prevenção de doenças graves, gerar produtividade e personalização no gerenciamento de riscos assistenciais, ajudar as equipes médicas a tomarem as melhores decisões melhorando os resultados clínicos; e diminuir a sinistralidade e consequentemente os custos de saúde.

O futuro, através de plataformas, conectará hospitais, médicos, pesquisadores, universidades e laboratórios. Os dados de saúde serão lidos de forma integrada, unificada e personalizada e contribuirá, assim, para a governança clínica e principalmente, para o bem-estar do paciente.

Algumas ferramentas adicionais serão fundamentais em tópicos desafiadores: gerenciamento das informações, armazenamento e atendimento às leis de privacidade de dados. A combinação de tecnologias como SAAS (service as a service), Analitycs e Big Data, contribuirá para o uso seguro dos dados e geração de resultados confiáveis.

Os negócios e os faturamentos das empresas envolvidas no setor hospitalar também serão positivamente impactados pela tecnologia. O Business intelligence e o Data Science, ajudarão as empresas a utilizarem os dados coletados, transformando-os em informações que ajudem a aumentar as vendas e tornar a experiência do usuário e da rede de supply chain mais agradável. Vale dizer que essa técnica, atualmente utilizada em apps, é responsável pelo aumento de 35% das vendas. O US Bureau of Labor Statics, preconiza que haverá nesta década, uma demanda de 11,5 milhões de profissionais especializados no mundo.

Assim como os serviços, os produtos também usarão as tecnologias para aumentar sua eficiência. A indústria farmacêutica, por exemplo, está sofrendo um grande impacto das novas possibilidades propostas pela tecnologia de mapeamento dos genomas: a produção de medicamentos personalizados.

O crescente desenvolvimento da farmacogenômica auxiliará a medicina a tratar enfermidades com mais eficácia e reduzir os efeitos colaterais dos pacientes. A partir da elaboração do mapa genético de cada indivíduo, medicamentos poderão ser produzidos conforme o perfil de cada um, considerando como cada organismo reage às distintas medicações.

Ainda no campo da indústria médica, a evolução das máquinas de prototipagem 3D prometem revolucionar a produção. Além da fabricação de modelos para planejamento cirúrgico, nos próximos anos, a fabricação de próteses, implantes e órgãos com a utilização de células-tronco será realidade.

É impossível prever todos os ganhos gerados pela evolução da tecnologia aplicada à saúde. O fato é que haverá uma revolução da saúde, capaz de transformar tudo o que pensamos e conhecemos.

Com papéis diferentes, o Brasil e a Suíça integram o grupo de países importantes na busca dessa nova Era digital. Um dos maiores players de tele-saúde do mundo, a Suíça precisará promover a adoção sustentável da saúde digital nessa década. Devido a vários fatores de pressão em vigor, o foco no paciente, a confiança, a segurança e privacidade de dados são temas polêmicos a serem abordados. Apesar da diversidade e a da complexidade dos 26 cantões deste país alpino dificultar a interoperabilidade das intervenções, a cultura de inovação – motor propulsor da economia do setor médico – está focada na busca de ferramentas que auxiliem a tomada de decisões cada vez mais voltadas ao paciente.

O Brasil, apesar de contar com poucos investimentos em pesquisa e inovação tecnológica, será um dos grandes usuários mundiais. A abundância de pacientes do sistema de saúde, fará com que o Brasil se posicione como um importante agente de mudança e facilitador da testagem e otimização dos novos recursos e produtos desenvolvidos.

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